Seja para fazer refeições rápidas ou para receber amigos numa confraternização, espaço tem destaque garantido dentro das decorações atuais. Móveis e eletrodomésticos de luxo são essenciais
Práticas e modernas, as cozinhas americanas caíram no gosto das famílias brasileiras. Ainda mais nas casas mineiras, em que a prosa ao redor do fogão é tradicional. Isso porque a grande vantagem delas é permitir a interação entre quem está cozinhando e seus convidados. Mas para possibilitar esses momentos são necessários alguns cuidados que garantem mais conforto.
A arquiteta Marina Dubal explica que as cozinhas americanas caracterizam-se pela integração parcial ou total do ambiente à sala de estar e/ou jantar. “Esse tipo vem sendo cada vez mais explorado em apartamentos e casas contemporâneas, onde a integração é um fator positivo, pois agrega sensação de amplitude e melhora iluminação e ventilação dos ambientes”, conta.
A facilidade de comunicação nesses ambientes conjugados é destacada pela professora do curso de design de interiores da Universidade Fumec Rosângela Brandão Mesquita. “Em cozinhas americanas, a separação entre a cozinha e a sala é sempre a bancada, que acaba sendo usada como mesa de refeições, com seus respectivos assentos.” Geralmente, esse tipo de ambiente é o preferido por casais modernos, pessoas que têm imóveis pequenos, que trabalham e que precisam fazer refeições rápidas. “Há também as que gostam de cozinhar e receber amigos enquanto preparam pratos especiais”, comenta.
Bancada é item indispensável nesse estilo e garante praticidade do ambiente
Para atender a necessidade desse público, deve-se levar em consideração que é preciso desenvolver um projeto profissional para adequar o espaço à proposta. “A cozinha deve ser bem planejada, funcional, mas elegante também, pois passa a ser uma extensão da área social. Os materiais e acabamentos devem ser coerentes com o estilo escolhido, e os móveis, planejados”, explica Rosângela. No caso dos armários, devem ser projetados para que fiquem mais altos e liberar a bancada para o preparo das refeições.
Geralmente, esse balcão tem formato em L para melhor uso do espaço disponível. “Com relação aos eletrodomésticos, as dicas são para a utilização de opções modernas e diferenciadas, como fogão cooktop e geladeiras que podem ser personalizadas. E como a cozinha é exposta, tudo deverá estar sempre limpo e arrumado, uma vez que quem estiver na sala enxergará tudo”, diz Rosângela.
RESTRIÇÃO Se você gostou da ideia e quer “americanizar” sua cozinha, antes de sair quebrando tudo é essencial se informar sobre a estrutura da edificação. “Deve-se levar em consideração se a parede onde será feita a abertura pode ser demolida. Existem imóveis hoje em que as paredes fazem parte do sistema estrutural da edificação. Nesse caso, não se pode fazer qualquer intervenção de demolição ou rasgos”, alerta. Para que não haja nenhuma dúvida com relação a isso e a fim de evitar possíveis transtornos, antes de começar a obra é necessário tomar algumas precauções, segundo Marina. “É sempre interessante avaliar antes, no manual do proprietário ou com a construtora ou um responsável técnico, se essa opção é viável.”
Passada essa etapa e com a confirmação de que o ambiente poderá ser criado, parte-se para o projeto. “Para fazê-lo, é importante realizar um estudo de leiaute que envolva a cozinha e o ambiente ao qual ela estará integrada. Dessa forma, serão estudados fatores importantes, como funcionalidade, circulações adequadas e conforto”, conta Marina. Rosângela Mesquita ressalta a importância de escolher peças adequadas ao espaço na hora da escolha do mobiliário. “A mesa da cozinha deve ser simples e funcional. Geralmente, é uma bancada em pedras ou silestone, materiais que facilitam a limpeza e manutenção.”
Por estar mais exposta, área precisa estar sempre arrumada. Peças com estilo moderno ajudam na composição do projeto
No centro das atenções De móveis a eletrodomésticos, fabricantes investem em peças que valorizam os projetos de cozinha americana. Com a decoração certa, espaço pode ser o ambiente mais atraente do imóvel
Além do mobiliário, há vários equipamentos que vêm se adaptando às cozinhas americanas, inclusive no quesito estética, como aponta a arquiteta Marina Dubal. Ela ressalta que esse fator é muito importante, “uma vez que a cozinha fará parte da ‘decoração’ de ambientes principais como sala de estar e/ou jantar”, justifica. Para cozinhas americanas com ilha, no mercado há os cooktops, fornos de embutir, além de coifas de ilha que podem ser fixadas no teto, sem necessidade de uma parede para sustentação. “Para esse tipo, também é importante o uso de uma coifa ou depurador de ar sobre o fogão com potência adequada para evitar que a gordura se espalhe.”
E como as cozinhas americanas são parcial ou totalmente integradas à sala, não há vedação eficiente contra odores e ruídos. Para solucionar esse problema, atualmente é muito comum a concepção desse tipo de projeto dispondo de janelas ou painéis de correr.
Como não há equipamentos específicos para cozinhas americanas, segundo a arquiteta e designer de interiores Samira Ader é o projeto que vai caracterizar o ambiente. “Toda cozinha precisa de fogão, geladeira e forno e o que existe são modelos mais apropriados para embutir conforme o espaço disponível”. Para que a composição tenha um resultado agradável – seja funcional, prática e tenha estética –, o segredo está em acertar no projeto. “Não fica bom usar um aparelho numa dimensão errada, em local de difícil acesso e manutenção. Por isso, é necessário saber especificá-los para o espaço disponível, posicionando-os no lugar adequado para o bom funcionamento da cozinha”, diz Samira.
A professora de design Rosângela Brandão diz que fogões de embutir demandam uma cozinha planejada para serem instalados
Entre as opções de embutir, além do cooktop, a professora do curso de design de interiores da Universidade Fumec Rosângela Brandão Mesquita aponta alguns modelos de fogão. “O de piso é o mais prático, com maior facilidade de instalação. Há, ainda, o de embutir, que é parecido com o fogão de piso mas precisa de uma cozinha planejada para a instalação”, comenta. São muitas as opções de design disponíveis no mercado e as composições que podem ser feitas no projeto. Para quem quer se orientar de acordo com o que está em evidência, Rosângela indica a linha retrô. “Nessa tendência, os eletrodomésticos ganham ares vintage e são fabricados com a mais moderna tecnologia. E para fugir das cores padrão (preto e prata), as pessoas ousam nas cores vermelha, laranja, creme, verde e azul.”
Marina Dubal confirma a tendência de uso de peças que remetem à década de 1960. “As cores vêm ganhando espaço novamente nas cozinhas e podemos vê-las também em vários eletrodomésticos da linha retrô ou até os mais modernos”, diz. No entanto, ela recomenda cuidado. “É importante deixar as cores em detalhes, para que o ambiente não fique muito pesado ou cansativo”, completa.
TENDÊNCIA Com relação aos revestimentos, Rosângela diz que os azulejos decorados estão em alta e aparecem como detalhes na parede ou em painéis compostos de diferentes estampas. “Além deles, há o ladrilho hidráulico de cimento, pó de mármore, quartzo e pigmentos. Fabricado artesanalmente, possibilita criar cores e desenhos personalizados. Como é poroso, demanda uma impermeabilização com três camadas de resina acrílica e reforço a cada três anos.” Outro revestimento que resgata a tradição é a cerâmica.
Para o piso, a indicação é o porcelanato. “Cada vez mais fino, o revestimento tem materiais nobres, como o feldspato, que torna sua porosidade baixa e confere alta resistência mecânica. Um cuidado: o modelo polido brilhante, sem esmalte, pede atenção contra manchas”, adverte Rosângela. Marina Dubal aponta como tendência o uso dos laminados amadeirados. “Eles vêm ganhando espaço dentro de cozinhas, pois agregam um toque de elegância e criam um ambiente mais aconchegante, com menos cara de cozinha e mais de continuidade da sala e ambientes de relaxamento.
Tudo para evitar quebra-quebra
Preferências à parte, um dos fatores que contribuem, e muito, para o sucesso na composição de cozinhas americanas é a distribuição correta dos móveis e eletrodomésticos. “Esse aspecto deve receber uma atenção especial. O ideal é que a pia, a geladeira e o fogão fiquem próximos, formando um triângulo. Isso torna o momento de cozinhar muito mais fácil”, sugere Rosângela. Também é importante que se tenha próximo à geladeira algum apoio para facilitar na hora de retirar ou guardar alimentos. “Já os eletrodomésticos e eletroportáteis devem ficar de forma estratégica quanto à localização das tomadas e energia.”
Uso de peças que remetem à década de 1960 é tendência, segundo a arquiteta Marina Dubal
A arquiteta e designer de interiores Samira Ader sugere que uma parte da bancada de refeição seja usada para instalar o fogão. “Outra dica é deixar a geladeira com acesso livre para que não atrapalhe quem estiver cozinhando ou usando a bancada da pia.” Para quem está em busca de economia, Marina Dubal diz que a solução mais barata é a integração por meio de uma janela, “que pode ser complementada com uma bancada para banquetas altas, em estilo bar, ou ainda uma mesa mais baixa. Dessa maneira, evita-se muita quebradeira e já consegue-se explorar o conceito de integração dos ambientes”, explica.
Para utilizar corretamente essas e outras soluções, a dica é sempre buscar orientação profissional antes de iniciar uma reforma, sobretudo uma que altere alvenarias de um imóvel. “Esse profissional, além de fornecer informações técnicas indispensáveis, será capaz de definir a distribuição ideal dos eletrodomésticos para uma cozinha prática e funcional, sem esquecer dos aspectos estéticos que darão charme e valorizarão o imóvel como um todo”, defende.
De acordo com Rosângela, a contratação de um profissional é de suma importância quando se planeja o espaço. “A cozinha sempre foi e, ao que tudo indica, continuará sendo o coração da casa brasileira, e tudo começa pelo projeto. Logo após, vem a contratação de uma boa equipe para a execução, que deverá ser acompanhada pelo profissional autor do projeto.”
Como há soluções para todos os bolsos, é o profissional que desenvolverá o projeto que norteará as melhores alternativas, até para que não haja gastos desnecessários ou o que é pior: necessidade de refazer a obra. Com relação ao valor do projeto, o que vai determinar seu custo é a complexidade da reforma e do que deverá ser detalhado. Para se ter uma noção de preço, Rosângela Mesquita diz que é cobrado entre R$ 700 e R$ 1 mil por ambiente.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
Integração é a palavra Sandra Diniz - arquiteta
“A integração entre cozinha e sala de jantar é a principal característica das cozinhas americanas. Elas são preferidas, normalmente, por aqueles que gostam de receber e o fazem de maneira integrada: preparação de um jantar ou até mesmo de um coquetel, participando do ambiente do estar, até mesmo levando para dentro da cozinha o seu convidado. Ao optar por uma cozinha americana, deve-se levar em conta seu funcionamento no dia a dia: cheiro e vapor de gordura não mais estarão confinados na cozinha. Em contraponto, a possibilidade de interação com os convidados, mesmo durante os preparativos finais de um prato, permite encontros mais intimistas e agradáveis. Em um ambiente a ser modificado para adequação da cozinha americana, a proximidade entre ela e o estar, ou sala de jantar, deve ser observada para justificá-la, inclusive com a possibilidade de demolição de parede. Em caso de um projeto novo, é importante priorizar que os ambientes sejam contíguos e, preferencialmente, que a suposta separação seja ampla o bastante para justificar essa solução. Outro aspecto importante a ser definido durante o projeto arquitetônico é o leiaute da cozinha, a distribuição dos equipamentos, pia e fogão, bem como o leiaute da sala, permitindo a maior integração possível.”
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