Veja fotos das sete colunas arquitetônicas de BH
As mudanças na arquitetura da região mais movimentada da capital retratam as etapas do seu desenvolvimento urbano, desde que a cidade foi fundada até ela se consolidar como metrópole. Essa metamorforse é dividida pelo arquiteto Carlos Roberto Noronha, presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), em sete fases de transição. Seis são simbolizadas por colunas de edificações e a última pela estrutura montada para iluminar o quarteirão fechado da Rua Rio de Janeiro, entre a Rua Tamoios e a Praça Sete. "As colunas foram pesquisadas em edificações religiosas, públicas, industriais, residenciais, comerciais e espaços públicos. São elementos gráficos que representam imóveis ainda existentes no Centro, elementos tipológicos referenciais aos diferentes estilos arquitetônicos", destaca Noronha.
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Diversidade de estilos
História em transição
A Capela do Rosário foi projetada pela comissão construtora da nova capital, chefiada por Aarão Reis, para substituir à que foi derrubada no então Largo do Rosário, no arraial de Curral del-Rei. A antiga ficava onde hoje é o cruzamento das ruas da Bahia com Guajajara e foi demolida para a abertura de vias. As colunas da igreja atual, com capacidade para 200 fiéis, emolduram sua única entrada. É elemento recorrente em construções do ecletismo, estilo preponderante nas construções da capital no fim do século 19 e início do 20, explica o presidente do Iepha.
Monsenhor Geraldo dos Reis Calixto, capelão da igreja, lamenta a construção de imóveis rentes à edificação centenária
O próximo passo será substituir as madeiras do teto, danificado por caruncho. A reforma terá de ser feita por especialistas, o que demandará recursos do patrimônio municipal. "Trabalhamos com muita responsabilidade e agimos com consciência por zelar essa edificação, para que a história da cidade continue sendo contada por seus monumentos", afirma monsenhor Geraldo.
ART DÉCO
Os pilares do Edifício Industrial, construído em 1907 às margens do Viaduto Santa Tereza, fazem parte da segunda fase da arquitetura da cidade. "A segunda tipologia de colunas representa a criatividade dos artífices na composição de elementos decorativos. Mostra , estilizada, uma palmeira tropical", salienta Noronha. Os ícones da terceira fase da transformação do Centro estão no prédio da Prefeitura de Belo Horizonte, inaugurado em 1935 no número 1.212 da Avenida Afonso Pena. "São colunas que representam um novo momento na arquitetura, o art déco, com forte presença nos anos 1930 e 1940. Sua composição é marcada pela base retangular e frisos horizontais em baixo relevo".
Na sequência da linha do tempo da metamorfose arquitetônica do Centro da cidade aparece o Edifício Argélia, erguido na Avenida Augusto de Lima em 1957, com seus cinco pilares na fachada
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Cultura valorizada
O sexto elemento é encontrado no prédio de número 527 da Avenida Amazonas, inaugurado ao lado do Edifício Dantés e onde funciona atualmente uma agência bancária. "É um pilar retangular, recoberto com pedras irregulares. Este revestimento é muito encontrado em construções residenciais de outros períodos e voltou a ser usado nos anos de 1970", diz. Fechando a ordem cronológica das colunas, ele destaca o projeto do arquiteto Gustavo Pena, de 2004, para a requalificação do Centro. "Trata-se de estrutura em aço para iluminação do quarteirão fechado da Rua Rio de Janeiro, material muito presente na arquitetura contemporânea".
Mesmo com tantas mudanças, o Centro de Belo Horizonte se mantém como polo de atração e convergência da capital. Tanto que, para os belo-horizontinos, ir ao Centro significa ir à cidade. "Apesar de todas as transformações ocorridas, da perda de edificações e espaços simbólicos, da saturação da infraestrutura urbana, o que popularmente é conhecido como Centro é, ainda, a área de maior diversidade cultural, permitindo uma interação entre os diferentes segmentos sociais", afirma Noronha.