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Natal propicia um toque de fé na decoração da casa

Com a chegada do fim de anol, a procura por artigos de decoração com inspiração religiosa cresce nas lojas. Especialistas ensinam como mesclar beleza e devoção dentro do lar

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postado em 25/11/2012 09:45 / atualizado em 25/11/2012 10:23 Júnia Leticia /Estado de Minas
Eduardo de Almeida/RA studio


É impossível viajar por Minas Gerais e não se sentir tocado pela presença da religiosidade. Essa característica marcou definitivamente as artes no estado, conhecido internacionalmente pela influência da arte barroca nas igrejas. Somado a isso, a mistura de diversas etnias, completou o mosaico de crenças que frequentemente é levado para dentro dos lares, seja por seu simbolismo religioso, seja pelo artístico. No Natal, todas as cores dessa mistura ficam mais em evidência, e sabendo escolher, essa atmosfera pode durar o ano todo.

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Independentemente da crença escolhida, a utilização de artigos religiosos na decoração é uma ótima forma de dar vida ao ambiente, como diz a designer de interiores Fabiana Visacro. Segundo ela, o uso das peças que remetem à espiritualidade confere personalidade à casa. “Os espaços residenciais devem receber seus moradores de portas abertas e deixá-los mais que à vontade em seus lares. E a espiritualidade reflete muito o carinho e a atenção do morador para com seu espaço de vida cotidiana”, observa.

A designer de interiores Ana Karina Chaves diz que, além de personalidade, os artigos religiosos dão beleza, sensação de paz e bons fluidos para o lar. “Além disso, com relação à casa mineira, eles conservam a tradição e remetem a um passado regional rico. O estilo barroco e o artesanato popular são os mais utilizados”, conta.

Eduardo de Almeida/RA studio


A simbologia relacionada à devoção e à esperança de proteção é aspecto destacado pela decoradora Rosa Leite quando se trata da função dos artigos religiosos em casa. “São imagens e objetos que simbolizam a crença religiosa. Para o colecionador, têm também importância histórica e turística. Para quem usa, é uma forma de proteção, e exposição da fé e agrega valores na decoração.”

Entre os diversos objetos que podem fazer parte desse tipo de decoração, a designer de interiores Laura Santos cita os quadros que, segundo ela, falam por si só. “São ótimas formas de expressarmos nossa espiritualidade em um ambiente. Eles decoram e passam uma mensagem. Dizem muito sobre o estilo do morador e dão ao ambiente um charme próprio de cada um. É a personalidade do morador vista por meio da ‘janela’ de um pintor”, considera.

Independentemente da crença, peças sacras e imagens relacionadas às festas de fim de 
ano são presenças constantes nas residências - Eduardo de Almeida/RA studio Independentemente da crença, peças sacras e imagens relacionadas às festas de fim de ano são presenças constantes nas residências


Para ela, outra ótima maneira de utilizar um artigo religioso na decoração são os adornos. “Eles são elementos que pontuam o ambiente, dando significados, charme e muita personalidade. Usados com uma boa dose de equilíbrio, fazem toda diferença em um projeto de decoração”, diz Laura. O uso adequado das cores é destacado por Fabiana Visacro, que atribui a elas a função de trazer ao ambiente as sensações e a vibração dos moradores. “Nada mais espirituoso que uma boa quantidade de cor para trazer ao local a energia necessária, recarregar as baterias e levantar o astral.”

VARIEDADE

Atenta às mais diversas manifestações religiosas, a designer de interiores Klazina Norden enumera uma série de peças que podem ser utilizadas nesse tipo de decoração. “Oratórios, relicários, estandartes, imagens de santos, crucifixos, Budas, Shivas, olho grego, mãe de Fátima, divino, entre outros”, aponta.

Para quem coleciona ou usa esses artigos como forma de devoção, pode atribuir a eles um valor sentimental. Daí a importância de seu emprego nos ambientes. “São peças de família. Mas, para outros, têm valor comercial, pois são também uma forma de investimento, no caso das artes sacras”, acrescenta Klazina. A tradição familiar é um aspecto destacado por Fabiana Visacro, que reconhece os significados que são passados de geração para geração. “O lar é visto em praticamente todas as religiões como um local sagrado e, portanto, a utilização de artigos religiosos vem no intuito de abençoar o espaço e quem nele mora, purificando e dando sensação de paz ao local”, analisa.

Uso de enfeites de Natal precisa seguir o estilo do imóvel para que não haja desarmonia na decoração - Eduardo de Almeida/RA studio Uso de enfeites de Natal precisa seguir o estilo do imóvel para que não haja desarmonia na decoração


SEM DATA PARA ACABAR
Apesar de essa decoração ganhar força entre novembro e dezembro, é possível enfeitar a casa com símbolos de fé o ano inteiro. Basta usá-los com harmonia


Independentemente do uso que se faça dos artigos religiosos, o fato é que há pessoas que não abrem mão deles, não só no Natal, mas durante todo o ano. Isso ocorre devido à grande bagagem espiritual que eles carregam. Mas para que as peças sejam dispostas de forma harmônica no ambiente, é necessário organização. Planejar o local de exposição, utilizando o bom senso, é fundamental. A orientação de um profissional da área facilita o trabalho.

Para conciliar um ambiente com itens religiosos, deve-se prestar atenção nas cores e no mobiliário, tomando o cuidado para não carregar demais o local nem misturar muitos estilos, como explica a designer de interiores Laura Santos. “O ideal é buscar a espiritualidade e seguir uma linha, sem excessos. Afinal, o que importa mesmo é o que será internalizado a partir do ambiente, as sensações que ele vai trazer.”

A dica da decoradora Rosa Leite para evitar que eles poluam o espaço é reuni-los. E para conjugá-los com outros itens da decoração e entre si – principalmente no caso de pessoas que gostam de vários deles –, o ideal é usá-los em conjunto com vasos, flores, velas e incensos.

Planejamento do local ajuda a valorizar as obras, dando destaque a peças de arte ou recordações de viagens dos moradores - Eduardo de Almeida/RA studio Planejamento do local ajuda a valorizar as obras, dando destaque a peças de arte ou recordações de viagens dos moradores


Além de vasos com flores, a designer de interiores Klazina Norden diz que os itens religiosos compõem bem com castiçais, porta-retratos e livros de capa dura. Ela aposta até mesmo no sincretismo na hora de idealizar o local para ficar as peças. “Podem-se misturar artigos de religiões diferentes, como santos católicos, budas, imagens do hinduísmo, olho grego, entre outros. Como sempre, o bom senso deve prevalecer para que não haja poluição visual”, alerta.

Quanto ao local para acomodá-los, Klazina sugere prateleiras, oratórios, nichos, aparadores e mesinhas. Mas não há uma regra, conforme a designer de interiores Fabiana Visacro. “Não existem locais específicos para colocar os artigos religiosos. Vai depender da função deles”, explica. Algumas dessas peças servem também para adornar o ambiente, o que pode fazer com que fiquem em lugares de destaque. “Em alguns casos, as pessoas preferem criar pequenos oratórios e templos em casa, mais discretos e aconchegantes, para meditar e orar longe da área social e movimentada da casa”.

Mas para quem não faz a mínima ideia de onde colocar aquela linda imagem emoldurada de um santo, por exemplo, a designer de interiores Laura Santos conta que os quadros ficam ótimos na sala. “Em móveis junto dos porta-retratos, os artigos religiosos também são muito usados, dando um efeito de aconchego e um ar mais pessoal e intimista ao local.”

ESPAÇO IDEAL

Rosa Leite sugere colocar as peças em mesinhas de canto ou em halls e portas de entrada, desde que seja em uma área que não comprometa a circulação das pessoas. Com relação aos cômodos, a decoradora diz que, em geral, a sala de estar e o quarto do casal são os preferidos pelos moradores. “Para quem tem o hábito de meditar, escolha o seu cantinho favorito da casa.”

A designer de interiores Klazina Norden diz que mistura de artigos de religiões diferentes 
exige bom senso - Eduardo de Almeida/RA studio A designer de interiores Klazina Norden diz que mistura de artigos de religiões diferentes exige bom senso


Para não errar na hora da composição, é preciso organizar as pequenas peças, principalmente para quem gosta de colecionar imagens. “Esses bibelôs têm vários tamanhos e sempre vêm acompanhados de um valor afetivo. Eles devem ser colocados em nichos, cristaleiras ou agrupados em um local específico da casa, de preferência fechados, livres de poeira. Esses mimos finalizam a decoração como uma marca registrada, refletindo a personalidade do cliente”, opina Rosa.

Fabiana Visacro completa dizendo que, se a ideia é utilizar muitas peças juntas, é preciso procurar não pesar nas cores do restante do ambiente. “Deixe os objetos se destacarem mais e o restante do ambiente ficar mais neutro e limpo, assim a sensação de paz será maior e o efeito positivo trazido pelos objetos será mais eficaz.”

A CLAREZA DA ILUMINAÇÃO

Já no Gênesis, no Antigo Testamento, quando Deus criou os céus e a Terra pôde-se perceber a importância da iluminação. Mais tarde, associada ao predomínio da razão, da ciência e do respeito à humanidade no movimento iluminista, a associação do recurso foi ampliada, denotando clareza intelectual. Independentemente da inspiração, é indiscutível a representatividade e importância da luz. Em ambientes religiosos, essa simbologia não é diferente. Mesmo em casa, é possível fazer ambientes que transmitam a iluminação espiritual e favoreçam a reflexão. No caso de espaços que contam com imagens, a sugestão de Laura Santos é que ela deve ser mais focada. “Para valorizar e evidenciar o destaque dado ao objeto. Deve ter o papel de distinguir a importância maior que aquela peça tem sobre as outras. Para isso usamos as lâmpadas dicroicas, Par 20, AR 70 e as superleds.”

Eduardo de Almeida/RA studio


Ana Karina Chaves também indica as halógenas, como as dicroicas ou AR, para criação de efeitos de destaque. Mas cada caso deve ser observado para atender as necessidades do solicitante. “Um bom projeto luminotécnico valoriza muito as peças”, considera a designer. No caso de destacar as imagens, a decoradora Rosa Leite diz que o ideal é a iluminação pontual. “Pois proporciona um jogo de luz e sombra, criando um centro de interesse no artigo decorativo em destaque. Com relação à cor, a luz azul proporciona aconchego para os momentos de meditação”, sugere.

detalhes Para se fazer o projeto, que envolve o uso adequado da iluminação, disposição das peças e demais objetos que compõem o ambiente, o principal é respeitar o perfil do cliente, como indica Rosa. “Sem imposições, explorando o espaço de forma econômica e sustentável”, completa. Antes de iniciar o trabalho, o mais importante, conforme Fabiana Visacro, é saber a religião do cliente, estudá-la e conhecer todas as suas peculiaridades. E se houve interesse em colocar peças referentes a mais de uma crença, nunca se deve misturá-las em um mesmo ambiente, com indica a designer. A profissional também aposta na neutralidade, para que seja respeitada a crença de cada um, valorizando sempre a espiritualidade e a fé e não a religião em si. “Um ambiente mais neutro, que valorize a espiritualidade, sem afastar os prováveis convidados dos moradores, que nem sempre são de mesma religião, é o ideal”, justifica Fabiana.

Para a designer de interiores, a mistura de crenças e religiões pode remeter a uma certa indecisão. Fabiana também acredita que esse fator contribua para criar ambientes pesados, sem harmonia. “Deixa a ideia de paz adormecida. Para não errar, o ideal é tentar ser sutil e neutro, para não assustar as visitas quando elas forem ao imóvel. Nada mais deselegante que encher um local de itens sem sentido real e profundo para o morador. Opte por mostrar e destacar aquilo que você realmente acredita e valoriza”, aconselha.

Para a designer de interiores Ana Karin Chaves, projeto de iluminação é fundamental para dar destaque às peças - Eduardo de Almeida/RA studio Para a designer de interiores Ana Karin Chaves, projeto de iluminação é fundamental para dar destaque às peças



PALAVRA DE ESPECIALISTA - Objetos de devoção

“Há pelo menos duas formas de se abordarem os artigos religiosos na decoração. Alguns itens são objetos de devoção e, nesse caso, devem ser inseridos de acordo com a prática religiosa a que servem, conformando um espaço para profissão de fé. No entanto, boa parte dos itens religiosos colecionados o são na qualidade de peças de arte e a inserção desses objetos na decoração obedece, especialmente, a princípios estéticos. Nas antigas fazendas mineiras, os pequenos altares e oratórios eram parte do programa, em alguns casos, transformados em capelas. Há itens de toda sorte de origem e de diversas religiões inseridos na decoração, às vezes para dar um toque pitoresco, como no caso de peças do artesanato popular, como flâmulas e oratórios. O excesso deles é sempre difícil de lidar para quem coleciona e não abre mão das peças, seja por valor mercadológico, seja por valor sentimental. Por isso, o indicado é agrupar os objetos menores ou criar um suporte externo, que uniformize os formatos, de maneira que cada peça possa ser exposta na sua individualidade, mas que todas juntas passem a constituir um conjunto harmônico. Excesso de informação visual pode criar ambientes ‘nervosos’. Onde colocar esses conjuntos depende do projeto como um todo. Peças de arte não são, em geral, expostas em ambientes íntimos, mas, sim, nos sociais. Cantos para oração, por sua vez, são colocados nos lugares mais afastados da balbúrdia social e em áreas privativas, que podem ser quartos ou varandas externas.” - Renata Lobato  - arquiteta
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