Chega às livrarias maior obra de paisagismo individual depois de Burle Max

Os 30 anos de carreira do paisagista contemporâneo mineiro Luiz Carlos Orsini, comemorados em 2008, serviram de pretexto para o lançamento de uma das maiores obras de paisagismo individual já publicadas no Brasil, depois de Burle Max. O livro Luiz Carlos Orsini – 30 anos de paisagismo, produzido pela Editora Décor, reúne uma coletânea de trabalhos selecionados entre os mais de 100 projetos assinados pelo profissional.

A trajetória de Orsini inclui a primeira parte do Instituto Cultural Inhotim, na região metropolitana de Belo Horizonte, expressivo conjunto paisagístico que já está se tornando referência nacional. Cerca de 300 mil metros quadrados de área trabalhada mostram uma mistura de obras que passam pelo tropical radical, moderado e contemporâneo, integradas com a natureza, de inspiração mais lúdica e romântica; outra paisagem de clima temperado com coníferas e um italiano da Toscana.

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"Gosto de reinventar paisagens, e também do antes e depois. Ver como é o espaço sem nada, depois de pronto e, após três anos, o jardim consolidado. Para mim, o paisagismo é o elo entre a construção e o homem, o equilíbrio. Precisamos respeitar e entender o que a natureza nos ensina", conta.

O reconhecimento e a credibilidade de Orsini, formado pela Escuela de Jardineria y Paisajismo Castillo de Batres, em Madri, na Espanha (1984), e especialista em transplantes de árvores e palmeiras adultas (são mais de 10 mil espécies plantadas no Brasil), são confirmados pelas várias conquistas do Prêmio Espaço D' (SP) na categoria Paisagismo, oito anos de participação na Casa Cor (BH, Brasília e SP), e palestras realizadas nos mais importantes congressos e faculdades do Brasil e da Espanha. Atualmente, ele tem escritório na capital mineira e em São Paulo, a Yapó Paisagismo, além de uma fábrica de substratos para o segmento, a Solu Bonu, em Sacramento, no interior de Minas.

Quando questionado sobre quais sensações o paisagismo lhe inspira, Orsini cita beleza visual, tranqüilidade, conforto e prazer. Diante da tendência crescente de urbanização, o contraponto é a tentativa de criar jardins que não sirvam apenas para admirar, mas também como espaços de convivência, segundo o paisagista. "Quando o cliente me faz um pedido, interpreto meus próprios sonhos e tento casá-los com seus anseios e desejos", dá a receita.

RECONHECIMENTO

A arquiteta e designer de interiores, Ana Paula Rohlfs, que tem sua marca registrada em eventos como Casa Cor e Unilar, parceira de Orsini em alguns trabalhos, afirma que, na hora da elaboração e execução do projeto arquitetônico e de decoração, a presença conjunta do paisagista é fundamental. "Por exemplo, não adianta fazer a instalação luminotécnica antes de saber como será o ambiente paisagístico. Para implantar os acessos, muros, taludes, é a mesma coisa. O paisagismo agrega valor à arquitetura", explica, ela que gosta de usar muito vidro e luz natural.


Para Ana Paula, a arquitetura sem o paisagismo é fria, já que este é capaz de trazer o verde e, assim, o aconchego para dentro de casa. "Sempre tento trabalhar com projetos que tragam o exterior para o interior, como uma continuação, para que as pessoas o vivenciem mais próximas, de dentro", diz, ressaltando a tendência urbanística atual de implantação de grandes fachadas ecológicas nas edificações, talvez para recuperar o que o homem destruiu e, ainda, "melhorar o ar, diminuir a poluição", em suas palavras.

Na opinião da paisagista e urbanista Carla Pimentel, há 12 anos no mercado, a área externa é uma extensão da casa, da sala, do quarto, como um ponto primordial que moldura a arquitetura. "O espaço pode ser deslumbrante, ter volumetria, mas fica vazio se não tiver o verde para contrapor. As plantas servem como esculturas, ou em massa, ou isoladas, em jardins monocromáticos... Vai da criação de cada profissional".

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Carla enfatiza que o ambiente natural humaniza os projetos, traz alegria, paz e energia para espaços comerciais, industriais, residenciais ou turísticos, pois "não só de tijolos e cimento é feita a arquitetura". Já para Manoel Macedo, proprietário da galeria de arte de mesmo nome, a obra de arte e o paisagismo se expressam por si só, mas, juntos, enriquecem a manifestação do artista ou do paisagista. "Um exemplo é o trabalho de Orsini no Inhotim, com jardins harmônicos em relação às obras".

PARCERIA DE SUCESSO

O diretor da Editora Décor, especilizada em livros de arte e cultura, Antônio Carlos Gouveia Júnior, conta que conheceu o trabalho de Orsini através de sua participação constante no livro Jardins do Brasil, da editora, que reúne os mais diversos projetos paisagísticos. "Orsini era um dos principais nomes que integram esta publicação. Então, há três anos, tivemos a idéia de fazer seu livro pessoal, aproveitando os 30 anos de carreira, em um trabalho cuja produção começou em 2006. O resultado é o maior livro individual de paisagismo já produzido no Brasil, depois de Burle Max", diz, ressaltando o grande conhecimento do profissional acerca de plantas e das adequações necessárias a cada contexto. "Ele é merecedor do livro. Sou rato de livraria, nos EUA, Europa, e não conheço outra publicação com o conteúdo tão belo", reforça.

A publicação, em 342 páginas, tiragem de 5 mil exemplares e projeto aprovado na Lei Federal de Incentivo à Cultura, tem características gráficas de alto padrão, de capa dura e sobrecapa, papel alemão 170 gramas, com textos em português e inglês, apresentando uma breve biografia do paisagista e algumas obras que ainda não foram publicadas.

A Editora Décor, há 18 anos no mercado, reúne portfólio de mais de um milhão de livros distribuídos e vendidos no Brasil e exterior, que percorrem temas como arte individual, arte coletiva, decoração, design, paisagismo, arquitetura, esporte, fotografia e patrimônio histórico, entre outros. Na área de arquitetura e correlatos, destacam-se o livro Jardins do Brasil e o Décor Year Book, que chega à 14ª edição como anuário referência em decoração de interiores.