Como fazer obra embaixo de chuva

Tempo ruim não significa que a construção deva parar. Porém, especialistas dão dicas de como evitar acidentes, danos à estrutura do imóvel e, principalmente, desperdícios

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postado em 29/12/2008 18:20
Fotos: Gladyston Rodrigues/AO CUBO FILMES
Os donos de imóveis em construção devem preparar o espírito para lidar com os atrasos no cronograma da obra impostos pelas variações climáticas ou poderão ter transtornos muito maiores. A engenheira Regina Maria da Silva afirma que as chuvas alteram principalmente o andamento das obras que estão começando, uma vez que é na etapa da terraplanagem e fundação, quando se fazem as escavações e se executam as tubulações, que as questões de declividade e permeabilidade do terreno mais influenciam.

"É fundamental não iniciar a movimentação da terra nesse período, porque o trabalho é muito mais difícil, perigoso e não rende. Essa etapa da obra deve ser programada entre março e o começo do período de chuva intensa e constante, no fim do ano".

Quando a obra já foi iniciada e não tem mais como parar, os engenheiros recomendam redobrar os cuidados, principalmente quando há corte no terreno, aterro e arrimo. Além de drenar o lote, desviando a água da chuva para a rua, é importante proteger com lona o local da terra onde foi feito corte, para evitar que o local encharque. "Os buracos para tubulações devem ser evitados, uma vez que a terra estará fofa e pode desmoronar durante a perfuração", alerta a engenheira. Ela explica que os cuidados com movimentação da terra devem ser redobrados se houver declive no terreno.

O risco de problemas também é maior na hora de trabalhar com concreto sob o mau tempo. "O prazo para que o concreto atinja a resistência ideal varia entre sete e 28 dias. As chuvas podem derrubar os muros de arrimo, que por falta de cura não atingiram a resistência perfeita".

A engenheira ressalta que a fase de alvenaria também é prejudicada pelas chuvas ininterruptas e, muitas vezes, o melhor é não insistir na execução do serviço. "Se os tijolos estiverem encharcados, a parede não ficará no prumo e poderá apresentar barriga. O resultado será prejuízo para o dono, que precisará tirar a diferença do prumo acrescentando mais reboco".

COBERTURA
 "É fundamental não iniciar a movimentação da terra nesse período, porque o trabalho é muito mais difícil, perigoso e não rende" - Regina Maria da Silva, engenheira

A laje é outra etapa da obra afetada pelos temporais. "A chuva torrencial lava o material e tira o agregado miúdo do concreto, que é o cimento e a areia, reduzindo a resistência. O péssimo resultado aparece quando a equipe tira o escoramento", explica Regina Maria Silva. Já as chuvas amenas e com intervalos podem ser favoráveis ao lajeamento, uma vez que a água até ajuda na cura do concreto.

O tempo ruim também não é aliado das obras de acabamento externo e da pintura. "Nada que vá lidar com parede úmida é recomendável. Pintar o lado de fora do imóvel neste período é jogar dinheiro pela janela. A pintura externa deve ser programada para períodos bem antes ou depois da chuva".

Nos meses de chuva constante, no entanto, nem tudo está perdido. Para Regina Maria da Silva, a hora é de redirecionar o trabalho para atividades internas, como colocar piso e tubulações elétrica e hidráulica, ou esperar o nível de chuvas diminuir.

Os engenheiros também recomendam cuidados com a armazenagem do material de construção para reduzir estragos causados pela umidade e enxurradas. "No caso da areia mal armazenada, a perda do material pode ser de 20%", calcula Regina. Para evitar que o cimento petrifique ou perca a umidade pelo contato com o solo, a recomendação é armazená-lo em local seco e, quando a chuva começar, cobrir com lona preta.

DENGUE

A combinação entre o período chuvoso e o risco constante de epidemia de dengue obriga os donos de obras e profissionais envolvidos a tomarem mais cuidado com entulhos e água parada. O diretor da área de meio ambiente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Geraldo Jardim Linhares Júnior, ressalta a importância de limpar as bocas-de-lobo e estar atento principalmente quando a chuva passa. "Depois do temporal, bastam dois dias de sol para formar uma poça dágua que, misturada com a lama, é propensa ao mosquito da dengue. Para reduzir o risco, é preciso abrir caminhos para que a água saia e cobrir o material com lona". O engenheiro diz que depois da chuva também é recomendável escoar a água que fica sobre a laje. Ele sugere que a operação seja feita usando mangueira e sifão.

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