Mudanças para o novo cliente

Como grande parte dos consumidores busca estar em sintonia com as tendências mundiais e nacionais, não importando a classe social, as empresas estão apostando no trabalho conjunto com designers em busca de soluções e tecnologias para novas linhas de produtos. Este é o caso do Grupo Mendes Guerra, que viu nesta solução a oportunidade de atender a um maior número de clientes, que têm todos os tipos de gosto, sem esquecer que eles têm poder aquisitivo distintos. "Hoje o consumidor está mais exigente e quer novidades. Ele quer um móvel que seja diferente, tenha conceito. Por isso, investimos em peças que tenham design, mas que também sejam comercialmente vendáveis", explica Rafael Mendes, diretor comercial da Sava.

O trabalho conjunto envolve, é claro, a qualidade no atendimento à classe média, que passe ao consumidor credibilidade, como enfatiza o superintendente do Shopping Minascasa, Alexandre Botelho. "Esse cliente tem uma demanda reprimida e quer ser atendido sem maiores percalços." Definido por ele como um público muito crítico e com alto poder de influência, caso insatisfeitos, esses consumidores facilmente podem divulgar sua opinião sobre a marca, principalmente por meio de redes sociais. "Assim, temos que priorizar que os vendedores das lojas estejam bem treinados, que tenhamos um ambiente de compras agradável e que os compromissos sejam cumpridos pelos lojistas", acrescenta.

O nível de exigência do consumidor é proporcional à busca pela qualidade de vida, principalmente nas grandes cidades. Por isso, os profissionais têm de estar preparados para atender com qualidade pessoas que estão cada vez mais querendo ficar dentro de casa. "Elas querem ter o prazer de curtir um espaço bem decorado e com estilo. E, como hoje têm mais acesso à informação, leem revistas de decoração e sabem diferenciar um produto bom e de qualidade", observa Rafael Mendes.

O atendimento diferenciado tem reflexos em toda a cadeia produtiva, movimentando a economia, como observa o superintendente do Minascasa. "O setor moveleiro tem grande fatia de mercado nas exportações. Com a queda do dólar, essas vendas sofrem retração. Portanto, o aumento de consumo desse segmento minimiza essa perda e gera um equilíbrio maior nas receitas", analisa.

MERCADO

Um exemplo do potencial econômico da decoração é verificado pela Sava Móveis, que atua no setor de estofados. Somente em 2010, a empresa registrou crescimento de 70% e espera fechar 2011 com um aumento de 100%. Para dar conta do trabalho, a Sava precisou ampliar sua estrutura e contratar mais funcionários.

Sócia-proprietária da Espaço Clean, Márcia Nogueira também registrou um aumento de vendas, especialmente de móveis para área externa e espaço gourmet. "Muitos prédios hoje ficam prontos com essa área. E o aumento maior foi mesmo da classe C, a que mais comprou em 2010. Mais até que a A e a B."

Mas, ao contrário de outros comerciantes do ramo, a empresária observa que esse público tem preferido comprar a vista. "Eles têm o dinheiro e querem pagar logo, para ficarem livres", diz. Esse movimento, aliando ao aumento nas vendas, fez com que os proprietários da Espaço Clean abrissem uma loja no Bairro São Gabriel. "A região tem crescido muito, há muitos prédios e muitas casas para serem mobiliadas", comemora Márcia Nogueira.