Cultura valorizada

Arquitetura e data de fundação do imóvel são alguns dos elementos avaliados pelo Conselho de Patrimônio Cultural da Prefeitura de BH antes de promover o tombamento

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postado em 18/06/2009 18:51
Casarão que hoje abriga o Colégio Promove era uma casa de dois andares no final do século 19 e foi restaurado em 1996 - Euler Junior/EM/D.A Press Casarão que hoje abriga o Colégio Promove era uma casa de dois andares no final do século 19 e foi restaurado em 1996
Luana Macieira

Antes de um imóvel ser tombado pelo patrimônio, ele passa por alguns processos, coordenados pela Secretaria de Patrimônio Cultural da Prefeitura de Belo Horizonte. Inicialmente, é feita uma solicitação de estudo da área, que pode partir do proprietário do imóvel, de alguma organização ou da Câmara Municipal. Depois, o Conselho de Patrimônio Cultural pede a abertura do processo de tombamento e, no final, é feito um estudo mais especializado sobre o imóvel, a área em que está e sua história.

Segundo a diretora de Patrimônio Cultural da Prefeitura de Belo Horizonte, Michele Arroyo, uma combinação de fatores determina se um imóvel preenche os requisitos para ser tombado. "A arquitetura da construção e a data de sua fundação são apenas alguns dos elementos avaliados antes de se promover um tombamento", diz.

Para qualquer intervenção em um imóvel tombado, como pintura ou alterações na fachada, é preciso aprovação pela prefeitura. As obras não podem descaracterizar a construção histórica e a demolição clandestina de casas reconhecidas como patrimônio prevê multa e até prisão do transgressor. "Os imóveis tombados têm um mérito cultural que não pode ser ignorado. Se você é proprietário de uma casa histórica e quer instalar ali um cursinho de inglês, por exemplo, precisa de aprovação da prefeitura antes de realizar qualquer obra, mesmo que não vá mudar as características do local. Damos assessoria ao proprietário ou inquilino do imóvel tombado e o ajudamos, caso ele tenha um projeto de reforma da unidade. Uma equipe de arquitetos, restauradores e historiadores ajuda no planejamento e acompanhamento da reforma", afirma Michele.

CONSERVAÇÃO

As construções antigas e bem conservadas costumam ser mais valorizadas quando usadas por estabelecimentos comerciais, restaurantes, lojas ou escolas. O Colégio Promove, na Avenida João Pinheiro, é um exemplo. Segundo a diretora da unidade João Pinheiro do Núcleo Promove de Ensino Médio, Rúbia Fantauzzi, além da valorização financeira do casarão depois de tombado, há a cultural. "Como aqui funciona uma instituição de ensino, os estudantes têm, na própria escola, um modo de trabalhar a questão do patrimônio e conservação de sua cidade", diz.

O casarão do Colégio Promove era uma casa de dois andares no final do século 19 e já funcionou como pensão, sapataria e lanchonete. O imóvel foi restaurado em 1996, como parte das comemorações do centenário de Belo Horizonte. Além da manutenção da cor original da fachada, os pisos de madeira foram reformados. "É muito interessante quando um imóvel concilia patrimônio e modernidade. Na frente do colégio temos uma construção do século 19 e atrás, um prédio moderno, de nove andares, que oferece aos alunos todas as facilidades dos novos empreendimentos", afirma Rúbia.

Para Michele Arroyo, um estabelecimento comercial que funciona em um patrimônio histórico também é mais valorizado pelos clientes, que apoiam comerciantes preocupados com a conservação da cidade. "Se puder escolher entre jantar em um restaurante que funciona em uma construção nova ou um que fica em um casarão da fundação da cidade, o belo-horizontino opta pelo antigo. Além da beleza da arquitetura de época, esses locais contam com um charme extra. É como se você estivesse em um lugar que respira cultura. O morador de BH gosta de saber que os comerciantes locais conservam os bens públicos".

A diretora de Patrimônio Cultural da prefeitura destaca que, a cada 10 anos, o inventário das construções tombadas é atualizado. Esse documento contém informações como o uso atual do imóvel, sua descrição com fotos e o atual estado de conservação. "Desse modo, temos controle sobre nossos bens culturais. É importante acompanhar o envelhecimento dessas construções e se elas são usadas como estabelecimentos comerciais, de serviço ou residencial", diz.
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