Em época de chuvas, é melhor se preparar. Mercado de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas evoluiu, e hoje oferece opções de dispositivos externos, internos, além de prevenção pontual em tomadas e redes elétricas
Normando Alves, da Termotécnica: mão-de-obra profissional é fundamental
A época de chuvas, quando a incidência de raios aumenta, faz pensar em como proteger edificações, instalações, pessoas e animais dos efeitos maléficos das descargas atmosféricas, principalmente no Brasil, um dos países onde mais acontece o fenômeno. Em Minas Gerais, a altitude, o relevo e o índice pluviométrico, fazem com que a densidade de raios seja maior, o que exige maior atenção às medidas preventivas de proteção. A tecnologia oferece muitos aparelhos para proteção, mas o pára-raios continua sendo o mais conhecido, ou, os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA).
Para proteger eletroeletrônicos e sistemas elétricos, que podem sofrer com a disseminação de descargas vindas de locais próximos pela própria rede de distribuição, o mercado dispõe de dispositivos supressores de surtos, pequenos aparelhos instalados diretamente nas tomadas e entradas de eletricidade para impedir curto-circuitos originados de raios.
Como explica o engenheiro eletricista e especialista na área, Ademir Dalben, a descarga atmosférica, popularmente conhecida como raio, faísca ou corisco, é um fenômeno natural que ocorre em todas as regiões do planeta (uma descarga de elevada corrente, de 10 a 200 KA e curtíssima duração, da ordem de 1 segundo). Nos trópicos, onde está o Brasil, a densidade dos raios é maior, face às elevadas insolação, evaporação, formação de nuvens e precipitação pluviométrica.
"Os raios ocorrem porque as nuvens se carregam eletricamente. Em condições normais, o ar é um bom isolante de eletricidade. Quando temos uma nuvem carregada, o ar entre a nuvem e a terra começa a conduzir eletricidade porque a "voltagem" existente entre a nuvem e a terra é muito alta, de vários milhões de volts, e rompe a capacidade isolante do ar. Os raios podem sair da nuvem para a terra, da terra para a nuvem ou então sair da nuvem e da terra e se encontrar no meio do caminho".
Enquanto no Brasil a incidência média é superior a 3 descargas por quilômetro quadrado por ano, em Minas Gerais essa taxa é da ordem de 4, oscilando entre 12 nas proximidades de Juiz de Fora, e valores inferiores a 1 no extremo norte do Estado. Em Belo Horizonte, esse número fica próximo de 6 descargas, como explica o professor, pesquisador e coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Descargas Atmosféricas UFMG/Cemig (LRC, na sigla em inglês), Silvério Visacro.
O centro foi inaugurado em 2001, e figura entre os maiores do mundo, com um complexo de pesquisas na Estação do Morro do Cachimbo, na Grande BH, localizada a 1.460 metros de altitude, além de laboratórios especializados na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
OPÇÕES
Os sistemas de prevenção foram desenvolvidos para proteger as construções e seus ocupantes dos efeitos da eletricidade dos relâmpagos, criando um caminho, com um material de baixa resistência elétrica, para que a descarga entre ou saia pelo solo com um risco mínimo de atingir as pessoas. São formados por sistema de captação de descargas, condutores de descidas, que levam a descarga a terminais de aterramento, e sistemas de equalização de potenciais que a dissipam no solo, assinala o sócio e diretor-técnico da Termotécnica Indústria e Comércio, empresa especializada em pára-raios SPDA, Normando Alves. "São medidas preventivas para evitar prejuízos, incêndios, mortes e danos materiais que possam ocorrer".
Normando explica que existem dois métodos básicos de pára-raios: o captor do tipo Franklin e a gaiola de Faraday. "O captor Franklin é constituído por hastes metálicas verticais, em que se calcula o volume de proteção, de modo que a edificação fique dentro desse raio. É mais barato e mais indicado para imóveis menores. O segundo consiste em um sistema de vários captores, ou condutores horizontais, colocados envolvendo o topo da estrutura, como uma gaiola, proporcionado maior proteção. O posicionamento destes captores é definido pelo Modelo Eletrogeométrico, que sugere a esfera fictícia rolante para aferir os pontos preferenciais onde os raios podem incidir em uma edificação e ali se instalar os captores".
Estes são sistemas externos, que, para um prédio padrão, podem custar entre R$ 40 mil e R$ 50 mil, e tem tempo de instalação entre 30 a 40 dias, sempre dependentes de mão de obra especializada, geralmente com o aval de engenheiros. As variações vão de acordo com a altura do edifício e o tipo do sistema (quantidade de condutores, características de aterramento, projeto e planejamento). Já existem sistemas internos em que as descidas são feitas por dentro do concreto desde o início da fundação da obra.
Mas os efeitos de um raio pode ser sentidos em locais distantes. Por isso, uma descarga caída em determinada região, mesmo tendo sido captada por uma pára-raio, pode "viajar" pela rede elétrica e chegar aos aparelhos de casas na vizinhança, causando curtos-circuitos. Para isso, como explica Normando, existem os supressores de surtos, pequenos dispositivos instalados diretamente na entrada de tomadas e caixas de energia, que podem ser encontrados por cerca de R$ 60, cada.
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