Volta pelo bairro Dom Bosco revela passado rural

Área da Região Noroeste de Belo Horizonte surgiu a partir do povoamento da antiga região conhecida como Ressaca, onde propriedades rurais marcavam a paisagem na década de 1950

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

- AMIGO + AMIGOS
Preencha todos os campos.
postado em 28/07/2010 15:00 Júnia Leticia /Estado de Minas
Antigamente a rua não tinha asfalto, não havia luz e a água era da cisterna - Maria Izabel de Faria Mendes, aposentada - Eduardo Almeida / RA Studio Antigamente a rua não tinha asfalto, não havia luz e a água era da cisterna - Maria Izabel de Faria Mendes, aposentada

A história do Bairro Dom Bosco, na Região Noroeste de Belo Horizonte, começou com a subdivisão de parte da Fazenda do Pastinho, aprovada em 1950. Uma das grandes propriedades que compunham a cidade no seu início, a propriedade pertencia ao coronel Júlio Murta, um dos homens mais ricos e influentes da nova capital. Com uma ocupação tipicamente rural no início de Belo Horizonte, o Dom Bosco estava em uma área completamente desvinculada do ambiente urbano que era conhecida como Ressaca.

Pequeno povoado pertencente ao município de Contagem, a Ressaca foi constituída para apoiar as fazendas de gado, principal produto da região. O povoado recebeu esse nome devido ao Córrego da Ressaca e a uma fazenda que existia no local. Naquela época, para chegar a Belo Horizonte, era necessário passar pela Estada Velha da Ressaca, atual Avenida Abílio Machado, e pela antiga Rua Contagem, que hoje tem o nome de Padre Eustáquio. Por elas é que passavam carroças transportando alimentos para as regiões de Sabará e Santa Luzia e, mais tarde, para a capital.

O cenário começou a mudar a partir da década de 1940, quando surgiram na cidade, especialmente na região da Ressaca, vários loteamentos clandestinos que não foram totalmente ocupados de imediato. Moradora desde 1962, a aposentada Maria Izabel de Faria Mendes conta que o bairro também pertenceu ao bilionário Antônio Luciano Pereira Filho, que, devido às invasões, o loteou e vendeu.

Segundo ela, que é casada com um policial civil, foi a partir daí que a situação melhorou. As construções ficaram mais modernas e as casas foram ampliadas. Mesmo assim, quando Maria Izabel Mendes se mudou para o bairro, ele carecia de infraestrutura. “Antigamente a rua não tinha asfalto, não havia luz e a água era da cisterna.”

Antigamente a rua não tinha asfalto, não havia luz e a água era da cisterna - Maria Izabel de Faria Mendes, aposentada

Dona da primeira escola do bairro, o Jardim Cirandinha Dom Bosco, que funcionou entre 1965 e 1975 atendendo a crianças de 3 a 6 anos, Maria Izabel Mendes lembra que até para estudar era difícil. “As crianças tinham de pular o córrego que passava atrás da minha casa. Agora eles canalizaram tudo”, conta.

A situação melhorou também no que diz respeito ao acesso a serviços e ao comércio. “Temos supermercado, casa lotérica, sacolão, farmácia, escolas e a Praça Orlando Silva, em frente à Paróquia São João Bosco, que foi ampliada”, conta a aposentada. Aliás, são as festas da igreja um dos principais motivos para a integração dos moradores. “Tem Festa Junina, do Dia das Mães, baile no salão paroquial e outras”, exemplifica.

A Paróquia São João Bosco fica na principal via do bairro, a Avenida Ivaí. Mas o Dom Bosco também tem a Brigadeiro Eduardo Gomes, outra importante avenida da região. Por elas passam os ônibus 9407 (Alto Vera Cruz/Dom Bosco), 4034 (Novo Dom Bosco/Savassi via Padre Eustáquio), entre outros.

MERCADO

Formado basicamente por casa e prédios de três pavimentos, o Dom Bosco não tem muitas opções de imóveis para venda ou aluguel. Mas, segundo estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Fundação Ipead/UFMG), em abril os valores praticados para aluguel de casas e apartamentos de dois quartos no bairro eram de R$ 490 e R$ 480, respectivamente.

Os valores foram obtidos de acordo com o Mapa da Classificação da Renda em Belo Horizonte, que considera o Bairro Dom Bosco como de padrão popular. A classificação é obtida considerando-se a renda média mensal na região, que, no local, é inferior a cinco salários mínimos.
Comentários Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação
600

Últimas Notícias

ver todas
07 de julho de 2023
05 de julho de 2023