Isolamento acústico

Tecnologia oferece soluções para barrar o barulho em casa

Se momentos de paz estão cada vez mais raros em apartamentos e casas, novos equipamentos trazem alternativas eficazes para reduzir ruídos

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postado em 22/07/2012 10:51 / atualizado em 22/07/2012 11:49 Júnia Leticia /Estado de Minas

Eduardo de Almeida/RA studio

Ônibus passando, carros buzinando, salto alto no andar de cima, bebê chorando no andar de baixo, cachorro latindo no apartamento ao lado. Estressante só de mencionar, esses são alguns exemplos de transtornos que a maioria das pessoas que vivem nos centros urbanos têm de enfrentar. Como não dá para fugir de tanto barulho, já que são poucos os que têm a possibilidade de viver num local onde o silêncio é regra, a alternativa é buscar o conforto acústico.

Se não dá para escapar, é possível pelo menos amenizar consideravelmente esse incômodo graças a soluções propostas pela arquitetura. De acordo com a arquiteta Luciana Savassi, há vários tipos de materiais usados para melhorar a acústica dos ambientes. “Os tradicionais são concreto, alvenaria, blocos cerâmicos, blocos de calcário e os mais novos são lã de vidro (colocada dentro de paredes tipo drywall), lã de rocha, vermiculita, espuma elastométrica e fibra de coco”, aponta.

No entanto, a arquiteta reconhece que alguns desses materiais, geralmente, já são usados na maioria das construções. “Entretanto, o nível de ruídos das nossas cidades vem aumentando cada vez mais e só os recursos básicos já não são suficientes para nosso conforto”, considera Luciana. Por isso, ela cita algumas soluções simples, usadas na hora da decoração, para atenuar esse problema. “O rebaixo de forro de gesso ajuda com os barulhos do andar de cima, tapetes e cortinas absorvem o ruído, eliminando ecos no ambiente e os pisos modernos já têm uma manta antirruído que é instalada no contrapiso do mesmo”, explica.

A decoradora Jacqueline Melo diz que traçar os projetos corretamente ajuda a reduzir o custo final da instalação do equipamento - Eduardo de Almeida/RA studio A decoradora Jacqueline Melo diz que traçar os projetos corretamente ajuda a reduzir o custo final da instalação do equipamento


Para a arquiteta Christianne Taranto, os materiais a serem utilizados dependem sempre do nível de ruído que se queira reduzir. “As opções mais comuns em residência são as janelas e as portas antirruído. No caso das janelas, os vidros poderão ser duplos, triplos ou até quádruplos”, indica.

Entre as opções de janelas, Christianne conta que as de abertura em giro têm maior capacidade de vedação que as de abertura deslizante. “Já as portas criam uma barreira à passagem do som de um recinto para outro, evitando a entrada de nível sonoro que possa interferir na atividade exercida no local ou evitando a saída de som que possa ser prejudicial às atividades humanas exercidas nas proximidades.”

Para a redução de ruídos de um andar para o outro, a arquiteta conta que há os pisos acústicos, aplicados em placas. “São ideais para home-theaters ou qualquer outro ambiente que produza som acima do existente nas proximidades. São confeccionados em madeira de alta resistência e podem receber acabamento após a sua instalação”, diz Christianne Taranto.

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No piso, a profissional indica os laminados de madeira. Isso porque, na instalação, é colocada uma manta niveladora entre ele e o contrapiso, que funciona como redutor de ruídos. “Os pisos vinílicos também reduzem sensivelmente o ‘toc-toc’ dos saltos altos. Esse material, dependendo do piso já existente no local, pode ser aplicado por cima, pois tem apenas 4mm de espessura.”

Além desses recursos, a decoradora Jacqueline Melo cita o carpete e os pisos flutuantes, que têm uma manta antirruídos por baixo. “Lã de vidro utilizada em paredes ou tetos de drywall, revestimentos acústicos para paredes ou tetos, ótimos para sala de som ou áreas comerciais de muito ruído, são outras opções”, acrescenta.

No caso de se optar pelo isolamento acústico entre lajes, a arquiteta Sandra Diniz conta que o ideal é o uso de manta acústica no piso do andar superior, em toda a sua extensão. “E também até determinada altura da parede. Esse procedimento deverá ser feito durante a obra”, aconselha.

Para contribuir com o silêncio, é preciso ainda cuidado na hora de escolher o material a ser empregado. “As esquadrias devem ser de boa qualidade, proporcionando uma boa vedação. As esquadrias duplas, em que se tem o uso de uma folha em vidro e outra em veneziana, ajudam muito a amenizar os ruídos externos”, indica Sandra.

 

Uma das alternativas usadas atualmente é o isolamento com estrutura de PVC, que ajuda a manter o conforto acústico mesmo em áreas de grande movimento - Eduardo de Almeida/RA studio Uma das alternativas usadas atualmente é o isolamento com estrutura de PVC, que ajuda a manter o conforto acústico mesmo em áreas de grande movimento

TUDO A FAVOR DO SILÊNCIO
Situações limites merecem soluções eficazes. Para isso, vale até mesmo apostar na combinação de mais de uma alternativa acústica ao mesmo tempo dentro de casa


Nos casos em que o barulho é realmente insuportável, o jeito é investir em soluções mais efetivas. Para as janelas, uma medida eficaz é uma espécie de sanduíche de vidros com vácuo interno. “Também existem painéis acústicos que podem ser instalados nas paredes, mas eles exigem um tratamento estético mais elaborado. É necessária a ajuda de um profissional arquiteto ou decorador para que o efeito fique satisfatório”, diz a arquiteta Luciana Savassi.

De acordo com Christianne Taranto, para que o isolamento seja considerado o mais eficaz possível, devem-se aliar dois ou até mais recursos. “E é sempre aconselhável o acompanhamento de uma empresa especializada para a medição do nível de ruídos e levantamento de questões técnicas que, se não forem apuradas, podem resultar em gastos desnecessários para o cliente”, adverte. Diante dessas opções, é preciso conhecer os critérios para escolher o recurso mais adequado a cada ambiente.



Para não errar na escolha, a arquiteta revela que todos os materiais com superfície mais porosa (madeira, tecidos, pedras rústicas e tapetes) ajudam nesse ponto. “Na hora da escolha do revestimento, se optarmos por materiais assim resolvemos de 50% a 70% do problema. O segredo são as superfícies e texturas mais rústicas e absorventes”, aponta Luciana. Independentemente do recurso que for escolhido para fazer o tratamento acústico, ela diz que praticamente não há desvantagens entre as diversas opções disponíveis. “O único pré-requisito é um gasto um pouco maior em casos mais extremos, quando temos que trocar esquadrias ou mudar paredes e revestimentos maiores”, sinaliza.

A decoradora Jacqueline Melo confirma a importância de se saberem detalhes sobre o ambiente a ser projetado. Com essas especificações, é só pesar o custo/benefício das soluções para se conter os ruídos. “Após um estudo inicial, é preciso considerar as prioridades e também o investimento financeiro que o cliente dispõe para atender a todas as suas necessidades. A vantagem na escolha desses produtos é o resultado satisfatório no final da obra. E a única desvantagem seria que produtos para esse fim agregam um custo maior para execução do projeto”, diz.

Com paredes revestidas em linho, o forro executado em revestimento acústico, porta automática com vidros duplos e todo ambiente forrado com tapete  - Jomar Bragança/Divulgação Com paredes revestidas em linho, o forro executado em revestimento acústico, porta automática com vidros duplos e todo ambiente forrado com tapete


A arquiteta Sandra Diniz reconhece que cada pessoa tem demandas distintas e, por isso, não há como delimitar qual é o recurso mais adequado para cada ambiente sem conhecê-lo. Mesmo assim, ela diz que os quartos devem ser priorizados. “Já um cliente que tem por prioridade ter um som muito potente deve procurar realizar um isolamento acústico condizente com a potência do seu som, para não causar transtornos e incômodos aos vizinhos. Para ambientes sociais, cozinhas e área de serviço, esse isolamento se faz menos necessário”, indica.

Já os sons que vêm da rua, por ser mais intensos, requerem uma atenção maior. "Com relação a ruídos externos, o ideal é escolher bem a janela. As com tratamento acústico e com vedação bem projetada evitam que o ruído entre.”

SEGURANÇA
Algumas escolhas implicam adoção de medidas de segurança para evitar acidentes, principalmente em imóveis que têm idosos, pessoas com mobilidade reduzida e crianças. Uma delas é o tapete, como aponta Luciana Savassi. “Podemos usar outro material (como piso vinílico imitando madeira), que dá o mesmo resultado, sendo prático na manutenção, não dá alergias e é antiderrapante. O ideal é expor seu problema ao profissional contratado e junto com ele discutir as soluções possíveis que se adequarão melhor a cada espaço.”

Por isso, a decoradora Jacqueline Melo reitera a necessidade de se procurar saber, em detalhes, quais as funções do ambiente e as pessoas que irão utilizá-lo. “Neste caso, o ideal seria instalar carpete no lugar de tapete, pois este não traz nenhum perigo a nenhum desses usuários”, justifica.

O que diz a lei

A Lei 9.505, de 23 de janeiro de 2008, dispõe sobre o controle de ruídos, sons e vibrações em Belo Horizonte. Segundo a legislação, fica proibida a emissão de barulho que ponha em perigo ou prejudique a saúde individual ou coletiva, cause danos de qualquer natureza às propriedades públicas ou privadas, incômodo de qualquer natureza e perturbação ao sossego ou ao bem-estar públicos. Além disso, a lei fixa os níveis que não podem ser ultrapassados no período diurno (70 decibéis) e noturno (50 decibéis até as 23h59 e 45 a partir de meia-noite). No entanto, ruídos e sons acima desses limites são tolerados quando provenientes de serviços de construção civil que adotarem medidas de controle sonoro no período compreendido entre as 10h e as 17h. Outro exemplo de caso em que são consentidos ruídos é em obras e serviços urgentes e inadiáveis decorrentes de acidentes graves ou perigo iminente à segurança e ao bem-estar da comunidade, bem como o restabelecimento de serviços públicos essenciais. Nesses casos, os sons não poderão ultrapassar 80 decibéis. O não cumprimento da lei pode acarretar em multa que varia de R$ 80 a R$ 30 mil.


Eduardo de Almeida/RA studio


FUJA DOS IMPROVISOS

Para que as soluções acústicas estejam em sintonia com o leiaute da residência e, ainda por cima, sejam eficazes, recorrer a um profissional é essencial. “A contratação de um arquiteto ou decorador é a garantia de um resultado satisfatório. Mas, mas antes de contratá-lo, pergunte se tem experiência nesse item”, completa a arquiteta Luciana Savassi.

Mesmo dando dicas de alternativas que facilitam o acerto neste tipo de composição – como sempre optar por materiais mais porosos e rústicos, tecidos e tapetes com tramas maiores –, ela explica por que a consultoria auxilia nas melhores escolhas. “Um profissional experiente pode dar soluções corretas em cada caso e, normalmente, com um custo/beneficio bem menor que o imaginado”, justifica.

Cuidados na elaboração e execução do projeto fazem com que o resultado seja satisfatório, tanto para o profissional quanto para quem o contratou, como ressalta a decoradora Jacqueline Melo. “A contratação de um profissional agrega estética à funcionalidade e também necessidades do espaço e do cliente”, diz.

Eduardo de Almeida/RA studio


Outro recurso infalível é o uso de cortinas em tecido, que ajudam a amenizar o barulho que vem do exterior, dependendo de sua intensidade, claro. “Para quem busca um conforto sonoro maior, o uso de papel de parede, móveis estofados, cortinas e até mesmo quadros nas paredes ajuda na elaboração de um projeto como esse”, conforme Sandra Diniz.

Para que o resultado seja alcançado, a arquiteta ressalta a importância de uma troca de informações eficiente. “Informe ao profissional, seja arquiteto ou design de interiores, as suas necessidades, coloque o que busca em matéria de conforto, seja ele sonoro, estético ou até mesmo climático. Esses profissionais auxiliarão nas suas escolhas”, diz Sandra.

INVESTIMENTO

Quanto ao custo para melhorar a acústica, ele é variável de ambiente para ambiente, conforme a área a ser trabalhada. “Uma sala de três ambientes é mais cara que um quarto, por exemplo, mas o valor por ambiente de uma decoração completa (partindo de um ambiente vazio) de um quarto custa em média em R$ 2,5 mil pelo projeto”, informa a arquiteta Luciana Savassi.

A decoradora Jacqueline Melo confirma que os valores sofrem bastante alteração, conforme o trabalho a ser realizado. “O custo de projeto para um ambiente pode variar entre R$ 1,2 mil a R$ 1,5 mil, dependendo do espaço a ser projetado”, indica. Para se ter uma ideia dos preços dos recursos mais eficientes que podem ser utilizados, a arquiteta Christianne Taranto conta que uma janela acústica de 1,80m x 1,40m custa, em média, R$ 2,5 mil.

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