Um cantinho para estudar

Design contribui para criar boas salas de estudo para crianças e adolescentes

Para elas ou para eles, espaços dedicados à leitura e aos trabalhos escolares podem e devem combinar com a decoração. Planejamento é um estímulo extra ao aprendizado

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postado em 06/01/2013 09:00 Júnia Leticia /Estado de Minas
Eduardo de Almeida/RA studio

Que o projeto de decoração de interiores transforma qualquer ambiente, deixando-o mais belo, criativo e aconchegante, todo mundo sabe. A novidade está na sua utilização como aliado das crianças e adolescentes na hora de estudar. A alternativa pode evitar a dispersão e tem relação diretamente proporcional com a otimização do tempo, mesmo quando eles ainda são bem pequeninos.

Segundo a designer de interiores Fabiana Visacro, a decoração pode definir caminhos a serem seguidos e a conduta escolar de cada um. “Na medida em que oferece recursos para desenvolver processos de autonomia da criança, de atenção e assimilação. Enfim, o processo de aprendizado em todos os âmbitos”, defende.

Para que o recurso possa favorecer e estimular o estudo de uma criança ou de um adolescente, é necessário o desenvolvimento de um projeto de acordo com as necessidades específicas, como informa a arquiteta Eduarda Corrêa. “O projeto adequado garante a escolha certa do leiaute, além do uso de materiais mais adequados, como tintas, revestimentos e, principalmente, de uma iluminação mais eficiente. Um bom projeto pode ser fundamental para que a criança se sinta estimulada ao aprendizado e faça com que ele se torne um hábito.”

Eduardo de Almeida/RA studio


Professora do curso de design de interiores da Fumec, Patrícia Ribeiro Campos de Abreu diz que também defende um ambiente bem planejado, com espaço para brinquedos e materiais escolares. “Um lugar apropriado para estudo, pensado ergonomicamente e com boa iluminação e ventilação natural, com certeza favorece na criação do hábito de estudo, no senso de organização e na assimilação dos conhecimentos.”

Entre as soluções oferecidas pelo mercado para favorecer essa decoração, Patrícia Abreu cita mesas com espaço para todos os equipamentos e cadeiras com regulagem de altura, principalmente para os pequenos. “Cores claras e revestimentos laváveis que facilitem a limpeza também são bem-vindos”, sugere.

As designers Fabiana e Laura apostam em cores e formas de interesse das crianças e adolescentes - Eduardo de Almeida/RA studio As designers Fabiana e Laura apostam em cores e formas de interesse das crianças e adolescentes


Conforme Eduarda Corrêa, o mais aconselhável é prever no projeto um local adequado para estudo. “Com uma bancada ou mesa para ler ou fazer as tarefas. Também é aconselhável reservar locais para guardar livros e materiais escolares de forma simples, porém organizada”, acrescenta a arquiteta.

Para o estímulo à leitura, a profissional destaca que é importante que se pense nos locais para guardar livros de modo que eles sejam visíveis e tenham fácil acesso. “O uso de materiais com cores e texturas diferenciadas também pode ser responsável por tornar o ambiente de estudo mais agradável e menos monótono, tornan do o estudo um hábito saudável e prazeroso, e não algo obrigatório”, completa Eduarda.

TAMANHO IDEAL

Para que essas soluções funcionem, a arquiteta ressalta que é necessário que o mobiliário esteja com dimensões adequadas ao tamanho da criança e que sejam posicionados no quarto ou no ambiente de estudo de forma apropriada. “Os livros devem estar bem visíveis e ter fácil acesso para que a leitura se torne um hábito”, indica Eduarda.

A arquiteta Eduarda Corrêa diz que o primeiro passo 
é contratar um bom profissional para montar o projeto - Eduardo de Almeida/RA studio A arquiteta Eduarda Corrêa diz que o primeiro passo é contratar um bom profissional para montar o projeto


Na hora de escolher as soluções, Patrícia Abreu aconselha o uso daquelas que possam ser aproveitadas no decorrer do crescimento da criança até a adolescência. “Acredito que um bom projeto é aquele que pode ser usado em várias fases. Por isso a importância de mobiliário flexível, que com o tempo possa receber novos equipamentos.”

Como os níveis de interesse e atenção diferem bastante de acordo com a faixa etária, Fabiana Visacro afirma que, antes da elaboração do projeto, é essencial buscar os desejos de cada um. “Deve-se levar em conta o momento de vida e seus pontos de interesse para que o projeto contemple o aprendizado de uma forma lúdica. Este aprendizado deve ser representado por elementos e pessoas de significância presentes no mundo de cada um. Isso facilita a compreensão e assimilação do processo.”

Eduardo de Almeida/RA studio


PLANEJADOS PARA CRESCER
Fazer as opções adequadas de móveis garante maior vida útil ao quarto à medida que a criança se torna adolescente. Áreas podem ser sempre atualizadas


Para que o projeto seja bem-sucedido, há alguns itens que são vedados para evitar a dispersão. A arquiteta Eduarda Corrêa aponta como recomendável ter um local destinado para brincadeiras e outro para os estudos. “Mesmo no próprio quarto, o espaço pode ser segmentado para ambos os objetivos. É bom evitar a internet sem o devido controle, TV, som, videogames, jogos, brinquedos e outros objetos que podem distrair a criança ou o adolescente e desviar o foco dos estudos.”

O que dá certo na elaboração de um projeto como este é a escolha de um ambiente claro e arejado, com uma iluminação adequada, seja ela natural ou artificial, conforme a arquiteta. “Também é fundamental o uso de móveis e objetos que respeitem os princípios de ergonomia, com dimensões adequadas ao tamanho da criança ou adolescente. Podem-se utilizar cores e texturas diferenciadas, nas paredes e nos móveis, de modo que tornem o ambiente mais agradável e menos monótono”, sugere Eduarda.

Mas isso não significa o uso de tonalidades muito fortes e excesso de informação, como desenhos ou carregar no uso de papéis nas paredes, como adverte a professora do curso de design de interiores da Fumec Patrícia Abreu. Tomado esse cuidado, o usuário do quarto deve ser sempre consultado. “Pode parecer estranho, mas o envolvimento faz com que a criança ou o adolescente tenha a sensação de propriedade daquele espaço, tornando mais natural seu uso.”

Eduardo de Almeida/RA studio


A designer de ambientes Laura Santos diz que é necessário basear o projeto em cores, formas e pontos de interesse da criança e do adolescente. Além disso, tudo deve estar à mão para favorecer a sua autonomia e autoestima. “Eles precisam se sentir capazes, principalmente no seu mundo. Para garantir o sucesso do projeto, deve-se respeitar cada área e suas funções com delimitadores de espaço: tapetes, desenhos diferenciados no gesso, variação da gama de cores e combinações.”

Como exemplo desse tipo de projeto, Laura cita a criação do quarto de Gabriela, de 4 anos. No trabalho, desenvolvido em parceria com a também designer de ambientes Fabiana Visacro, a busca foi por trazer toda a simbologia do universo lúdico, representado por fadas, borboletas, bonecas e outros. “De forma a estimular a aprendizagem, pois acreditamos que essa deve ocorrer dentro e fora da escola”, conta.

PLANEJAMENTO

Tudo foi pensado para que houvesse uma integração, porém sem dispersar a atenção da menina de acordo com a atividade em desenvolvimento. Assim, foi reservado espaço para exposição de seus livros, além de brincadeiras com amigas e com a família. “Assim, os momentos de criação, assimilação e comunicação da criança são incentivados”, explica Fabiana.

Como os pais queriam um ambiente duradouro, que resistisse à fase da pré-escola, motivasse o desenvolvimento da filha e aguçasse sua curiosidade, Laura e Fabiana lançaram mão dos recursos da marcenaria inteligente. “Essa ferramenta possibilitou a setorização do espaço, subdividindo-o em um local para o descanso e outro para as brincadeiras, além de área reservada para guardar os brinquedos. Assim, desde cedo, pode ser ensinado à pequena Gabriela a importância da organização.”

Eduardo de Almeida/RA studio


PALAVRA DE ESPECIALISTA:  Estímulo às brincadeiras, por Isabella Magalhães - arquiteta

“A decoração de um quarto para crianças auxilia no desenvolvimento intelectual e lúdico. Por meio da setorização de espaços é possível estimular as brincadeiras e os estudos. Para fazer isso, inicialmente, deve-se preocupar com a ergonomia em geral. A proporção dos móveis adequados ao tamanho da criança proporciona melhor bem-estar e bancadas amplas reguláveis auxiliam no estudo, tanto na escrita quanto no uso do computador. O ideal é obter poucos móveis, para haver espaço para as crianças brincarem. Investir em uma bicama para receber os amiguinhos é uma ótima ideia. Para fazer esse tipo de projeto sem gastar muito, o ideal é comprar móveis versáteis – como as bancadas reguláveis e modulares –, que acompanhem o crescimento da criança até a adolescência. Quanto à disposição de objetos, organizar os livros em separado dos brinquedos facilita o estímulo das crianças e as prateleiras e nichos são ideais para abrigá-los. Mas para grande quantidade de brinquedos, o ideal são baús ou caixas para auxiliar na hora de guardar e ocultar a bagunça. Em relação às cores, o ideal é não utilizar tons pesados nas paredes.”

COM A AJUDA DE PROFISSIONAIS

Para que tudo dê certo, ou seja, alcance o resultado esperado – o estímulo ao estudo –, a arquiteta Eduarda Corrêa diz que o primeiro passo é contratar um bom profissional, que vai elaborar o projeto de acordo com a necessidade da criança ou do adolescente. “Esse profissional também vai auxiliar na escolha das cores das paredes, dos móveis e objetos e, principalmente, da iluminação. A existência de um profissional orientando o cliente quanto a essas questões garante que não haja gastos em produtos inadequados”, conta.

Eduardo de Almeida/RA studio


Segundo Patrícia Abreu, mais importante que fazer um projeto sem gastar muito é investir em um trabalho que possa ser usado por um período grande de tempo. “Sempre existe mais de uma opção de materiais para o mesmo resultado estético e esta variação faz com que um projeto possa ser mais econômico que o outro, embora sem perder qualidade de uso do espaço.”

Em relação ao custo do projeto com todos os itens necessários para favorecer o estudo, Patrícia diz que vários fatores devem ser levados em consideração. “Como o tamanho do espaço, tipo do detalhamento e materiais escolhidos. Por isso a ajuda profissional é tão importante. Após o primeiro contato com o cliente e de posse de suas necessidades, ele poderá fazer a estimativa de custo de todo o projeto.”

Para chegar a um valor, deve-se levar em conta, por exemplo, se o piso deverá ser trocado ou reaproveitado e se as paredes necessitam de uma nova pintura ou de algum outro tipo de revestimento. “O teto deverá ser rebaixado para melhor distribuição da iluminação ou já existem pontos suficientes? Serão necessários novos pontos elétricos para equipamentos (computadores, rede, etc.)? A marcenaria fixa receberá projeto específico ou o mobiliário será comprado pronto em lojas especializadas?”, cita Patrícia.

Projeto precisa ter área para se desenvolver conforme o crescimento das crianças. Móveis que podem ser usados mais tarde pelos filhos adolescentes ajudam a economizar dinheiro e evitam intervenções desnecessárias - Eduardo de Almeida/RA studio Projeto precisa ter área para se desenvolver conforme o crescimento das crianças. Móveis que podem ser usados mais tarde pelos filhos adolescentes ajudam a economizar dinheiro e evitam intervenções desnecessárias


PERSONALIZADO
  Fabiana Visacro ressalta que o mercado oferece móveis, acessórios e itens de decoração de várias formas, medidas, cores e motivos, o que pode confundir quem vai decorar o quarto. “O que define a eficácia de um projeto e a satisfação do cliente é a personalização de cada elemento, seja na marcenaria, por meio de suas medidas exatas, seja na escolha do tema do quarto e das cores preferidas.”

Por isso, o valor para um projeto e a execução de uma obra desse tipo é algo variável, como destaca Eduarda Corrêa. “Depende do tamanho do quarto, da idade da criança ou adolescente, do número de móveis e objetos a serem utilizados. Entretanto, atualmente, temos muitas opções de projetos e de materiais que atendem todos os tipos de gostos e bolsos”, acrescenta a arquiteta.
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