Compra sem riscos

Economizar na hora de avaliar os prós e os contras para a aquisição de determinado terreno pode acarretar efeito contrário, gerando gastos inesperados

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postado em 16/09/2011 13:17 Celina Aquino /Estado de Minas
As sócias Patrícia Guerra e Roziane Faleiro aconselham escolher o terreno de acordo com o tipo de casa que se tem em mente - Juarez Rodrigues/EM/D.A Press As sócias Patrícia Guerra e Roziane Faleiro aconselham escolher o terreno de acordo com o tipo de casa que se tem em mente
Levou tempo, mas você conseguiu encontrar o terreno que sempre desejou, sem nenhuma pendência na Justiça. É hora de iniciar a obra? Não. Antes de pensar na casa, é necessário analisar outras características do lote, tão importantes quanto a documentação, para não correr o risco de executar um projeto que não se encaixa bem no espaço. Isso pode gerar gastos que não estavam previstos.

Nessa etapa, o profissional que projetará sua casa precisa conhecer melhor o espaço. Ele vai se informar sobre a medida exata do terreno, o zoneamento, cota altimétrica, que estipula a altura máxima permitida para a construção, afastamentos frontal e lateral, entre outras. Todos esses dados estão disponíveis em um documento chamado Informação Básica, que consta na guia do IPTU e deve ser retirado na prefeitura. “É preciso escolher o terreno de acordo com o tipo de casa que o cliente quer. E, quanto antes for feito o levantamento, melhor o resultado”, afirma a arquiteta Patrícia Guerra, sócia na Faleiro Guerra Arquitetura.

Além disso, existe a possibilidade de o terreno estar em uma área de diretrizes especiais (ADE), que tem normas mais específicas. Se estiver próximo da Serra do Curral, por exemplo, a construção não pode ser muito alta. Perto da Lagoa da Pampulha há outros parâmetros que podem restringir o projeto além da legislação básica. Nesses casos, a preocupação com o patrimônio e o meio ambiente é decisiva.

Por isso, os profissionais preferem visitar o lote antes de pensar no projeto para ver se o desejo do cliente se encaixa no espaço. A sócia de Patrícia, Roziane Faleiro, cita o caso de um cliente que queria construir no Bairro Buritis. “O terreno tinha uma forma irregular. Na hora em que calculei os afastamentos e os demais condicionantes, e, por estar inserido na ADE, vi que só daria para construir uma casa muito pequena. Aí ele percebeu que aquilo que sonhava era incompatível com o terreno”, conta. A solução foi desistir da compra e continuar a busca.

As arquitetas lembram que também é preciso analisar a insolação e ventilação no terreno. Sempre que possível, os quartos devem ficar voltados para a direção do sol. “Se tem uma piscina, o ideal é que ela fique virada para o Norte para ter sol o dia todo. Já o poente é ótimo para a área de serviço, pois as roupas secam mais rapidamente”, explica Patrícia, que se preocupa em garantir uma boa ventilação à casa.

Patrícia e Roziane aconselham, ainda, o levantamento planialtimétrico, que é feito por um topógrafo. Ele vai medir as curvas de nível do terreno para que o projeto arquitetônico se adapte às formas originais, o que vai reduzir os custos da obra e respeitar a vizinhança. “Às vezes, o cliente quer uma casa plana, mas o terreno tem alta declividade. Se a laje ficar no nível da rua, o vizinho que construiu aproveitando a curva do terreno vai ser obrigado a ficar olhando para aquele tanto de pilares”, comenta Patrícia.

PROJETO

Só depois de ter a Informação Básica, o levantamento planialtimétrico e o estudo da legislação, aliados à vontade do cliente, que surge o esboço da casa. “Com todos esses documentos, vamos começar a trabalhar o projeto”, explica Roziane. Em seguida, o engenheiro responsável pelo projeto estrutural solicitará a análise do solo para definir o tipo de fundação que será utilizado. Esse cálculo mostrará se a construção é viável ou não naquele lugar.

Projeto aprovado e alvará de construção em mãos, inicia-se a obra. A diretora administrativa e comercial da Construtora Carrara, Luciana de Castro Morais, destaca que a documentação precisa estar sempre atualizada e a placa colocada na entrada do terreno, chamada de responsabilidade técnica (RT), é obrigatória. A obra pode até ser embargada. “Por tudo isso, é sempre bom contar com a orientação de um corretor, um arquiteto e um engenheiro na hora de comprar um terreno”, resume Luciana.

Tags: riscos

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