Na casa de Antônio Dias, moram dois filhos com as famílias, que não têm condição de comprar um imóvel
A coabitação familiar foi responsável por 63,2% do déficit habitacional em Minas em 2006. Em seguida, vieram os gastos excessivos com aluguel (31,2%) e depois a habitação precária (5,6%), que são domicílios rústicos ou improvisados. O estudo da Fundação João Pinheiro usou a base de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No próximo levantamento, Maria Bernadette acredita que os números vão ser alterados em função de adequações na Pnad. "A partir de agora, os pesquisadores vão perguntar qual é o motivo que leva a família a morar na mesma casa e se a pessoa tem intenção de mudar de moradia", observa.
O aposentado Antônio Leite tem 10 filhos. Mora em uma casa de 15 cômodos no aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. Para conseguir acomodar dois filhos com as famílias, fez dois dos famosos "puxadinhos". Um na parte de cima e outro na parte de baixo. "Falta emprego para pagar o aluguel. Como minha casa é própria, eles vieram para cá", afirma Leite.
Mas se pudesse optar, Leite não pensa duas vezes ao dar a resposta: cada um teria sua própria casa. "Eles só não têm a casa própria por falta de dinheiro. Aqui no aglomerado a maioria das pessoas vive assim, juntas", observa. A filha de Leite, Lívia, mora com dois filhos e o marido em três cômodos de sala, quarto e cozinha construídos na parte de cima. O outro filho, Ubirajara, mora com a neta em um sala grande na parte de baixo da casa.
No Brasil, 90,7% do déficit estava concentrado nas famílias com renda de até três salários mínimo (R$ 1,24 mil) em 2006. As famílias com renda de três a cinco salários (R$ 1,24 mil a R$ 2,07 mil) representavam 5,5% do déficit, de cinco a dez salários (R$ 2,07 a R$ 4,15 mil) somavam 2,9% do total e as famílias com rendimento de mais de 10 salários representavam 0,9% do total. Maria Bernadette ressalta que a melhoria da renda familiar é fundamental para amenizar os índices do déficit no país. "Se a renda da população cair e os investimentos cessarem, essas taxas tendem a subir", diz.
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