Vintage

Decoração vintage resgata o passado

Estilo traz de volta características usadas até a metade do século passado para criar ambientes charmosos. Especialistas ensinam a usar a técnica

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postado em 22/04/2012 13:29 Júnia Leticia /Estado de Minas

Para o decorador Alberto Radespiel, o estilo não se limita a peças antigas: Para o decorador Alberto Radespiel, o estilo não se limita a peças antigas: "Objeto dos anos 1980 e 1990 também pode ser considerado vintage. Dependerá de como foi concebido"

Reviver um pouco anos que marcaram época pode conferir um estilo especial nos ambientes da casa. Na decoração, o vintage, que recupera o que era adotado entre os anos 1920 e 1960, ainda está muito em voga e conquista adeptos. Uma prova disso é que marcas consagradas no mercado lançaram, recentemente, eletrodomésticos que têm esse apelo, como refrigeradores coloridos. Pode-se optar por fazer uma volta no tempo em todo o espaço, utilizando as peças com referência a tempos passados ou adicionar um ou outro elemento, mesclando o antigo com o novo. Independentemente da opção, o fato é que, atualmente, essas peças tornaram-se foco de beleza e não perderam seu valor com o passar do tempo.

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A arquiteta Flavia Zambelli explica que o vintage faz um resgate dos anos 1920 a 1960 e é uma combinação de estilos variados, que confere um toque nostálgico e romântico ao design dos ambientes. “Nesta época, era comum vermos na decoração o crochê e o patchwork. Tudo o que era feito à mão era valorizado. Não era preciso gastar muito para decorar a casa com esse estilo charmoso”, comenta. Para marcar a decoração vintage, Flávia conta que um mobiliário ou uma peça de decoração antiga em um ambiente moderno adicionam um sentido de grandeza a ele. “Remetem ao tempo em que os objetos eram cuidadosamente talhados e projetados para durar”, lembra.

Com um pouco de criatividade, mobílias com traços mais clássicos e texturas diferentes garantem acabamento ideal para os ambientes modernos - Eduardo Almeida/RA Studio Com um pouco de criatividade, mobílias com traços mais clássicos e texturas diferentes garantem acabamento ideal para os ambientes modernos
O decorador Alberto Radespiel explica que o vintage ficou marcado com a explosão de designs novos (mobiliários e objetos), que aconteceram com mais definição nas décadas entre 1920 e 1960. “Mas um objeto dos anos 1980, 1990 também pode ser considerado vintage. Dependerá de como foi concebido e conseguido. Ao usá-lo, remeterá a um passado, embora tão próximo.”

Com peças de design que marcaram época, o estilo vem alcançando o design de interiores com forte tendência, como observa a arquiteta Mariana Borges. “Afinal, todos nós temos ou conhecemos quem tenha móveis antigos, até mesmo herdados. Para decorar a casa no estilo vintage, há a opção de usar uma peça já existente, reformando-a ou apenas dando um toque com uma pintura diferenciada, ou garimpando em feiras ou lojas de antiguidades”, indica. Entre as peças marcantes desse tipo de decoração, a arquiteta aponta escrivaninhas e aparadores, devido ao design de linhas curvas, que caracterizam bem a época. “Molduras antigas em espelhos ou quadros também são boas referências.”

Para encontrar as peças, uma garimpagem em antiquários e feiras é uma boa pedida. Entretanto, esses não são os únicos locais, conforme a arquiteta Thaysa Godoy. “Atualmente, em várias lojas de móveis podem ser encontradas algumas peças com essa releitura antiga, com pintura laqueada colorida, por exemplo. No caso dos móveis realmente antigos, não necessariamente precisamos nos preocupar com os sinais de uso do tempo, pois esse uso pode ser realmente o que dá o charme à peça.”

DIVERSIDADE

Há muitas alternativas de mobiliários disponíveis no mercado. Poltronas, cadeiras, aparadores, escrivaninhas e mesas laterais são algumas delas, conforme Thaysa. “Uma cadeira de balanço, por exemplo, se pintada, pode ganhar uma cara nova. Até mesmo um eletrodoméstico, que pode ser um rádio ou as geladeiras retrô, que estão super em alta, dão charme ao espaço, deixando-o inusitado e criativo.” Enfim, é possível escolher móveis realmente antigos, originais, que mostram as marcas deixadas pelo tempo e toda a história por trás dela, como indica Thaysa. “Ou peças que recebem um visual mais moderno, ganhando vida nova e ainda preservando sua história e suas melhores características”, completa.

Peças cheias de história
Seja por saudosismo, seja por preferência estética, decorar a casa no estilo vintage pode ser uma grande diversão. Móveis e adornos herdados ajudam a dar identidade
Equilíbrio é fundamental para montar nichos agradáveis e sem exagero dentro de casa. Madeira e estofados podem ganhar novos acabamentos com textura e cores mais vivas para renovar os ambientes  - Eduardo Almeida/RA Studio Equilíbrio é fundamental para montar nichos agradáveis e sem exagero dentro de casa. Madeira e estofados podem ganhar novos acabamentos com textura e cores mais vivas para renovar os ambientes

Seja em feiras, lojas de antiguidades ou mesmo na cada da vovó, conferir à casa um estilo vintage significa voltar ao passado e fazer dela um local com muita história para contar. Para isso, não são usadas apenas poltronas, cadeiras, estantes, baús, quadros e móveis feitos a partir de peças industriais, como ferro. “Também podem se usados quadros ou placas com imagens ou grafismos que remetem às décadas de 1920 a 1980. Há ainda peças ou brinquedos antigos, que hoje se tornaram decoração, como forma de resgatar parte da história de cada pessoa”, explica a arquiteta Flávia Zambelli.

Para o decorador Alberto Radespiel, o garimpo das peças é uma grande diversão, independentemente de por onde se escolha adquiri-las. “Ao entrar em 90% das lojas especializadas, você perceberá em algum canto uma peça vintage, ou uma releitura, ou mesmo um detalhe. Uma cadeira contemporânea com pés palitos – que deixam a cadeira com ar de tempos idos – fica perfeita”, exemplifica. Mesmo com os estabelecimentos que comercializam móveis e adornos com referência retrô, Alberto acredita que, com olhar clínico, o interessado em decorar a casa descobrirá ar vintage em quase tudo.

Em meio a tantas opções, é preciso estabelecer critérios para que o ambiente tenha harmonia. O conselho do decorador é que algumas peças sejam usadas pontualmente. Segundo ele, assim fica mais divertido e agradável. “Gosto de misturas e não há uma regra a seguir. O senso de equilíbrio conta muito. Mas prefiro ainda acreditar que o equilíbrio está no que se gosta e com o qual se sinta bem.” Outro desafio se refere à escolha de cores nos ambientes que terão o vintage como inspiração. Para isso, Alberto classifica o estilo em duas vertentes, que são as que ele mais gosta: a clássica, em que são utilizados preto, verde, azul e amarelo; e a suave, com branco e tons pastéis. “Quanto às paredes, gosto muito do uso de papéis de parede. Consigo caracterizar mais o ambiente em se tratando de vintage.”

Para a arquiteta Mariana Borges, antes de escolher é preciso analisar o que fica harmônico com o restante do mobiliário existente. “De forma que a peça escolhida dê um toque especial à decoração, complementando-a, sem exageros. Decorar ambientes com reutilização de objetos é uma maneira bastante interessante de criar algo único e bem criativo.” Assim como os móveis, os objetos podem ser novos, com releitura antiga, vindos de antiquários ou herdados de família. “Um rádio ou um relógio com design antigo dão charme à decoração. Se tiver uma história de família, melhor ainda, pois dessa forma o torna autêntico e revela sua história e recordações. O que não pode faltar é a mistura de cores e estampas, formas mais arredondas em móveis e objetos.”

COMBINAÇÕES

"As molduras antigas de quadros, fotos ou espelhos também caracterizam esse tipo de decoração" - Thaysa Godoy, arquiteta
Para quem quer dar somente um toque vintage sem investir em mobiliário, outra alternativa é investir em almofadas ou papel de parede, que podem ser trocados facilmente, conforme a arquiteta Thaysa Godoy. “As molduras antigas de quadros, fotos ou espelhos também caracterizam esse tipo de decoração.” Na escolha do colorido, a arquiteta aposta nos tons fortes e em combinações. “A cor pode ser variada, mas, geralmente, está na gama dos rosas. Laranjas, roxos com toques de azul e verde também são bem-vindos. Mas a mistura dos tons e estampas, tecidos de texturas, como veludo e acabamento capitonado, criam esse ar vintage”, diz Thaysa.

De qualquer forma, o que não pode faltar nesse estilo de decoração são peças artesanais, mesmo que seja necessário recuperá-las. “Caixas estampadas, poltronas com pés entalhados, almofadas de crochê coloridas, porcelanas decoradas (sempre em tons pastéis) produzem efeitos lindos”, indica Flavia Zambelli.

Aproveitar o que já tem

Para tornar um ambiente vintage aconchegante, prático, funcional e, ao mesmo tempo, acessível financeiramente, uma alternativa é investir na reforma do mobiliário, conforme Alberto Radespiel. “Um sofá, ao ser revestido com um outro tecido, poderá muito bem ganhar nova cara, de outros tempos. Não velho, mas vintage, totalmente.” Mariana Borges sugere a mistura de estampas, cores e texturas em almofadas para transformar os ambientes com estilo economia. Esse recurso também pode ser aplicado às mantas, possibilitando aconchego. “São itens fáceis de mudar a qualquer hora, sem grandes investimentos. Uma boa solução é serem garimpadas em antiquários ou brechós. Misturadas a madeira rústica ou a parede de tijolinho aparente, trazem beleza e aconchego.”

Para não errar, Flávia Zambelli diz que o que dá certo na elaboração desse tipo de design é investir no uso de madeiras estilo pau-brasil, no aço e em móveis e luminárias clássicas da época. “Sempre equilibrando o volume de peças com o estilo do
"Decorar com reutilização de objetos é uma maneira interessante de criar algo único e bem criativo" - Mariana Borges, arquiteta
ambiente. Assim, conseguimos uma casa linda, funcional e, ao mesmo tempo, retrô e moderna.” É possível ter uma cozinha com equipamentos modernos e utensílios antigos coloridos em tons pastéis, como indica Flávia. “Objetos desgastados, peças antigas, em quartos e salas. Almofadas de crochê sempre dão um toque bem acolhedor e nostálgico. Tecidos em linho com estampa floral criam atmosferas românticas”, completa.

Por outro lado, há alguns segredinhos para evitar que o espaço fique poluído e não muito agradável. “Como forçar um estilo vintage num ambiente que não dispõe de características para a peça escolhida. É preciso equilibrar e identificar a adequada para o ambiente que está sendo trabalhado.”, diz a arquiteta. Para que tudo dê certo na hora de decorar, Alberto Radespiel diz que é preciso pesquisar com cuidado os tecidos, as madeiras e texturas a serem utilizados. “As cores são fundamentais também. Não aconselho que sejam usados móveis velhos, porque nem sempre eles são vintage”, explica.

MESCLAR

Thaysa Godoy diz que não tem muita regra. Segundo ela, justamente a mistura de elementos e cores pode resultar em um efeito harmonioso e retrô. “Logicamente que tudo deve ser analisado e experimentado, de forma que não fique exagerado ou em desequilíbrio. Colocar tudo igual, com o estilo muito definido e carregado, pode ficar exagerado”, explica. Para fazer com que tudo corra conforme o previsto, o ideal é poder contar com a ajuda de um profissional. Para quem quer investir na ideia, há especialistas que cobram a partir de R$ 900 pela elaboração de um projeto simples por ambiente. Mas cada caso deve ser avaliado individualmente.

DICAS ÚTEIS

O que é certo:

» Investir em madeiras, especialmente do estilo pau-brasil
» Usar o aço
» Utilizar móveis e luminárias clássicas
» Equilibrar cores (tons fortes e pastéis)
» Harmonizar equipamentos modernos com utensílios antigos
» Usar produtos artesanais, como almofadas de crochê
» Investir em tecidos de linho com estampa floral

O que é errado:

» Forçar o estilo em um ambiente que não dispõe de características para a peça escolhida
» Usar móveis velhos como se fossem retrô
» O exagero de peças e cores pode resultar em ambientes poluídos visualmente

Tags: decoração,

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