Construtores se orientam por dados divulgados pela Expertise Inteligência e Pesquisa de Mercado e buscam áreas em regiões mais distantes para novos empreendimentos
Diretor do Sinduscon-MG, Bráulio Garcia diz que futuro da construção civil passa por empreendimentos simples
A proximidade do local de trabalho é muito importante para 73% dos consumidores. Se a empresa na qual eles atuam mudasse para uma região distante, 46% alegam que provavelmente mudariam de residência para ficar mais perto da firma. A pesquisa, realizada pela Expertise Inteligência e Pesquisa de Mercado, traçou um perfil do comportamento daqueles que já têm e dos que ainda vão adquirir a casa própria.
Dos entrevistados, 79% revelaram não estar comprometidos com qualquer financiamento no momento. E 16% deles compraram algum tipo de imóvel. Grande parte já tem um e, mesmo assim, demonstra interesse em adquirir outro imóvel. Isso, segundo diagnóstico apresentado pela empresa, demonstra que o mercado está aquecido, principalmente se considerados os hábitos de movimentação da população, com média de mudança residencial a cada 15 anos. A quantidade de imóveis residenciais alugados apresenta queda expressiva nas últimas duas décadas, descendo de 30%, em 1990, para 9%, atualmente.
O movimento de compra de imóveis tem se caracterizado como de upgrade, seja em relação às características do produto, localização ou outros aspectos. A partir do percentual de imóveis efetivamente adquiridos nos últimos dois anos e outras variáveis, a equipe da Expertise estimou o Valor Geral de Vendas (VGV) dos diversos produtos imobiliários convertidos recentemente em R$ 12,7 bilhões. A maior parte deles tem valores de até R$ 200 mil. Porém, o maior volume de aquisições se deu entre os representantes das classes mais altas, com R$ 6,3 bilhões do total.
A Região Centro-Sul foi a preferida pelos consumidores, que adquiriram um ou mais imóveis no último biênio, destacando-se as microrregiões do Buritis (8%), Lourdes (7%) e Savassi (6%). Nova Lima e Brumadinho foram citadas por 6% dos consumidores. Outros dois dados chamam a atenção. O primeiro é o de que 28% das vendas realizadas para o público com ganhos entre R$ 6 mil e R$ 10 mil foram feitas como forma de investimento. O segundo é que, dos compradores, 35% têm idade entre 50 e 59 anos; 26%, 60 anos ou mais; 22%, de 40 a 49 anos; 11%, de 30 a 39 anos e 6%, até 29 anos.
Atualmente, 27% do público-alvo da pesquisa pretende adquirir algum tipo de imóvel nos próximos dois anos. Entre eles, 48% optariam por um imóvel novo. Com os dados de intenção de aquisição de imóveis e outros, a equipe calculou um VGV para os diversos produtos imobiliários demandados em R$ 45 milhões até 2018. Questionados sobre as regiões preferidas, os consumidores responderam de forma expontânea: Savassi e Buritis (7%), Lourdes, Barroca e Belvedere (6%). A região próxima ao centro administrativo do governo é tida como a que mais crescerá, com 31% das respostas dos entrevistados.
Segundo Bráulio Franco Garcia, diretor da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil em Minas Gerais (Sinduscon-MG), o futuro da construção civil realmente passa por empreendimentos mais simples. "O programa Minha casa, minha vida trouxe ótimas perspectivas para os empresários investirem em apartamentos de até R$ 200 mil. Então, a tendência, até por uma questão de áreas disponíveis, é construir em bairros mais distantes, como o Betânia, Silveira, Camargos e Sagrada Família. Serão empreendimentos grandes, com apartamentos de três quartos e 80 metros quadrados. Savassi e Lourdes já não têm áreas disponíveis e seus preços são superiores. Até o Buritis já está ficando saturado", afirma.
ATRATIVOS
Entre as características citadas e que tornam o empreendimento mais desejado, o destaque vai para o menor número de apartamentos por andar (50%), prédio com menor número de apartamentos (48%) e porteiro 24 horas (42%). Por outro lado, 51% se mostraram indiferentes a piscinas, 47% a academias e 42% a revestimento de granito.
Apenas 20% dos entrevistados contam com empregadas domésticas que dormem no domicílio, o que sugere aos construtores ser desnecessária a dependência de empregada. Mesmo para o público que ganha acima de R$ 20 mil, o índice é baixo (32%).
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