Casca de coco imita azulejo

Técnicas e produtos ecologicamente corretos impõem novo rumo à construção civil, que deve obedecer aos mesmos critérios exigidos no uso de material tradicional

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postado em 01/10/2009 15:34 Humberto Siqueira /Estado de Minas
Diretor da RKM Engenharia, Ricardo Alfeu aposta no reaproveitamento de entulhos para fazer novos materiais - Gladyston Rodrigues/Ao Cubo Filmes Diretor da RKM Engenharia, Ricardo Alfeu aposta no reaproveitamento de entulhos para fazer novos materiais
As novidades estão surgindo. Nem sempre competitivas no preço, mas ecologicamente corretas e com as mesmas garantias do material tradicional. Quanto maior a escala de uso, maior a produção e, com isso, a tendência é de os custos caírem. Mas a diferença dos preços já é pequena. Aos poucos, a indústria da construção civil está percebendo a necessidade de lidar melhor com as matérias-primas, sob o risco de se esgotarem os recursos em um futuro não tão distante.

Ricardo Alfeu, diretor da RKM, aposta no uso de pastilhas feitas com casca de coco e pisos revestidos com monomassa japonesa, que provoca o mesmo efeito visual do granito. "Além dos benefícios ecológicos ao se poupar os recursos naturais, a monomassa permite uma reposição mais fácil. Caso haja algum dano, o reparo é simples e mantém o mesmo aspecto visual da primeira aplicação", defende ele.

A empresa estuda o reaproveitamento de entulhos para fazer novos materiais. Quando possível, opta pela chapa feita de folhas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Ela pode substituir o aglomerado feito de serragem e usado na fabricação de móveis e divisórias. "Não se trata de uma tendência, é consciência mesmo. Até porque os clientes e as autoridades, por meio das leis, cada vez mais cobram ações nessa direção", garante. Agir sustentavelmente inclui gerar menos desperdícios, o que passa necessariamente pela qualificação da mão de obra.

Martha Leão, arquiteta da Construtora Patrimar, revela que a empresa tem feito estudos visando transformar os resíduos em matéria-prima para uma massa de concreto pobre, aquele usado em obras, mas que não precisa de grande resistência.

"A cada novo empreendimento buscamos novas opções sustentáveis", diz ela. A última novidade a ser introduzida é a descarga com dois botões. Um para liberar três e outro para seis litros. Ainda com relação à economia de água, a Patrimar passará a instalar medidores individuais em cada apartamento, vai introduzir um sistema para aproveitar a água das chuvas e construirá um poço artesiano.

Thiago Pedreira, gerente-geral de obras da Even em Minas Gerais, assegura não usar madeiras de procedência irregular. Exigimos sempre o Documento de Origem Florestal (Dof), que garante ser de reflorestamento. "Temos procurado aprimorar muito nosso trabalho, visando a sustentabilidade. Procuramos usar formas que otimizam o consumo de madeira e o reaproveitamento entre pavimentos. Fazemos revestimento direto na parede, sem uso de argamassa. Separamos e encaminhamos aço para reciclagem e adotamos um sistema de alvenaria modular que evita a quebra dos blocos e consequente geração de resíduos e desperdícios", enumera.

Durante a construção da fachada, Thiago opta por uma textura mineralizada totalmente reciclável. E com outro benefício: durante a aplicação, o material que cai no chão pode ser recolhido e reaplicado. Perda zero. Outra área onde se evitam perdas é com o piso elevado pré-fabricado. "Fazemos um estudo antecipado e o piso já chega cortado nas medidas certas".

A Even conta ainda com o Programa de Desempenho Técnico de Obras. Nele, os engenheiros que trabalham para a empresa devem apresentar uma proposta prática ambiental, que possa ser usada em todas as obras, visando a sustentabilidade. "É um caminho sem volta. Basta perceber que 70% dos nossos clientes mais ativos, que têm entre 28 e 35 anos, buscam informações sobre as atitudes voltadas para o meio ambiente adotadas pela empresa", afirma.
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