Com criatividade e imaginação, é possível chegar a resultados incríveis na decoração
Profissionais de design mostram que não é preciso desembolsar grandes quantias para enfeitar o lar com identidade e ótimas ideias. Mostra em BH apresenta boas sacadas para compor a casa. A palavra chave é personalização
No Estar íntimo do fotógrafo, os destaques são os pufes de pneu, mesinhas com material reciclado e almofadas de retalho
Transformar o uso corriqueiro de objetos e materiais é uma das mágicas do design. Com a imaginação livre para voar, profissionais da área demonstram que a criatividade é um trunfo para impressionar quando o assunto é compor os ambientes com exclusividade e personalidade. Lançar mão, por exemplo, de itens que geralmente iriam parar no lixo, é uma forma de sair do lugar-comum, em propostas que não têm limite quanto a novas aplicações de artigos do dia a dia.
Não existe uma descrição para essa imagem ou galleria
A customização, a sustentabilidade, a simplicidade reconfigurada, são conceitos que reafirmam que, para chegar a um resultado interessante, despojado, e muitas vezes sofisticado, não é preciso desembolsar grandes quantias. Esse é um dos nortes da mostra Morar Mais por Menos, que acontece até este domingo, no Bairro Cidade Jardim, em Belo Horizonte, com ótimas sacadas para renovar o que se entende sobre decoração, na medida em que, justamente, se propõe ser diferente a partir do que normalmente seria mais do que convencional.
"Já são 12 anos da mostra em BH. Doze anos em que apresentamos ao mercado a renovação, profissionais ousados, que sabem para que vieram, e vieram para ficar", diz a realizadora e curadora da mostra em Minas, Josette Condurú Davis. Para ela, o arquiteto, ou o designer de interiores, tem nas mãos o poder de transformar uma ideia em realidade, traduzindo os anseios do morador em uma casa que tem identidade e história, que reflete felicidade e conforto. "É essa liberdade que promovemos no Morar Mais, desde a sua primeira edição e buscamos, ano após ano, incentivar os participantes e conquistar nossos visitantes", complementa.
Na Varanda, um forte tom de brasilidade com o tripé em bambu e os cactus em crochê
Na Varanda, Washington Nicândio aplicou cactus e flores de cerejeira em crochê sobre suportes de cápsulas de café ou galhos de jabuticabeira reutilizados, banco em madeira de demolição aproveitado de viga de telhado antigo, tripé para plantas em bambu para comportar cachepôs fabricados com o mesmo tecido utilizado em biquínis, vaso em galão de água cortado e pintado, e luminária em lata de alumínio de leite em pó e achocolatado, circundada por esteira de praia como acabamento.
Mosaico de cabide e malas como criado-mudo se sobressaem no Quarto da blogueira
No Quarto da blogueira, o forte é mesmo a customização. Elementos comuns foram completamente repaginados pelas mãos de Amanda Silveira e Marina de Lara. Na parede, um inteligente mosaico composto de cabides. No canto da cama, que recebeu cabos de vassoura e retalhos de marcenaria como cabeceira e divisória, três malas de viagem em estilo retrô fazem as vezes de criado mudo, enquanto, em outra parede, vasos de plantas são acomodados em sacolas de compra penduradas por cintos. Além do manequim trabalhado com aplicação de botões, zíperes de roupas compõem a montagem com a foto da homenageada no projeto.
Não existe uma descrição para essa imagem ou galleria
Já Raquel Costa e Isabella Machado harmonizaram um espaço onde a tendência marcante é mesmo o mais por menos. Na Copa noturna, boas ideias como a luminária feita a partir de caixas de pizza, um puxador de caixa de leite, uma mesinha construída com grade velha, revestimento com tampinha de garrafa, armarinho de pallets e mini vasos com ímã fabricados com rolhas.
SUSTENTABILIDADE
No Estar íntimo do fotógrafo, de Aline Ferreira e Ana Amélia Goulart, a pegada de estilo ressalta pufes de pneus, baú e caixotes feitos em pallets, mesinhas de centro e aparador fabricados com material de refugo (guarda corpo retirado de uma construção em reforma), almofadas de retalhos de jeans e molduras de quadro de fotos com papel cartão. No Escritório do jovem cosmopolita, a sustentabilidade e a personalização são premissas básicas. Lívia Espíndola aplicou rolos de jornal para revestir uma das paredes, a mesa é feita de madeira reaproveitada com aplicação de ladrilho hidráulico, a estante recebeu fechamento em grade de janela antiga, o cabideiro é em bambu e a mesinha de apoio foi concebida a partir de um toco de coqueiro.
Quintal zen tem bancos com cobogó em blocos de concreto e acabamento em fio de malha, além de jardim aromático suspenso
Para o Quintal Zen, Maria Elisa Lara, Tamara Clemente e Fernanda Miranda customizaram um banco com réguas de pínus e corda, criaram outros bancos com cobogó em blocos de concreto e acabamento em fio de malha, e especificaram ainda uma composição com sachês com essências de estopa e cisal, formando um jardim suspenso aromático. De autoria própria das profissionais, a lareira de concreto e bolinha de gude e outro assento com tela de metal, mangueira de incêndio e corda náutica. Em outras partes do ambiente, sobressaem o hanger de fio de barbante e aro em ferro fundido, uma luminária de cúpula de linha e cola, jardineira em bloco de concreto, além do piso de tijolinho recuperado.
No Palco do adro bar, salta aos olhos a mesa do DJ, toda fabricada com fitas VHS e cassete
No Adro Bar e no Palco adro bar, assinados por Jordana Cotta, Bárbara Chaves, Gabriela Brasil e Pedro Melo, os temas da mostra aparecem com força total. Telhas reaproveitadas reproduzem o desenho do skyline da cidade, o aço representa a brasilidade, o tampo das mesas e do balcão são em tetra pack reciclado, blocos de cobogó de concreto e sobras de metalon resolvem o fechamento e a estrutura do bar e das mesas, enquanto o deck é feito em madeira plástica. Também estão presentes mesas criadas com tambores de ferro mais comumente usados na construção civil, e luminárias de garrafa reutilizada. No palco adjacente, o destaque é a mesa do DJ, que salta aos olhos toda fabricada com fitas VHS e cassete. O efeito de beleza no espaço fica ainda mais evidente com o pôr do Sol, a partir da iluminação colorida que se acende com o cair da noite.
ORIGENS
"Falamos sobre decoração sem preconceito. Se toca o coração, tudo é válido. Falamos várias línguas, nos abrimos a inúmeras influências, nos conectamos com passado, presente e futuro. Incluímos em nossa casa desde o tão sonhado produto de design assinado ao feito à mão e o artesanal, porque resgatam nossas origens e ancestralidade, nos conectando a algo maior", ressalta Josette.
Perpassando os 39 ambientes da Morar Mais por Menos, várias outras ideias servem de inspiração: casca de palmeira aplicada como luminária de piso, kokedamas feitas com rolhas de vinho, brinquedos de jornal e durex, mesa com roda de bicicleta, mosaico de parede com tampas de panela, divisória em tela de aço e pedras imitando um muro gabião, cabideiro em cabo de aço, banco em modelo de assento de praça com acabamento em portão de loja, lustre em moldura de compensado e tela de galinheiro, balcão de loja de madeirite, para ficar apenas com alguns exemplos.
"Nossos conceitos começam a entrar de fato na vida das pessoas. A tão falada ideia que 'menos é mais' ganha uma força avassaladora, e isso é traduzido em ambientes fantásticos. É esse o tom da Morar Mais. A simplicidade é o luxo, e o luxo é emocional. Tem garimpo, tem cor, e, acima de tudo, criatividade mesclada com móveis e objetos de fornecedores incríveis", finaliza a curadora.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação