Ventilação natural

O homem vem conseguindo muitos avanços no processo construtivo, mas ainda peca quando prioriza a modernidade em detrimento do meio ambiente

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postado em 19/08/2010 07:54 Elian Guimarães /Estado de Minas
Edifício do Cotemig elimina quinas, facilitando a visão e a interatividade entre alunos e professores  - Beto Novaes / EM / DA Press Edifício do Cotemig elimina quinas, facilitando a visão e a interatividade entre alunos e professores
Nos últimos tempos, o homem vem rompendo cada vez mais com a arquitetura sustentável. Partiu para algo novo, artificial e descabido. Mas paga caro, uma vez que não há preocupação com o meio ambiente, levando à criação de zonas de calor, impermeabilização do solo, ausência de árvores e praças. A arquitetura se torna muito difícil em um mundo onde o mercado de construção não é sustentável, com currículos universitários que não formam arquitetos e engenheiros preocupados com a sustentabilidade. Essa é a conclusão do arquiteto e ex-professor da UFMG Sebastião Lopes.

Para ele, uma boa arquitetura dura a vida toda. Se é ruim, é demolida. Mas Lopes acredita que há uma retomada do caminho da sustentabilidade: Não preciso de um caixote de vidro no Brasil, o que torna um prédio uma estufa. O ar-condicionado, por exemplo, é a pior tecnologia do século 20, diz. Ou se avança nessa tecnologia, de forma a não prejudicar a saúde, ou se bane o equipamento, radicaliza.

O arquiteto lembra que tem conseguido alguns avanços, como por exemplo, o novo prédio da instituição de ensino Cotemig, no Barroca, Região Oeste de BH, projetado por ele, que tem um sistema de ventilação natural. Agregada ao pé-direito alto e a alguns materiais, a ventilação é fundamental para a climatização de um prédio. O edifício foi projetado com uma planta no formato de leque, semelhante a um semicírculo. Essa estrutura elimina as quinas dos espaços internos, tornando-se mais acolhedora, aproximando as pessoas e facilitando a visão e interatividade de alunos e professores dentro das salas de aula e laboratórios.

Denomina-se sustentável a arquitetura adequada ao meio ambiente. O iglu do esquimó, por exemplo, é sustentável porque no Polo Norte não tem terra, tijolo, pedra, areia ou árvore. A casa é de gelo. O homem do deserto tem arquitetura própria, não tem energia elétrica. Tanto o deserto do Novo México, na Califórnia, quanto o do Saara, no Egito, têm a mesma técnica de construção adequada ao ambiente. A adaptação da sobrevivência ao meio é que contrapõe a arquitetura moderna, contemporânea. Hoje, é uma arquitetura universal, que se faz no Canadá, em Paris, no Brasil. O exemplo clássico são os prédios envidraçados. Num país tropical, é preciso ligar o ar-condicionado.

VALORES Nos países árabes, por exemplo, a arquitetura é uma questão de sobrevivência. Lá se consegue, sem energia elétrica, fazer uma casa quente à noite, quando há inversão térmica grande, e fresca durante o dia.

Na Espanha, palácios e residências são adequados ao meio ambiente. A evolução da arquitetura bioclimática mostra a ventilação permanente da sua sala, o pé-direito alto, um pátio avarandado. São valores que tínhamos na nossa arquitetura colonial e que se perderam.

Um arquiteto francês, na década de 1940, fez o pé-direito baixo, com 2,40m, e, logicamente, a indústria e o mercado imobiliário abraçaram o estilo, porque possibilita a construção de mais andares em um prédio e a redução de custos.
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