Para Nelson Kawakami, diretor do GBC Brasil, educação é melhor estratégia para pensar em sustentabilidade
O mercado imobiliário se depara cada dia mais com um conceito que começa a orientar novas formas de trabalho e processos construtivos, como elo fundamental para se ter efeitos minimizados no futuro em relação à preservação dos recursos naturais necessários à cadeia produtiva da construção: a sustentabilidade. Neste cenário, se vislumbra a demanda crescente por pessoas capacitadas e que tenham esse pensamento arraigado na atuação diária.
Com o objetivo de disseminar o conhecimento acerca dos processos de implantação das práticas de construção e certificação LEED (uma espécie de "selo verde" que identifica empreendimentos sustentáveis) entre a cadeia produtiva do setor, o Green Building Council Brasil dá continuidade à parceria firmada no ano passado com a Academia de Engenharia e Arquitetura. Para o primeiro semestre de 2009, ainda estão programados 18 cursos em nove estados brasileiros, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com a meta de ampliar a abrangência do programa de educação e capacitação profissional.
Com quatro possibilidades de cursos, as aulas são indicadas para profissionais do segmento, como engenheiros e arquitetos que desejarem atuar no mercado da construção civil sustentável. Aulas mais amplas sobre sustentabilidade na construção e certificação fazem parte da primeira opção. As outras têm abrangência mais específica, tratando, entre outros conceitos, sobre a aplicação de certificação para interiores de edifícios; gestão de resíduos sólidos da construção; certificação LEED para novas construções ou grandes reformas.
Os cursos fazem parte do plano do GBC Brasil de se tornar referência em construção sustentável no país. A ONG acredita que uma das formas de alcançar esse objetivo é capacitar profissionais dos vários elos do setor e divulgar as melhores práticas incluindo tecnologias, materiais, processos e procedimentos operacionais. "Acreditamos que a educação é um ponto estratégico. Quanto mais cedo o profissional tiver contato com esses conceitos, melhor, para difundir em seu dia-a-dia de atuação, e poder aplicá-los nos projetos futuros. Em um mercado em que a demanda por pessoal capacitado nesta área é crescente, inclusive com pedidos do exterior, queremos oferecer as ferramentas", explica o diretor-exevutivo do GBC Brasil, Nelson Kawakami.
Certificação
O Cidade Jardim Corporate Center, em SP, é exemplo de construção registrada
O selo LEED, que começou a ser implantado em 1999 nos EUA, contempla uma série de recomendações para se ter construções mais sustentáveis, e é fornecido para obras que sejam ambientalmente responsáveis em cinco grandes áreas, como ressalta Kawakami. "Localização, uso racional de água, eficiência energética, uso adequado de materiais e qualidade do ambiente interno das edificações".
De maneira geral, as especificações passam pela observação do tipo de terreno (sem agressão ao habitat natural), conexão com infra-estrutura da cidade para evitar grandes deslocamentos; reaproveitamento da água da chuva, ou cozinha e banheiros para irrigação e lavagem; padrão de economia de energia conseguido, por exemplo, por um bom sistema de ar condicionado, aproveitamento da luz solar; reutilização de materiais e uso de matérias-primas recicladas, de preferência de fornecedores da mesma região da obra para facilitar o transporte e fomentar a área; e vão até projetos inteligentes para o ambiente interno, como uso da luz natural, para ficar apenas com uma possibilidade.
Atualmente, são quatro empreendimentos certificados no Brasil e aproximadamente 100 empreendimentos registrados em processo de certificação. No mundo, há mais de 1,5 mil certificados, e cerca de 15 mil em processo de certificação.
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