Elian Guimarães e Luana MacieiraA proposta do aquecedor solar é a de pré-aquecer a água para que sistemas térmicos assumam a função de calibradores da temperatura, explica o professor Augustin Woelz, coordenador do projeto da ONG Sociedade do Sol. Uma vez instalado, o aquecedor solar de baixo custo (ASBC) começa a funcionar quando o sol incide sobre a superfície preta dos coletores. A energia absorvida transforma-se em calor e aquece a água, que diminui sua densidade e começa a se movimentar em direção à caixa-d'água, dando início a um processo natural de circulação da água chamado termo-sifão. Esse processo é contínuo enquanto houver uma boa irradiação solar e reduz o consumo de energia pelo chuveiro em até 75%.
A água aquecida fica então armazenada em um reservatório termicamente isolado, que evita perda de calor para o ambiente. No ASBC, o sistema de apoio térmico é formado por um chuveiro elétrico ligado em série com um dimer (controlador eletrônico de potência de um chuveiro elétrico), que permite o ajuste na elevação da temperatura da água do banho. Com as peças, em menos de uma semana o aquecedor pode ser instalado e já estar funcionando.
Para alcançar a meta de chegar a todos os lares brasileiros, o projeto ASBC conta com o apoio da vitrine social da Bolsa de Valores Sociais e Ambientais (BVSA) da Bovespa, destinada a impulsionar projetos realizados por ONGs brasileiras. Ele prevê a doação de kits didáticos do ASBC a professores de ciências, tendo como alvo levar à escola conhecimentos do bom uso da energia solar térmicas.
Segundo a Sociedade do Sol, cada quilowatt que deixa de ser consumido no chuveiro elétrico leva à redução de emissão de aproximadamente 0,6kg de gás carbônico em novas usinas termelétricas acionadas por gás natural. Admitindo que pelo menos 75% da energia consumida no chuveiro pode ser substituída pela energia proveniente do sol, então 903kwh deixarão de ser consumidos anualmente da rede elétrica, em média, por uma família de cinco pessoas. Isso corresponde a uma redução de 541kg de gás carbônico por ano por família usuária de chuveiro elétrico.
Se consideradas todas as famílias usuárias de chuveiros elétricos no Brasil, o potencial brasileiro de redução de emissões de gás carbônico pelo uso de energia solar em residências seria de aproximadamente 21.640.000 toneladas de gás carbônico por ano, se admitíssemos que 100% da energia elétrica viesse de usinas termelétricas. No Brasil, a energia gasta proveniente dos chuveiros elétricos chega a 7% do total.
OUTRAS OPÇÕES Além do projeto que foi batizado de "um aquecedor para cada lar", no mercado é possível encontrar outras empresas que comercializam esse tipo de produto. Uma delas é a Protermic, que vende o Solterm, sistema que já foi instalado em mais de 60 casas e estabelecimentos comerciais de Belo Horizonte. O produto aquece a água em até 90 graus e pode ser instalado tanto na vertical quanto na horizontal, o que reduz o nível de agressão aos projetos arquitetônicos. O aquecedor foi desenvolvido na Alemanha há 15 anos e chegou no país há cinco meses.
Segundo Luiz Cláudio Manferrari, proprietário da Protermic, o Solterm reduz os custos do aquecimento de água, uma vez que é mais moderno e proporciona menos perda de calor. "É como se comparássemos um carro antigo com um modelo mais novo. Ambos são meios de locomoção, mas um cumpre melhor esse papel que o outro", afirma.