Saiba como se organizar para construir sua casa

Para que tudo saia dentro do previsto, é preciso seguir várias etapas. A primeira delas, é claro, passa pela determinação do que será feito, de acordo com os recursos financeiros disponíveis. “A segunda é definir o local da construção com a aquisição de um terreno adequado às necessidades da família”, explica o engenheiro civil e professor Dalmo Lúcio Mendes Figueiredo. Depois, vem a contratação de um arquiteto com conhecimentos específicos, experiência em projetos similares e que seja registrado no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea). Nesta hora, as referências são essenciais. “Nesta fase, deverá ser elaborado memorial com as especificações dos materiais e serviços.”

A próxima etapa consiste no desenvolvimento dos demais projetos: sondagens do terreno, cálculo estrutural e fundações, instalações e outros, como enumera o professor da UFMG. “É importante a contratação de um profissional que coordene a congruência desses projetos, fazendo com que as etapas previstas sejam cumpridas e os diversos projetistas solucionem as interfaces dos projetos. Esse trabalho poderá ser realizado pelo engenheiro civil que virá a conduzir a obra.”

A contratação de um orçamento detalhado e a elaboração de um cronograma das etapas da obra são os próximos passos. “O orçamento deverá ser checado com a disponibilidade financeira da família ou, caso necessário, direcionar pedido de financiamento em carteira imobiliária de um banco”, indica Dalmo Figueiredo.

Como é normal uma certa empolgação durante a elaboração do projeto, cabe ao profissional contratado alertar quanto aos custos para executá-lo. A atitude evita mal-estar e decepção no decorrer da obra. “O planejamento evita esse tipo de transtorno, que é a obra sem fim. Levantamento de custos, prazos, fornecedores e orçamentos são fundamentais”, alerta a arquiteta Ana Andrea Barra.

PROFISSIONALISMO
Por fim, será elaborado um planejamento da obra pelo engenheiro civil responsável pelos serviços, considerando as datas previstas para a conclusão de cada etapa, os recursos disponíveis, entre outros aspectos. “Também deve contemplar a avaliação da qualificação do pessoal necessário, dimensionamento da mão de obra nas diversas etapas e as épocas de aquisição de materiais, serviços e equipamentos”, completa o professor da UFMG.

A arquiteta Ana Andrea Barra destaca a importância do engenheiro para fazer o estudo do terreno onde o empreendimento será construído. É ele quem verá se o local oferece as condições necessárias ao tipo de construção que a pessoa tem em mente. “Além disso, é preciso verificar junto à prefeitura qual o tipo de construção permitido no terreno”, acrescenta.

No caso das obras que tiveram de ser interrompidas por algum imprevisto orçamentário ou mesmo que foram feitas sem planejamento e não terminam nunca, o conselho do professor Dalmo Figueiredo é buscar um entendimento entre os proprietários e o profissional gestor da obra.


Aí, é partir para a readequação dos espaços construídos, das especificações e definição de prioridades para a conclusão do imóvel de maneira a torná-lo habitável. “O equacionamento da questão financeira deverá ser primordialmente observado. Pode ser contemplado um cronograma mais dilatado ou um financiamento habitacional”, sugere.

O arquiteto, engenheiro e professor João Diniz também atribuiu à falta de planejamento adequado quando as obras têm de ser interrompidas antes de sua conclusão. “Não houve avaliação precisa e ponderada das reais necessidades e as relações dessas com o orçamento disponível. Provavelmente, não houve profissionais adequados a aconselhar e discutir com o proprietário seus desejos e possibilidade de realizá-los”, analisa.

Para dar continuidade à construção, João Diniz recomenda cautela. É preciso ponderar as reais necessidades, tentando não aumentar muito o projeto, o que significa aumento de custos. “Cada decisão tem o seu preço e seu prazo. Não existem milagres em construção”, conclui.