Especialistas ensinam como instalar as rede elétricas seguindo corretamente as normas técnicas vigentes no Brasil. Adaptações em apartamentos antigos pode sair muito caro
Eduardo Daniel, da Associação Brasileira de Certificação de Instalações Elétricas, diz que proteção é essencial
Para se precaver quanto a possíveis acidentes relativos a instalações elétricas realizadas sem a observância da legislação, a engenheira eletricista Cláudia Deslandes ressalta que, na hora da compra de um imóvel, é necessário exigir o projeto elétrico e a assinatura do engenheiro eletricista responsável. "Se houver algum acidente em função de falhas na instalação elétrica ele responderá criminalmente", conta. Conforme o gerente de Tecnologia do Sindicato dos Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo (Sindicel) e superintendente da Associação Brasileira de Certificação de Instalações Elétricas (Certiel Brasil), Eduardo Daniel, além da existência do condutor de proteção adequado e acessível, a instalação deve ter os demais dispositivos de proteção. "Como os adequados contra curto-circuitos, sobrecargas (disjuntores), de proteção diferencial (DR, que limitam as correntes de fuga de equipamentos a 30mA) e contra surtos (DPS, quando necessário)".
No caso de instalações existentes, o correto é se fazer uma adequação. O que dificulta essa prática, na opinião da engenheira eletricista, é o custo e as interferências com as outras infraestruturas da edificação. "Em um apartamento antigo, com certeza o circuito elétrico é constituído de dois fios, fase e neutro, que devem estar em uma tubulação, com diâmetro mínimo, muitas vezes em péssimas condições. Por isso, não adianta tentar passar o fio terra".
Para esse caso, há duas soluções, conforme Cláudia Deslandes: quebrar a parede e embutir uma nova tubulação com o diâmetro adequado ou colocar uma tubulação aparente, fixada externamente na parede. "Esta, por ter uma aparência melhor, é mais cara. Mesmo assim, o custo é bem menor que a perda de uma vida e de um equipamento elétrico".
O valor para a execução da obra é variável e envolve projeto, orçamento e execução, tudo acompanhado por um engenheiro eletricista, como ressalta Cláudia Deslandes. "Em residência de 80 metros quadrados, o custo dos cabos elétricos sem o fio terra é de R$ 1,5 mil. Já com o fio terra fica em R$ 2 mil. A colocação do fio terra representa menos que 0,5% do custo total da obra", estima.
Conjunto de providências na instalação elétrica que garante a transferência às partes metálicas acessíveis pelo usuário dos equipamentos energizados do potencial de terra do local. Assim, o doutor em engenharia elétrica Ronaldo Kascher Moreira define o sistema de aterramento. "Ele é necessário para a segurança humana porque a corrente elétrica, quando passa pelo nosso corpo, pode causar danos à saúde ou até a morte", enfatiza.
Ronaldo Kascher explica que, para que a corrente elétrica passe pelo corpo é necessário haver uma diferença de potencial (ou voltagem) entre partes do corpo, em geral entre os pés e as mãos. Um exemplo dado pelo professor é de choques que ocorrem quando se está tomando banho. "Isto se dá porque a pessoa, que está molhada - o que facilita a circulação de corrente pelo corpo -, encostou uma das mãos no chuveiro que, por mau funcionamento, estava energizado. Se a instalação estivesse bem projetada e instalada, utilizando convenientemente o condutor terra, ela não seria eletrocutada".
TOMADA
Exigir a presença de um sistema de aterramento nas edificações, do contato de aterramento na tomada e do pino de aterramento no plugue dos aparelhos classe I - com carcaça metálica e isolação básica - é a medida técnica mais básica e necessária para evitar os efeitos perigosos, conforme o consultor do Procobre, Hilton Moreno. "A presença desses elementos em uma instalação é similar à do cinto de segurança, airbag e freios ABS em um veículo. Sem eles, o veículo até funciona, mas de forma comprovadamente insegura no caso de acidentes", exemplifica.
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