Com prazos mais largos e a juros menores, cresce o volume de recursos emprestados pela rede bancária para a aquisição da casa própria no Brasil. Em abril, os financiamentos imobiliários, somente com recursos da caderneta de poupança, atingiram R$ 2,049 bilhões, É a segunda melhor marca registrada na história do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, superada apenas pelo volume de novembro de 2007, de R$ 2,380 bilhões, e 71,53% superior ao montante de recursos emprestados no mesmo período do ano passado.
De janeiro a abril, as operações chegaram a R$ 7,53 bilhões, com um crescimento de 83,54% sobre os quatro primeiros meses de 2007. Já entre maio de 2007 e abril de 2008, as contratações totalizaram R$ 21, 71 bilhões, montante 96% superior ao registrado nos 12 meses encerrados em abril de 2007 e aplicado na aquisição de 222 mil moradias.
Para o superintendente geral da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Pereira Gonçalves, a crescente oferta de crédito imobiliário decorre de três fatores principais: economia estável, recuperação de renda da população e legislação que dá mais garantias ao agente financeiro.
Tudo isso contribuiu para que fossem criadas condições mais favoráveis de acesso ao crédito, permitindo a expansão das linhas, a cobrança nos contratos de juros menores e a ampliação dos prazos para a quitação dos financiamentos, diz. Ele observa que o novo cenário beneficia principalmente as famílias com renda mais baixa, justamente as que engrossam o imenso déficit habitacional estimado, no Brasil, em quase 8 milhões de moradias e, em Minas, em 670 mil unidades.
Segundo o superintendente da Abecip, em 2002, para conseguir financiar um imóvel de R$ 80 mil, a renda familiar mínima exigida era de 12 salários mínimos, os juros praticados nos contratos eram de 12% ao ano e o prazo máximo de pagamento era de 10 anos. Hoje, uma família com renda de oito salários mínimos está habilitada a contratar um financiamento para esse imóvel e em condições bem mais flexíveis: juros médios de 10% ao ano e 300 meses para quitar a dívida.