A volta do investidor

Imobiliárias esperam maior agilidade no julgamento dos processos de despejo e acreditam que aumento da oferta vai depender do Judiciário

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

- AMIGO + AMIGOS
Preencha todos os campos.
postado em 15/02/2010 16:56 Denise Menezes /Estado de Minas
Haldane Teixeira, da Rede Morar Brasil Brokers: mercado precisa se sentir seguro - Gladyston Rodrigues/Esp.EM/D.A.Press Haldane Teixeira, da Rede Morar Brasil Brokers: mercado precisa se sentir seguro
Para os agentes do mercado imobiliário, as mudanças implementadas na Lei do Inquilinato trazem mais segurança jurídica para os proprietários, mas o crescimento da oferta de imóveis para o aluguel vai depender da postura adotada pelo Judiciário na aplicação das novas regras nas ações de despejo. "Pela nova lei, o processo de despejo muda de maneira considerável. Porém, o investidor só se sentirá estimulado a recolocar seu imóvel para o aluguel ou a adquirir um imóvel para a locação se houver, de fato, maior agilidade nas ações de despejo do inquilino inadimplente", diz Haldane Teixeira, presidente da Rede Morar Brasil Brokers, que reúne 109 empresas imobiliárias em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Em sua avaliação, os reflexos na oferta das mudanças na Lei do Inquilinato, se existirem, serão sentidos a partir do segundo semestre deste ano. "O momento agora é de acompanhar o comportamento do Judiciário nas ações de despejo. Se os prazos estabelecidos pela nova lei forem cumpridos, o aumento da oferta se dará de forma gradativa, a partir do segundo semestre. Até a edição das mudanças tivemos muitos problemas com a morosidade do Judiciário, o que deixava o investidor receoso e ele precisa sentir na prática se a situação mudou", assinala.

Já Cinezio Geraldo Pereira, diretor da Atlântica Assessoria Imobiliária, informa que existe um otimismo em relação às melhorias que as mudanças na Lei do Inquilinato podem trazer ao mercado de locação e, com a entrada em vigor das novas regras, já crescem as consultas de investidores interessados em aplicar recursos na compra de imóveis para aluguel. "Até a mudança na lei, não eram raras as situações em que o investidor comprava o imóvel para mantê-lo fechado, interessado apenas nos ganhos com a valorização do bem. Mas há um certo otimismo no mercado com a agilização dos processos de despejo prevista na nova lei e já estamos recebendo consultas de pessoas interessadas em investir em imóveis para a locação que se sentem encorajadas a entrar no negócio em função dessa maior segurança."

MELHOR REMUNERAÇÃO

Na avaliação do presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG), Ariano Cavalcanti, um conjunto de fatores aponta para o crescimento da oferta de imóveis no mercado de locação. "No ano passado, já registramos um crescimento significativo na oferta de imóveis residenciais, decorrente da melhor remuneração da locação. Até há pouco tempo, a remuneração do imóvel alugado era em média menor que 0,5% ao mês sobre o valor do bem e o investidor preferia aplicar seus recursos no mercado financeiro. Hoje, a locação traz rentabilidade média entre 0,7% e 1%, competitiva em relação às aplicações financeiras, sem contar a valorização do imóvel. Isso trouxe de volta o investidor para o mercado de locação." Segundo ele, as mudanças vieram para completar esse conjunto de fatores favoráveis.

Em linha se raciocínio semelhante, José De Filippo Neto, presidente da Rede Netimóveis, considera que antes mesmo de implementadas as mudanças na Lei do Inquilinato já havia no mercado tendência de aumento da oferta de imóveis, embora reconheça que o número de unidades disponíveis para aluguel esteja aquém da demanda. "Desde a deflagração da crise financeira mundial, temos percebido o retorno do investidor ao mercado de locação, que ficou assustado com a volatização de outras aplicações. Como o imóvel sempre foi um ativo real seguro e agora permite uma rentabilidade compatível com as aplicações financeiras mais conservadoras, o investidor se sentiu mais estimulado a aplicar seus recursos no mercado de locação".

Com as mudanças na lei, José De Filippo espera que essa tendência de aumento da oferta se acentue, porque é ainda grande o desequilíbrio entre o número de imóveis disponíveis e a demanda para aluguel nos segmentos residencial e comercial.

Os números mais recentes apurados por levantamento mensal realizado pelo Instituto Ipead, em parceria com a CMI/Secovi-MG, mostram que a oferta de imóveis residenciais em Belo Horizonte cresceu, nos 12 meses encerrados em novembro de 2009, 25%. Já a oferta de imóveis comerciais caiu, no mesmo período, 2,3%.
Comentários Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação
600

Últimas Notícias

ver todas
07 de julho de 2023
05 de julho de 2023