Praças e jardins dão retorno pessoal e econômico

Recuperação de praças e jardins públicos cria oportunidades para melhorar o convívio entre moradores, repercutindo positivamente no mercado imobiliário de Belo Horizonte

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

- AMIGO + AMIGOS
Preencha todos os campos.
postado em 25/02/2007 18:21
Praça Marcelo Góes, no Belvedere, valoriza os imóveis que estão no seu entorno - Gladyston Rodrigues/Especial para o EM Praça Marcelo Góes, no Belvedere, valoriza os imóveis que estão no seu entorno
O que será que as mais simples espécies de plantas podem fazer por uma praça, canteiro ou fachada de um imóvel? Além da questão estética, melhorando a aparência física, a jardinagem pode gerar resultados inimagináveis, principalmente quando o local faz parte do espaço público de uma grande cidade ou mesmo de uma área de convívio de diferentes grupos sociais.

A Lagoa Seca, no Bairro Belvedere, na região Sul de Belo Horizonte, é um belo exemplo disso. Em meio a grandes empreendimentos imobiliários, como edifícios residenciais destinados à classe alta, e um dos maiores centros de compras da Região Metropolitana (o BH Shopping), o espaço que antes se assemelhava a um brejo, tem hoje outra cara. “São mais de 10 mil metros arborizados e recuperados, melhorando a qualidade de vida e humanizando as relações sociais na região. É um espaço de lazer, esporte e convívio dos moradores”, garante o empresário Paulo Roberto Moreira, que mora ali perto.

Segundo ele, a Lagoa Seca é mantida pela Associação de Moradores do Belvedere e se transformou numa opção de lazer, principalmente nos fins de semana, não só para o público local, mas também de outros bairros. “Cada prédio da região paga mensalmente uma taxa para a manutenção e conservação. Com isso, além dos investimentos em paisagismo, já conseguimos comprar uma moto e um carro para reforçar a segurança no local. Temos um espaço de lazer agradável e seguro bem perto de nossas casas”, comemora Paulo Roberto.

Os benefícios da arborização de áreas públicas não se resumem ao aspecto visual. Além de aumentar a qualidade de vida e estimular as relações sociais, a valorização e melhoria de espaços públicos afeta diretamente o mercado imobiliário. Quem explica é José De Filippo Neto, diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Minas Gerais (Creci-MG). “É difícil estipular, em valores exatos, o quanto os imóveis próximos a regiões bem cuidadas se valorizam, porém uma coisa é certa: há uma influência direta na liquidez dos imóveis, ou seja, na capacidade e velocidade de venda de cada um deles”, garante.

De Filippo afirma que é muito mais fácil vender um imóvel que fica próximo a uma região arborizada e com jardins bem cuidados do que em áreas com poucos atrativos visuais proporcionados pelo paisagismo. Já a corretora Wilma de Souza Pereira, diretora da Wilma Imóveis, imobiliária de Contagem, na Região Metropolitana de BH, arrisca falar que os imóveis próximos a praças, canteiros ou regiões recuperadas chegam a valorizar cerca de 20% em relação a seu preço. “Em Contagem, tivemos exemplos com a recuperação da Praça dos Ciganos, no Bairro Inconfidentes, onde os imóveis se valorizaram bastante”, lembra.

CAMPANHA

Ainda de acordo com De Filippo, BH, que até há pouco tempo era considerada cidade modelo, com destaque para o grande número de áreas verdes, atualmente vem sofrendo com o crescimento urbano desenfreado. “A capital foi construída com o intuito de se preservar as extensas áreas verdes existentes, mas vimos que isso não foi possível. Temos, como exemplo, a Avenida Afonso Pena, que, com o passar dos anos, diminuiu o tamanho dos canteiros centrais”, explica.

Agora, portanto, o movimento é inverso. Há três anos, a Prefeitura de Belo Horizonte criou o Programa Adote o Verde, uma parceria entre a administração municipal, a iniciativa privada e a comunidade em geral, com o objetivo de viabilizar a implantação e, principalmente, a manutenção de parques, praças, jardins, canteiros centrais de avenidas e demais áreas verdes públicas da cidade.

O programa tem sido um sucesso e hoje já cuida de mais de 300 espaços verdes do município. Qualquer cidadão, associação de bairro, escola, estabelecimento bancário, comércio, sindicato, empresa, indústria, órgão público ou ONG pode adotar um espaço. Conseqüência disso tudo é a melhor qualidade de vida no meio urbano e quem sabe até uma valorização imobiliária.
Comentários Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação
600

Últimas Notícias

ver todas
07 de julho de 2023
05 de julho de 2023