Independentemente de tamanho ou localização, apartamentos que têm uma ou mais vagas de garagem não só facilitam venda e locação como também são valorizados
Sônia Bittencourt, síndica do condomínio Anchieta, teve que administrar número insuficiente de vagas para os apartamentos do prédio
A facilidade de crédito favoreceu o acesso à compra de um, dois, três carros por família, provocando uma reviravolta no mercado imobiliário. A garagem se tornou argumento de venda e locação fundamental. Diante da exigência de vagas de estacionamento, a velocidade de venda ou locação de um imóvel é diretamente influenciada. Quanto mais vagas, melhor. Sendo paralelas, independentes uma da outra, melhor ainda.
A desvantagem de não ter vaga acarreta pelo menos um benefício. O IPTU e a taxa de condomínio devem ter valores menores do que outros apartamentos que usufruam da garagem. "Os condomínios adotam o critério de fração ideal para o rateio das despesas. Quanto menor a área privativa, menor devem ser as despesas", explica Ariano Cavalcanti de Paula, presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI-MG) e do Sindicato da Habitação de Minas Gerais (Secovi-MG).
Paulo Tavares, presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis e diretor da Sótão Imóveis, diz que, mesmo tendo duas vagas, a comercialização de um apartamento de luxo já fica prejudicada. "O ideal é ter uma para cada morador", defende. "Um apartamento de três quartos com 170 metros quadrados precisa ter ao menos duas vagas. É o básico. Se tiver três, será disputado. Com 120 metros e duas vagas, é aceitável. Com três, excelente. E em relação àqueles com até 70 metros, o normal é ter apenas uma vaga mesmo".
Ainda segundo Paulo Tavares, a falta de estacionamento é algo complicado de resolver. "Se a pessoa não gostou da cor, da posição de uma parede, do modelo da janela ou do piso do banheiro, pode trocar. Compra outro novo e faz a alteração sem muitas complicações. Mas, se não há onde parar o carro, não tem muitas opções. Na melhor das hipóteses poderia tentar alugar de algum outro morador. Mas é raro sobrar vagas. Por isso que, para um apartamento de dois quartos com uma vaga, podemos pedir R$ 1,2 mil. E,se tem duas vagas, esse valor sobe para R$ 1,5 mil. Influencia em apartamentos de todos os tamanhos e locais", pondera.
CONFERÊNCIA O locatário sempre deve conferir pessoalmente a garagem antes de assinar o contrato. O espaço pode ser de difícil manobra. Ou pequeno para carros grandes, como caminhonete. Ou ainda sem cobertura e exposto ao tempo. Então é sempre bom especificar no contrato de locação a localização da vaga que acompanha o imóvel. Até porque nada impede o locador de incluir uma cláusula apontando que, apesar de existir a vaga, a locação está sendo feita sem o direito de usá-la.
A atenção ao alugar um imóvel é um cuidado que Sônia Bittencourt de Souza, síndica do condomínio Anchieta, gostaria de perceber nos novos inquilinos. "No nosso edifício temos 56 apartamentos e 28 vagas. No entanto, a escritura aponta direito a uma vaga a todos os proprietários. Isso gera uma confusão enorme e nem sempre quem vem alugar um apartamento é avisado do problema. Depois, quando se muda, quer exigir esse direito. Isso só traz problemas e desgastes", lamenta.
Com paciência e um sistema de identificação, Sônia conseguiu acomodar 40 carros. Não sem ônus. Os moradores podem ser chamados a qualquer hora para retirar o veículo, já que um carro bloqueia a saída de outro.
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