Bairro ecológico Vauban, em Fribourg, Alemanha, uma área antiga revitalizada há alguns anos, onde são utilizados diversos mecanismos da vida sustentável
As primeiras comunidades surgiram na década de 1970, no Hemisfério Norte, como a Auroville, na Índia, e onde a Alemanha foi e é até hoje grande precursora. Simbolizando a busca por um novo modo de vida, mas diferentes das antigas comunidades alternativas, as ecovilas agora são reconhecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) como modelos de sustentabilidade, e já são mais de 15 mil no mundo, de acordo com a Rede Global de Ecovilas, maior entidade do setor, que tem associados no Brasil.
"Elas primam pela diminuição dos impactos ambientais desde os processos construtivos até todo o tempo de vida da edificação, passando pela fase de alvenaria, telhado e pisos, até o controle de emissão de poluentes e geração de lixo e esgoto, como fossa séptica que permite o reaproveitamento do lodo residual como matéria-prima para adubo nas plantações, que também é feito a partir da decomposição do lixo humano orgânico, devidamente separado. Nesses locais, os telhados verdes são apenas um item de todo um modo de viver ecológico, que muitas vezes significa mudanças radicais, certamente valiosas", ressaltam Daniel e Frederico. Essas comunidades também seguem documentos socioambientais de referência, como a Agenda 21, resultado da Eco-92, realizada no Rio.
A meta da ecovila indiana é se tornar uma cidade autosuficiente para 50 mil habitantes - hoje são cerca de 2 mil. Outro exemplo é Damanhur, no norte da Itália. Com mais de mil moradores de diversas nacionalidades, Damanhur tem Constituição e unidade monetária próprias, além de um jornal diário, escolas e uma universidade "livre".
As coberturas vegetais são apenas mais um item de toda uma outra concepção sobre o estar no planeta
Os arquitetos também citam o bairro ecológico Vauban, em Fribourg, na Alemanha, revitalizado há alguns anos, onde são utilizados mecanismos de reaproveitamento de água pluvial, iluminação e ventilação naturais, brises, compostagem de resíduos orgânicos, coleta seletiva, placas coletoras de energia solar, e há ocorrência de tetos verdes sobre algumas edificações.
Outra região revitalizada em Zurique, Oerlikon, era uma antiga área de galpões industriais que foi transformada em área residencial, onde também estão as coberturas vegetais. No Brasil, eles destacam o Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, em Pirenópolis (GO), funadada há 11 anos, que promove cursos e presta consultorias, onde estão cerca de cem famílias, além do Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica (Ipema), em Ubatuba, São Paulo, criada em 1999. "Depois de assistirmos a essa balela da COP-15, fica a certeza de que as mudanças partirão mesmo das ações individuais. No Brasil, por exemplo, o clima tropical dá todas as condições favoráveis para esses tipos de estrutura. O problema é a falta de informação, que não deixa crescer a demanda, o que esperamos que mude rapidamente", completam Daniel Quintão e Frederico Prates.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação