Na companhia do verde

Recorrer a plantas na decoração ajuda a criar ambientes mais acolhedores

Mesmo em pequenos espaços dentro do imóvel, elas transmitem uma sensação de bem-estar. Escolha da espécie depende de condições nas quais ficarão

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postado em 22/05/2013 11:30 / atualizado em 27/05/2013 15:31 Júnia Leticia /Estado de Minas
Eduardo de Almeida/RA studio

Melhorar a sensação de bem-estar e a qualidade de vida são buscas constantes de quem mora nas grandes cidades. Principalmente para quem vive em apartamentos, muitas vezes com dimensões reduzidas, isso é um desafio que pode ser superado com a ajuda das plantas. Responsáveis por purificar o ambiente onde se encontram, elas também diminuem a temperatura, amenizando a poluição. Por tudo isso, nada mais inteligente do que tê-las em casa.

Uma das soluções mais modernas propostas pelo paisagismo para ambientes internos são os jardins verticais, como aponta a paisagista Lúcia Borges. “Além de proporcionar um belo visual, ocupam menos espaço e muitas plantas usadas neles são indicadas aos espaços internos”, explica.

Independentemente de como serão inseridas, as espécies mais indicadas para quem quer colocar mais verde dentro de casa são as originárias de florestas tropicais e subtropicais, como diz Lúcia. “São plantas adaptadas à sombra e meia sombra, como samambaias, spatifilus, palmeiras raphis e licuala, zamioculcas, pleomele verde, antúrios, filodendros, pacovas, espadas e lanças de São Jorge, entre outras. Porém depende das características do local para a escolha correta das plantas.”

Além do jardim vertical, que pode contar com irrigação automática, a paisagista e arquiteta Sarah Sotero sugere o uso de variados tipos de vasos. “Jardineiras para hortas com dispositivo indicativo de umidade e vasos onde o suporte é o guarda-corpo das varandas são outras soluções”, acrescenta.


Para quem optar pelas hortas, Sarah diz que as espécies ideais são as mais comuns, como hortelã, salsa, manjericão, cebolinha, pimentas e tomates. “Para ambientes internos com insolação indireta temos pleomele, spatifillus, raphis e chameodora. Para cerca viva, arecas, murta, sansão-do-campo, pleomele, hibiscos e malvavisco. A escolha da espécie dependerá do tipo de solo, clima, insolação, estética e uso.”

Para saber qual delas escolher, segundo Lúcia Borges, é preciso avaliar as características do local, como incidência de luz natural, ventilação e o espaço destinado à planta. “Praticamente não há dimensão mínima para se fazer o projeto de paisagismo. Existe uma tendência para o uso dos jardins verticais, que ocupam em torno de 25cm a 30cm. Mas, antes de optar, é preciso levar em consideração, ainda, o gosto do cliente e sua disponibilidade financeira”, comenta a paisagista.

PRATICIDADE

"O que vai determinar a escolha de uma ou outra vai ser o gosto do cliente, o custo e a arquitetura do espaço" - Erly Hooper, paisagista
Mas mesmo com as soluções propostas pelo paisagismo, os preferidos continuam sendo os vasos de plantas, segundo a paisagista Erly Hooper. “Nas residências atuais, devido à busca constante pela funcionalidade, quase não se veem mais jardineiras, que quase sempre davam problemas com infiltrações. Hoje, mesmo em projetos de apartamentos e casas antigas que contam com elas, costumamos colocar plantas inseridas em vasos e preenchemos os espaços entre eles com pedrinhas. Isso, aliás, tem até um nome: jardim de montagem.”

Erly indica como as mais adequadas para esse tipo de projeto as plantas mais resistentes e que são próprias para sombra. “Como imbés, dracenas, pleomeles e palmeiras. O que vai determinar a escolha de uma ou outra vai ser o gosto do cliente, o custo e a arquitetura/decoração do espaço. Considerado isso, até a colocação de um único vaso pode definir um projeto.”

Quanto às vantagens e desvantagens de cada espécie, Lúcia diz que varia conforme as condições do local. “A palmeira licuala é uma planta muito imponente, que aprecia local ligeiramente aquecido, à meia-sombra e sem corrente de vento. Porém, ela necessita de um espaço amplo, de no mínimo 1,5m de diâmetro, para abrir suas folhas.”

Aliadas na hora de decorar
Com algum conhecimento e a espécie certa para sua casa, é possível valorizar o projeto do imóvel com plantas. Ajuda profissional é o melhor caminho para evitar problemas


A paisagista Lúcia Borges diz que recipientes não podem atrapalhar o desenvolvimento das plantas - Eduardo de Almeida/RA Studio A paisagista Lúcia Borges diz que recipientes não podem atrapalhar o desenvolvimento das plantas
Para potencializar o uso de plantas em ambientes internos, nada melhor do que aliar elementos decorativos que possam dar a elas ainda mais vida. Aí, vale investir em peças encontradas em lojas especializadas e até na iluminação. Vários elementos podem ser inseridos no projeto para ambientes internos. Além de adornos e esculturas, os próprios recipientes valorizam o paisagismo.

São tantas opções que é difícil ficar indiferente a um ambiente que conjuga o verde a peças e recursos que causam impacto na decoração. Para isso, vale investir até nos importados, que têm grande aceitação por parte dos consumidores. “Ultimamente, são muito requisitados os vasos vietnamitas, que são cerâmicos e esmaltados. Quanto à iluminação, ela é utilizada para poder multiplicar o efeito do paisagismo, criando cenários surpreendentes”, explica a paisagista Lúcia Borges.

A paisagista Erly Hooper diz que elementos como esculturas espelhos d’água e cascatas podem dar ainda mais destaque à composição. “Em projetos feitos com vaso – que é hoje o mais solicitado para interiores – a escolha do recipiente é que vai fazer destacar o projeto. Eles deverão ser usados em conformidade com os demais elementos que compõem a decoração do espaço.”

Um exemplo de como esse equilíbrio deve ser buscado é dado por Lúcia Borges. “Fazendo o paisagismo em vasos, devemos ter cuidado com a composição do recipiente com a planta. Tanto no tamanho quanto no tipo de material usado (cimento, cerâmica, fibra etc.) deve formar um bom arranjo com a espécie escolhida. A desproporção do vaso com a planta, além de prejudicar o bom desenvolvimento das raízes esteticamente, compromete a composição paisagística.”
Um pouco de verde dentro do imóvel, segundo especialistas, ajuda a evitar o risco da monotonia quando se tem tons mais claros nos móveis e paredes - Eduardo de Almeida/RA Studio Um pouco de verde dentro do imóvel, segundo especialistas, ajuda a evitar o risco da monotonia quando se tem tons mais claros nos móveis e paredes

Mas para que tudo ocorra conforme o esperado, sem aborrecimentos, a análise do local e boa entrevista com o cliente são fundamentais para projetar o paisagismo em ambientes internos. “Quando um paisagista é chamado para levar o verde para dentro de casa, ele está complementando a decoração do ambiente, trazendo leveza, harmonia e aconchego ao local. Não adianta apenas pensar do lado estético: as plantas devem sobreviver dentro desses espaços e, para isso, o uso de espécies que se adaptam ao local é essencial.”

TÉCNICA

Erly Hooper afirma que o profissional tem conhecimento sobre quais plantas melhor se adequarão ao espaço, já que tem uma boa equipe que o auxilia nos projetos, evitando, assim, aborrecimentos. “Além disso, ele sabe quais são e onde encontrar os melhores materiais. Enfim, o profissional vai fazer com o cliente não perca dinheiro, tempo e paciência com um projeto paisagístico, usufruindo somente o que de melhor ele oferece.”

Para avaliar quanto custa esse trabalho, cada caso deve ser analisado separadamente. Afinal, há uma série de fatores a serem considerados, como as espécies que serão empregadas e o espaço disponível. “O custo pode variar de R$ 1 mil a R$ 5 mil. O corte da planta (a mais desenvolvida é mais cara), mão de obra e a complexidade do projeto vão determinar isso de forma mais precisa”, explica Erly.

Versatilidade com estilo

"Saímos da era do jardim vertical quadrado e criamos os verticais com formas orgânicas" - Caio Zoza, paisagista e ambientalista
Para facilitar a entrada das plantas nos ambientes internos, há profissionais que apostam no desenvolvimento de soluções para atender à necessidade de quem não vive sem elas. Assim foi criado o painel vegetal modular, que, de acordo com o paisagista e ambientalista Caio Zoza, pode ser montado com facilidade em qualquer ambiente da casa ou escritório.

Estrutura em aço com pintura automotiva, que abriga uma esteira de fibra de coco e vasos de polietileno, que, por sua vez, acomodam as plantas, o painel foi desenvolvido a partir de pesquisas feitas em vários países. “Buscamos tecnologia em Israel (irrigação), Estados Unidos (timer), Alemanha (substrato) e Holanda (espécimes melhorados), para que o jardim vertical tenha o máximo de durabilidade”, explica Zoza.

Outra inovação do painel vegetal modular são os variados formatos, que podem ser criados de acordo com o gosto do morador, segundo o paisagista. “Saímos da era do jardim vertical quadrado ou retangular e muito chapado e criamos os jardins verticais com formas orgânicas diversas e em volumetrias variadas. A facilidade em mudá-lo do local instalado inicialmente é outra grande vantagem.”

A versatilidade também está na possibilidade de cultivo na solução, que conta com irrigação automática e reaproveitamento da água não consumida pelas plantas. “São begônias, asparagus, peperômias, samambaias de diversas espécies, bromélias, russélias, filodendros, entre outros que, plantados em um substrato especial, perpetuam sua beleza”, diz Zoza.

Mas, devido à sua engenharia, o paisagista garante que o painel vegetal modular também pode abrigar diversas espécies hortícolas. “Ou seja, dentro de casa, do apartamento ou do escritório, podem-se colher ervas condimentares variadas, como tomilho, hortelã, orégano e açafrão, folhosas e tubérculos como alface, agrião, berinjela, rúcula, cenoura, cebolinha e tomates, além de frutos como morangos e amoras.”

Para quem gostou da ideia, o investimento em um painel vegetal modular de 0,80m x 0,80m gira em torno de R$ 590, valor que varia de acordo com as plantas a serem escolhidas. “E o mais interessante: quanto maior o painel, menor é o investimento por metro quadrado.”

Orquídeas em casa

Conhecer as espécies mais recomendadas para áreas internas ou externas é fundamental na hora do projeto - Eduardo de Almeida/RA Studio Conhecer as espécies mais recomendadas para áreas internas ou externas é fundamental na hora do projeto
Entre as plantas, as flores têm um atrativo especial, devido às suas cores e formas diversificadas. Há espécies que, de tão raras, são valiosas e exercem um fascínio especial em quem as cultiva, como as orquídeas. Porém, para conservar sua beleza e floração, fatores como o local onde estão expostas, iluminação adequada e cuidados diários adequados são essenciais para que essas plantas tenham um bom desenvolvimento.

Segundo o presidente da Sociedade Orquidófila de Belo Horizonte (SOBH), Euro Magalhães, o primeiro passo para o cultivo doméstico dessas espécies é selecioná-las de acordo com o clima da cidade onde serão plantadas. As melhores opções para quem deseja começar o plantio em climas como o de Belo Horizonte são as das espécies dendrobrium e as híbridas cattleya. “A partir de então, deve-se ter atenção para critérios como luz, temperatura e umidade”, orienta.

No cultivo das orquídeas, a iluminação é um dos principais fatores a ser considerados, como ressalta Magalhães. “Elas precisam estar em um ambiente bastante iluminado (a exposição direta ao sol não é necessária), mas a temperatura média não pode passar de 20 graus para não prejudicar as plantas. Acima desse limite, elas devem ser pulverizadas todos os dias.” As regas merecem atenção especial. Não é aconselhável molhá-las em excesso. Outro cuidado é não misturá-las com diferentes plantas, para evitar a contaminação por parasitas.

Tags: plantas

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