A experiência mostra que em prédios com hidrômetros individuais a economia pode chegar a 20%. A razão não é a troca do equipamento, como pode-se imaginar. “O morador sabe quanto consumiu no mês. Caso perceba que está gastando muito, vai tentar mudar seus hábitos. Passa a tomar banho mais rápido, fecha a torneira enquanto escova os dentes ou junta mais roupa para lavar de uma só vez. Só a mudança de atitude já baixa o consumo de água”, observa o diretor da Green Gold Engenharia, Júlio Fonseca.
Não é apenas a economia que faz aumentar a procura por medição individualizada de água. O que mais interessa ao condomínio é tornar mais justa a divisão. “Cada um deseja pagar pelo que realmente consumiu, a exemplo do que ocorre com a energia elétrica. No prédio tem o relógio do condomínio e de cada apartamento”, destaca o diretor da administradora de condomínios Opala Marcos Nery, associado da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG). Ele também acredita que a mudança pode ser uma ferramenta de combate à inadimplência. “Quem deixa de pagar o condomínio é punido com apenas 2% de multa. Não fica sem água, porteiro, elevador, coleta de lixo, faxina. Se, na reconvenção, for previsto o corte a água, ninguém vai deixar de pagar a taxa.”
Para instalar o hidrômetro individual em prédios antigos, é preciso ficar atento ao procedimento legal. Nery explica que o primeiro passo é alterar a convenção do condomínio para incluir uma cláusula permitindo o sistema individualizado de água. A mudança só vale se 2/3 dos moradores aprovarem. Em seguida, o síndico deverá registrar a alteração no cartório de registros de imóveis e informar por escrito, com carta protocolada, todas as unidades do prédio. Só depois é permitido iniciar a reforma.
O diretor da Green Gold Engenharia diz que a instalação dos hidrômetros individuais é rápida e simples. Em média, os gastos chegam a R$ 2 mil por unidade. “O retorno vai depender do hábito de cada um. Se o consumo de água cair 20%, os moradores podem recuperar o investimento entre dois e cinco anos”, pondera.
No sistema de medição convencional, um único tubo sai da caixa d’água superior do edifício e chega ao banheiro de cada apartamento. “Com a medição individualizada, cria-se outra forma de distribuição da água. A partir do reservatório da caixa d’água, a tubulação caminha na horizontal, dentro dos apartamentos, para chegar aos ambientes”, esclarece Fonseca. Quando o prédio já está pronto, a obra é mais simples. Basta fazer um corte retangular e profundo na parede, abrir a tubulação e instalar o hidrômetro. Isso vale tanto para os banheiros quanto para a cozinha.
Se o aquecimento (solar, elétrico ou a gás) for centralizado, é necessário instalar um hidrômetro individual de água quente, que é montado com peças que suportam as altas temperaturas. Isso só não ocorre quando o aquecedor fica na área interna do apartamento, já que a saída é a mesma da água fria.
AFERIÇÃO O mais comum é fazer a leitura do consumo de água anotando o número de cada aparelho. O diretor da Green Gold Engenharia observa que existe a medição remota, em que o hidrômetro eletrônico emite um impulso que vai para um computador instalado no térreo, mas é um sistema muito caro.
Fonseca lembra que o aparelho tem de ser aferido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) para que funcione dentro do limite de erro de medição. Uma forma de evitar o cálculo errado é instalar um purgador de ar, equipamento tipo válvula, que elimina o ar da tubulação. Para que não seja necessário acoplá-lo a cada hidrômetro, pode-se colocar no tubo que alimenta todo o andar. Outra dica é observar o medidor que se compra. Se um aparelho próprio para shopping for instalado em uma residência, por exemplo, não vai medir corretamente o consumo.