Arquitetos e decoradores contam como é executar um projeto para as celebridades

A arquiteta Gislene Lopes, que já trabalhou para a cantora Paula Fernandes, conta que sempre pensa em fazer o melhor, em fazer o mais diferente e sair do trivial para ter um projeto que seja único. “Uma arquitetura diferenciada transforma algo frio em algo extremamente significativo, único, com identidade. Transforma uma casa em lar. De maneira que o cliente e seus amigos entrem no lar e possam dizer: “É. Essa morada realmente é minha/é de fulano”, analisa a arquiteta.

Gislene Lopes afirma que os pedidos de famosos, de maneira geral, não são muito diferentes do que qualquer outro cliente. “Querem ter uma casa que receba bem seus convidados, que possam viver naquele espaço com conforto e bem-estar e viver do jeito que gostam.”

As designers de interiores Cris Araújo e Linda Martins, do escritório Maraú Design Studio, já trabalharam para o jogador de futebol Diego Tardelli e para a dupla sertaneja Maria Cecília e Rodolfo. Elas ressaltam que cada vez mais os ambientes integrados estão sendo solicitados. “A tendência são ambientes integrados, promovendo uma boa convivência entre seus moradores. Ambientes claros, com detalhes em madeira, também são muito solicitados.”

Cris Araújo e Linda Martins contam que os famosos querem uma função ativa dos ambientes, tornando cada cantinho a ‘cara’ deles, e que a carreira de cada um influencia na decoração. Assim, as principais referências na idealização do imóvel são a história de vida e o repertório dos moradores. “Eles querem se sentir acolhidos em cada ambiente e nos solicitam muito isso. As exigências variam de acordo com a área em que trabalham: esportistas querem uma sala para troféus que mostram sua trajetória, músicos precisam de espaços com boa acústica, por exemplo”, destacam.

PROJETO Para Gislene Lopes, o tempo com as celebridades é o grande dificultador para realizar o projeto. “Tempo para conversar, trocar ideias, participar do projeto e definir as coisas com certa rapidez ou dentro de um prazo que seja viável para o projeto. Normalmente, o projeto é mais demorado em função de tempo e de agenda de cada profissional. Em termos de projeto, o desafio é igual”, analisa.

Para o início do projeto, é necessário ter um contato direto para a realização do briefing do projeto. Depois, o famoso tem alguém para ajudá-lo nas questões de decisão de escolhas dos projeto. “Por exemplo, com a cantora Paula Fernandes, conversamos muito com a mãe dela. As maiores referências de projeto são o próprio famoso, que, normalmente, tem uma trajetória de vida e história inspiradora”, ressalta Gislene Lopes.

A discrição também é algo fundamental nesses casos. “É necessário ter mais discrição ao lidar com alguém famoso e perceber até que ponto ele gosta ou não de qualquer tipo de exposição, já que ao fazer um projeto lidamos com coisas e situações muito pessoais dos nossos clientes. Ao fazer um projeto para alguém famoso, existe o desafio de saber lidar com a exposição da vida pessoal dele, até que ponto o projeto que está fazendo pode atrapalhar ou divulgar alguma informação”, alerta a arquiteta.

FÃS Nos projetos realizados para um anônimo sempre tem um parente, um amigo que dá um palpite no projeto. No caso dos famosos, além dessas pessoas existem também os fãs. O principal desafio, para as designers, é fazer um projeto que atenda às expectativas do cliente e ao mesmo tempo de um público um pouco maior, já que seus fãs acabam opinando sobre tudo na vida de seus ídolos, inclusive decoração.

“Projetar para famosos sempre traz consigo a responsabilidade de fazer algo aquém, que será visto por um grande e diversificado público. Que hoje tem acesso a redes sociais e mídia on-line muito rápido e também tem o poder de expressar sua opinião. Então, além da responsabilidade em fazer algo que agrade não só aos moradores, temos a preocupação também com os fãs. E, claro, devemos estar dispostos às críticas, já que gosto é algo muito particular”, comentam Cris Araújo e Linda Martins.

Como atualmente muitas celebridades expõem sua vida nas redes sociais, o projeto acaba tendo uma maior visibilidade. “Às vezes, há uma pressão maior no sentido de que o projeto será visto por um público muito grande e precisa de alguma forma agradar a mais gente”, revelam.

* Estagiário sob a supervisão da editora Teresa Caram