Raridades fazem sucesso

Antiquários de Belo Horizonte reúnem acervos de idades variadas. Com um olhar mais apurado é possível conseguir peças de qualidade para enfeitar vários tipos de ambientes

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postado em 19/02/2011 17:58 Joana Gontijo /Lugar Certo
Juvenal, da Badulaques, gosta de conhecer a origem das peças do acervo da loja  - Joana Gontijo/Portal Uai/D.A.Press Juvenal, da Badulaques, gosta de conhecer a origem das peças do acervo da loja
O nome pode remeter a quinquilharias. Mas, na Badulaques, loja inaugurada em 2005 na Floresta, em BH, só tem raridade dos séculos 18, 19 e 20. A geladeira General Eletric datada de 1948 tem congelador pequeno, apenas para o gelo, com o restante do espaço amplo para armazenar alimentos (sai por R$ 1,2 mil). O armário império de 1912 em pinho de riga (madeira do leste europeu) conserva as manchas típicas, tem duas portas, interior todo vazado, florões em grandes entalhes, um gavetão para guardar roupas de cama (vendido por R$ 3,8 mil). O gramofone do século 18 todo feito em jacarandá veio de família da Europa e está sendo restaurado, valendo entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil. Eram peças de extremo bom gosto, para ouvir discos de uma música só: uma ópera, marchinha de carnaval, com qualidade de gravação, como explica o proprietário, Juvenal Moreira Júnior.

Ele caminha pela loja com o conhecimento de um historiador. Explica as origens do moedor de café (R$ 480); o ferro com braseiro de carvão, pesado e desconfortável (R$ 50); os armários mineiros vindos de fazendas e casarões, feitos com uma policromia na frente com folhas, ramalhetes, frutas, peça rústica para guardar mantimento (R$ 1,8 mil); as cadeiras vintage da década de 60, em cores mais vibrantes, giratórias, confortáveis (R$ 1,5 mil o par); a radiola Philips com pick up escondido, pé palito, em volta da qual as famílias costumavam fazer festas animadas (R$ 1,2 mil); a namoradeira Luís XV, com acabamento em folha de ouro, tecido captonado (R$ 2 mil); a cristaleira que era uma vitrine de farmácia antiga do século 18, com respiradores, toda em vidro, laterais de madeira (R$ 1,7 mil); além dos conjuntos de taças de cristais (R$ 1,5 mil), os bibelôs franceses (entre R$ 250 e R$ 300), a luminária francesa em pit bronze (R$ 1,2 mil), a mesa art noveau acompanhada do buffet em pátina branca (R$ 3 mil e R$ 2,5 mil), sofás, rádios, relógios, telefones, porcelanas. O local é uma verdadeira galeria de cultura. "Eu gosto da história do móvel, de conhecer a essência da peça. Se está danificada, fazemos o restauro, colocando-a em condições quase de nova. O gostoso é ver o brilho nas pessoas que gostam de antiguidade, ver as pessoas imaginando a casa, o cenário. Isso me fascina muito. Vender ideias e bom gosto", diz Júnior.

Para ele, o clima em uma casa com antiguidade é nostálgico. Remete à casa da avó, a um cenário de revista ou novela, retratando tendências de estilos. "Os móveis hoje estão sendo transformados com pinturas diferenciadas, novos tecidos, misturando e criando um clima entre o novo e o antigo muito harmonioso. Hoje os arquitetos e designers estão muito interessados em contraste nos ambientes. Colocar uma mesa antiga com cadeiras novas, ou o contrário. As novelas chamam atenção para peças antigas, uma geladeira, uma televisão. Está tudo muito eclético".

Para conseguir as peças, o comerciante garimpa em fazendas, cidades históricas, e muitas vezes encontra objetos únicos escondidos em porões ou no canto de uma sala. Os clientes muitas vezes são turistas e cresce outro público grande de pessoas que compram casas antigas para revitalizar e procuram o moveleiro da época para recompor os ambientes como eram antes. "Este mercado é muito promissor e saudável, sem crise, porque quando a pessoa gosta do produto, não questiona preço, quer ter a peça no ambiente que visualizou", comemora Júnior.

Os sócios Rodrigo Savassi e Fernanda Jardim, da Santorini, dizem que a maior parte dos objetos vem de pessoas que estão de mudança - Joana Gontijo/Portal Uai/D.A.Press Os sócios Rodrigo Savassi e Fernanda Jardim, da Santorini, dizem que a maior parte dos objetos vem de pessoas que estão de mudança


TRADIÇÃO

Na Marco Grilli Antiguidades, loja que existe há 40 anos no Lourdes, as peças vêm do interior de Minas, de outros estados e do exterior. Trabalhando com o padrasto, Marco Grilli, e a mãe, Soraia Nunes, Breno Nunes acredita que a antiguidade carrega um diferencial. "Acho que hoje em dia as pessoas gostam no contraste na casa, não mais tudo muito certinho. Então é interessante misturar uma coisa moderna com outra antiga, chama a atenção". Já no antiquário San Martin, também no Lourdes, a aposta dos proprietários Ana Lúcia Abreu, César Augusto Santana e Melissa Abreu Teixeira é no glamour.

"Fui criada no meio de antiguidades, sempre gostei, depois que meus filhos cresceram resolvi fazer isso. Aqui estou no ramo há 22 anos, e garimpo tudo. Viajo muito pelo Brasil, e pelo exterior, em feiras, nos EUA, Europa. As peças vão de preços acessíveis a outras bem mais caras. Uma antiguidade significa requinte, cultura, berço", conta Ana Lúcia. "É glamour, história", completa César. No antiquário é possível encontrar fruteiras, jarros, pratos, artigos sacros, prataria, porcelana, mesas do século 19, móveis do barroco mineiro, dentre outros. "Quando entro em uma casa sem antiguidade, sinto falta deste elemento cultural, de sentimento, arte, de pertencimento às origens", diz Ana Lúcia.
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