Flávia Mansur preparou uma decoração prática e com área livre no centro para o quarto do filho João
Para quem tem criança em casa, a decoração pode ser mais uma tarefa importante na hora de pensar na segurança dos pequenos. Deixar os espaços vazios, quase sem nenhum móvel, pode ser um exagero. Profissionais da área orientam que pequenas adaptações já serão capazes de deixar o ambiente mais propício para os filhos, sem abrir mão da beleza. A escolha do tipo do mobiliário e sua disposição na casa são aspectos primordiais a serem obervados, como informa a arquiteta Ana Rita Massahud, da Trínia Arquitetura. "É aconselhável que os ambientes mantenham uma boa área de circulação, sem deixar muitos móveis juntos. Também não é bom ter peças que tenham pouca estabilidade, ou que a criança possa empurrar. Outra coisa é evitar as quinas acentuadas, pontiagudas, as arestas vivas, como em móveis de vidro. Móveis de madeira e com pontas arrendondas são mais indicados", ressalta. Ana Rita também não recomenda mesas que tenham o tampo solto, e, no quarto, cadeiras fixas são mais seguras do que as de rodinha, para impedir que a criança suba e possa andar com ela. Tapetes anti-derrapantes são facilmente encontrados no mercado, e é bom não colocar móveis embaixo de janelas ou em locais que facilitem o acesso a elas, continua a arquiteta.
"Além disso, a altura das estantes, camas, mesinhas e prateleiras de armário devem corresponder à estatura dos meninos. As coisas em que eles mais mexem devem estar acessíveis, para evitar que queiram subir. É também importante que não tenham mecanismos que prendam ou cortem, como puxadores inadequados, por exemplo. Cubos para guardar brinquedos organizam o espaço e deixam o ambiente bonito e versátil. A segurança das crianças na decoração da casa é fundamental porque, segundo o Ministério da Saúde, a maior parte dos acidentes com elas ocorre em ambiente doméstico, com tapetes soltos, quinas, ou tropeços em brinquedos espalhados no chão. Com pequenas medidas, a criança pode ganhar até mais liberdade para circular pela casa, sem ter que ser acompanhada o tempo todo. É sempre bom buscar uma decoração adequada e ergonômica", completa Ana Rita.
Sócia de Ana Rita na Trínia, a arquiteta Flávia Mansur mudou a decoração do quarto de seu filho João, de seis anos, quando ele parou de usar o berço. Ela se preocupou em retirar uma cômoda alta e substituir por mesa e cadeira na altura do filho, e não quis manter o tapete. Flávia também não colocou nenhum móvel embaixo das janelas, e deixou uma área livre no centro do espaço. "Isso é importante para ele não tropeçar em brinquedos que possam entulhar o quarto. Também deixei as coisas que usa fáceis de pegar, já que muitos acidentes acontecem quando a criança quer o que não está vendo. A dica é não superproteger, mas tomá-la como referência na hora de projetar o quarto, e você vai ensinando o que é ou não perigoso, com mais liberdade", conta.
CONCEITO
Na Lider Interiores, as linhas de móveis também seguem o conceito de bem-estar dos consumidores. "Apesar de não termos uma linha específica de produtos infantis, muitos dos nossos modelos são facilmente adaptáveis para a montagem de qualquer ambiente seguro para as crianças", afirma o gerente de marketing da Lider, Tiago Nogueira. A empresa trabalha com peças mais baixas, que se adequam ao tamanho dos pequenos, que podem ser feitas sob medida, e também oferece uma linha de móveis incluindo buffets, mesas, hacks, minicômodas e criados-mudo desenhados com quinas arrendondadas, em alguns casos substituindo o vidro pela madeira. "Garantir a segurança das crianças é importante até para que elas tenham mais mobilidade", continua Tiago.
Na loja de decoração Dominox, a linha de móveis para crianças inclui tecidos tecnológicos, materiais que não riscam, madeiras que não soltam lascas, vidros temperados que não cortam, e sofás mais baixos, molengos, sem formação de degraus, com tratamento anti-alérgico, que podem ser usados com a colocação de muitas almofadas, como salienta a empresária Vivian Scarano. A matéria-prima, resistente, inclui plástico, polipropileno, acrílico e a laca (que substitui o vidro sem perder o brilho), para citar apenas alguns exemplos. "Além de beleza e praticidade, é bom estar atento aos formatos e materiais usados na fabricação dos móveis. A preferência deve ser pelas peças redondas, e existem muitas outras maneiras fáceis de adequar a decoração para ter mais segurança, sem esquecer da beleza. As crianças hoje não querem aquele espaço infantilizado, mas peças interativas, lúdicas, que estejam inseridas no contexto geral da casa", destaca Vivian.
As arquitetas Ana Maria Diniz e Zilda Santiago criaram um quarto infantil com grandes caixas para brinquedo, bancada e prateleiras em laca, cujo projeto foi executado pela Hermes Ebanesteria, que tomou o cuidado de eliminar bordas que poderiam causar qualquer tipo de acidente. A diretora administrativa e financeira da empresa referência em marcenaria de alto padrão, Adriana Costa, ressalta que os móveis são feitos com tintas de alta qualidade, atóxicas, e as madeiras são trabalhadas de forma que não soltam pedaços. "Também temos uma linha de bancos para quarto em versão baby, que são feitos sob encomenda, e peças arredondadas", continua Adriana, que não recomenda ainda móveis pesados, com rodízio.
A preocupação com a segurança dos pequenos também está presente nos projetos de construtoras para prédios residenciais. Na Lincoln Veloso, a atenção às normas é premissa na construção de espaços infantis. Em áreas abertas, de playground, os brinquedos não devem ter parafusos aparentes, de preferência serem feitos com tintas atóxicas (sempre observando a adequação à idade da criança), e o piso deve ser capaz de absorver impactos, como os de borracha, gramados, ou areia, explica a arquiteta coordenadora de projetos da empresa, Renata Guimarães. "Em espaços kids internos, a preocupação deve ser com uma boa ventilação e iluminação, além de procurar manter o ambiente sem muitos brinquedos entulhados, para favorecer a visibilidade, e a criança não ficar escondida para quem está vendo de fora". Dentro dos imóveis, a construtora observa ainda a altura das janelas, que não devem ser instaladas muito baixas, e procura não deixar obstáculos em locais perigosos, completa Renata.
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