A chave da casa é delas

Mulheres são a maioria dos titulares de financiamentos habitacionais. Mães solteiras e as que sustentam a casa ganham mais pontos na seleção dos beneficiários dos programas

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postado em 20/08/2009 19:45
Mulheres são a grande maioria entre titulares de financiamentos do programa Lares Geraes, da Cohab, em 297 municípios mineiros. Em alguns deles, chegam a 74% do total, como em Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata, onde Nelsa de Souza (E) e Luciana Teix - Leonardo Costa/Esp.EM/D.A Press Mulheres são a grande maioria entre titulares de financiamentos do programa Lares Geraes, da Cohab, em 297 municípios mineiros. Em alguns deles, chegam a 74% do total, como em Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata, onde Nelsa de Souza (E) e Luciana Teix
Sandra Kiefer e Ricardo Beghini

Belo Horizonte e Visconde do Rio Branco -
Andréa, Alzira, Fernanda, Filomena, Edileusa são algumas das 18 proprietárias de casas próprias, contra apenas quatro homens, que moram na Rua José Leandro Neto, dentro do conjunto popular Dicalino Cabral, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nem mesmo os nomes masculinos das principais ruas e do próprio conjunto habitacional escondem a realidade de que as mulheres representam a grande maioria no programa de habitação Lares Geraes, lançado pela Cohab em 2006. Em alguns dos 297 municípios mineiros inscritos, as mulheres titulares de financiamento chegam a representar 74% do total, caso de Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata. O fenômeno se repete na Região Norte de Minas, com Pirapora (64%), e no Triângulo Mineiro, com Campo Florido (61,7%).

No programa de habitação da Cohab, as casas vistas aos longe seguem o padrão, mas os critérios de seleção do(a)s beneficiário(a)s foram aperfeiçoados em função dos novos tempos. A mulher "arrimo de família" ou mãe solteira recebe pontuação maior em relação a todos os demais candidatos. A prioridade dada às mulheres foi instituída pela Resolução Estadual 294/2007. Desde o início da aplicação da medida, 10.801 mulheres - ou seja, 56,4 % do total de mutuários - já assinaram contrato com a Cohab. "Elas têm preferência na entrega das casas, pois é comum o homem largar a mulher cheia de filhos e se mudar", define Sebastião Navarro, presidente da Cohab.

Leia a continuação desta matéria:
'Não acredito que consegui'

No programa do governo federal Minha casa, minha vida, vale o mesmo critério de desempate. Diante do interesse demonstrado pelo casal, o contrato das casas para famílias de renda até três salários mínimos é registrado sempre em nome das mães pela Caixa Econômica Federal. O mesmo ocorre no crédito imobiliário em geral, concedido pela Caixa. Segundo o superintendente regional Rômulo Martins, a proporção já atinge uma chave entregue a mulheres a cada duas repassadas aos homens no país. "Aqui tenho mais freguesas do que fregueses. As mulheres compram mais leite, pão e coisas para casa", revela Cláudia Pereira de Souza, de 34 anos. Dona da casa no conjunto Dicalino Cabral, em Betim, ela montou com o marido a Lima Mercearia, que foi assim batizada "por causa do sobrenome do marido e dos meus filhos".

Aos poucos, as novas proprietárias estão mudando o perfil do conjunto habitacional, que ganha serviços de costura, venda de salgados para fora e um salão de beleza caseiro. "Tenho uma clientela fixa de 30 amigas. Não posso colocar placa na porta nem divulgar mais, porque também tenho que cuidar da casa e do bebê", explica Marisa Pedrosa, de 25 anos, que cobra a partir de R$ 15 a escova nos cabelos. Outro caso de sucesso é o da salgadeira Fernanda Kelly da Silva, de 31 anos, que conta com a ajuda do marido, o pedreiro Bráulio Fernandes, de 30 anos, para ampliar a cozinha de menos de 5 metros quadrados. Sozinha, ela já fabrica até 160 salgados por dia e fornece para três bares nas imediações.
Cláudia Pereira de Souza comprou o imóvel em Betim e agora até ganha dinheiro na região - Emmanuel Pinheiro/EM/D.A Press Cláudia Pereira de Souza comprou o imóvel em Betim e agora até ganha dinheiro na região

O conjunto habitacional Mário Bouchadert Sênior, em Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata, apresenta o maior percentual de mulheres titulares de financiamento do estado. Elas são proprietárias de 74% das 100 casas entregues pela Cohab em abril. As ruas limpas e os jardins coloridos, aliados ao burburinho das tarefas domésticas do interior das casas, evidenciam que o local é mesmo um território feminino. "As mulheres são mais organizadas", diz a auxiliar de produção Nelza de Souza, de 36 anos.

O contrato de financiamento prevê a quitação do imóvel em 20 anos por meio de um sistema de amortização. As primeiras parcelas saem por pouco mais de R$ 80. A conquista de um teto próprio contribuiu no orçamento da vizinha Luciana Teixeira, de 34 anos. Ela e Nelza têm o mesmo cargo no frigorífico do município e trabalham das 15h às 2h. Luciana pagava R$ 200 de aluguel até se mudar para a Cohab III, como é conhecido o bairro. O valor correspondia a mais de 40% do salário de auxiliar de produção.
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