Condomínios sustentáveis são uma realidade possível

A adoção de práticas ecologicamente corretas na construção de empreendimentos é viável e pode se tornar importante diferencial na escolha do imóvel

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postado em 29/04/2013 10:00 / atualizado em 29/04/2013 12:48 Júnia Leticia /Estado de Minas
Reprodução/Internet/pentagramaprojetos

Cada vez mais a sustentabilidade tem chamado a atenção dos consumidores, a cada dia mais conscientes da importância do tema para a manutenção da vida no planeta. Além disso, essa preocupação significa economia nas despesas mensais, como contas de luz e água. Assim, cresce o número de condomínios que abraçam esse conceito. As perspectivas são de que esses projetos se tornem uma tendência, com o aparecimento de novos empreendimentos ecologicamente corretos.

Referência mundial em arquitetura, o venezuelano Fruto Vivas explica que um condomínio sustentável é aquele que tem todas as características ecológicas em uma edificação. “Dentro de uma alta lógica construtiva de economia de materiais, preservação permanente de reservas naturais e do meio ambiente, entre outras. Eles se caracterizam por se adaptar às regiões em que se encontram, com infraestrutura e qualidade que integram o homem à natureza.”

Administrador de empresas, Christian Douglas comprou um imóvel no Residencial Athenas, no Bairro Sagrada Família, porque se preocupa com as novas gerações - Eduardo Almeida/RA Studio Administrador de empresas, Christian Douglas comprou um imóvel no Residencial Athenas, no Bairro Sagrada Família, porque se preocupa com as novas gerações
Segundo a diretora comercial e de relacionamento da RKM Engenharia, Adriana Bordalo, para ser considerado sustentável é necessário que um edifício adote um conjunto de medidas, e não se limite à aplicação de ações isoladas. “Todo esse planejamento deve ter início ainda na fase de projeto. A sustentabilidade deve levar em consideração os impactos que o empreendimento irá causar nas esferas social, ambiental e econômica.”

Adriana conta que a escolha dos fornecedores, dos materiais utilizados e até do posicionamento de um empreendimento produzem diferentes impactos. “Um planejamento bem-elaborado evita o desperdício, prioriza a utilização de materiais que agridem menos o meio ambiente e a saúde dos futuros moradores, reduz gastos com energia elétrica e aproveita melhor os recursos naturais.”

Dependendo da localização, padrão de acabamentos, público-alvo, características e exigências legais e da verba disponível para o investimento, entre outros aspectos, a lista de diferenciais de sustentabilidade pode ser abrangente, conforme observa a coordenadora de incorporação Masb Desenvolvimento Imobiliário, Bárbara Souto Soares. “E ações sustentáveis não somente são viáveis como imprescindíveis no mundo atual. Não podemos mais falar de negócios sem foco na sustentabilidade”, reconhece.

De acordo com Bárbara, o mercado exige, o consumidor espera e o colaborador merece esse posicionamento. “Toda a cadeia produtiva precisa já estar com esse foco para que o resultado seja alcançado. Ainda estamos longe de conseguir um resultado 100%, mas precisamos estar comprometidos com essa questão. A sustentabilidade gera visibilidade e confiança no mercado consumidor. Dessa forma, o retorno é garantido.”

Mas pensar sustentável nem sempre implica emprego de soluções inovadoras e de custo elevado. A troca de materiais pode surtir ótimos resultados, como demonstra o diretor da construtora Casa Mais Peterson Querino. “Como a fachada de vidro, que além de ser esteticamente bela é uma alternativa econômica. O vidro permite que a iluminação natural entre por mais tempo no ambiente. Assim, ele fica mais iluminado e as luzes artificiais podem ser acesas um pouco mais tarde.”

Uma das pessoas que valoriza essa e outras soluções adotadas pela Casa Mais é o administrador de empresas Christian Douglas, que comprou imóvel no Residencial Athenas, no Bairro Sagrada Família, Região Leste de Belo Horizonte.

Segundo ele, as características sustentáveis do empreendimento influenciaram na decisão de fechar o negócio: “É um diferencial ao qual a gente tem que dar importância, tanto nos pequenos quanto nos grandes detalhes. Como consumidor, é importante. Isso porque penso num futuro mais próspero para meus três filhos.”

Por um mundo melhor
Algumas técnicas construtivas sustentáveis ficam entre 5% e 10% mais caras do que as convencionais. Mas é uma diferença que se recupera com redução de gastos com água e luz


Adriana Bordalo, diretora do grupo RKM, diz que ser sustentável não vende mais, mas agrega valor ao imóvel - Eduardo Almeida/RA Studio Adriana Bordalo, diretora do grupo RKM, diz que ser sustentável não vende mais, mas agrega valor ao imóvel
Topografia, movimento do sol e dos ventos e a paisagem natural que compõe o espaço. Essas são as características iniciais para começar a se pensar em um condomínio sustentável, segundo explica o arquiteto, urbanista e sócio-diretor da Ambiência Soluções Sustentáveis, Flávio Negrão. “Após estabelecer os critérios de uso e ocupação do solo, deve-se materializar um sistema de gestão das águas e do esgoto que inclua o reaproveitamento das águas pluviais para fins não potáveis e um sistema de tratamento de esgoto que possa, de forma eficiente, impossibilitar a contaminação do solo e das águas.”

Outros sistemas que caracterizam esses empreendimentos são a adoção de pisos mais permeáveis nas vias de pedestres e veículos. “E, quando possível, a inclusão de ciclovias e passeios largos e acessíveis nos projetos para incentivar os transeuntes e ciclistas a ocuparem as ruas dos condomínios, bairros e cidades”, completa Flávio Negrão. Segundo o arquiteto Fruto Vivas, esses recursos são acessíveis e viáveis a todas as pessoas, independentemente de classe social. “O sustentável pertence a todos nós. Não há sustentabilidade somente para pobres ou para ricos. Necessitamos da resposta de qualidade de vida a todos os usuários dos condomínios, sem distinção.”

Para as incorporadoras, também é um bom negócio investir nesse tipo de construção, conforme Fruto. “Pois agregam-se valores ao empreendimento e isso é percebido pela população, que anseia por qualidade de vida aliada à preservação do meio ambiente. A adoção de práticas sustentáveis é cada vez mais difundida nos diversos segmentos da economia brasileira e a construção civil é um deles.”

Peterson Querino defende o uso do ecogranito, tecnologia inovadora que reduz impacto no meio ambiente, tem durabilidade e baixo custo com a manutenção - Casa Mais/Divulgação Peterson Querino defende o uso do ecogranito, tecnologia inovadora que reduz impacto no meio ambiente, tem durabilidade e baixo custo com a manutenção
E apesar de algumas tecnologias ainda terem um custo elevado, é possível pensar na sustentabilidade em todos os segmentos da construção civil, como acredita Adriana Bordalo, da RKM. “A forma como essas tecnologias são aplicadas pode reduzir o custo e torná-las acessíveis. Para que possamos continuar a construir, é necessário pensar na sustentabilidade em todas as etapas da obra. De outra forma, os recursos ficarão cada vez mais escassos”, alerta.

Além disso, algumas ações, como o reaproveitamento de água de chuva, aquecimento solar e redução do desperdício de materiais, demandam, principalmente, planejamento, mais do que investimento. “Isso porque durante a própria obra é possível economizar ao fazer uso dessas ações”, explica Adriana.

Peterson Querino cita, ainda, o uso do ecogranito, tecnologia inovadora voltada para o revestimento de elementos de vedação e estruturais, como um dos sistemas que pode ser utilizado em prol da natureza. “Esse produto reduz muito o impacto no meio ambiente. Além disso, como tem boa durabilidade, o cliente terá baixo custo com manutenção no futuro”, conta o diretor. Outra solução utilizada pela Casa Mais é a instalação de medidores individuais de água. “Essa medida gera, em média, economia de 40% na conta de água segundo a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic)”, completa.

A diretora da RKM reconhece que, atualmente, todas as tecnologias adotadas para que um condomínio seja sustentável são vistas pelo público como um diferencial de produto, mas não impactam na comercialização: “O fato de um empreendimento ser sustentável não vende mais, porém agrega valor, o que pode ser uma vantagem quando o cliente está na dúvida entre dois imóveis semelhantes.” Mas as perspectivas para a construção desse tipo de condomínio são animadoras, segundo Flávio Negrão.

“É uma tendência que virou moda e veio para ficar. Não podemos deixar para as novas gerações a ocupação das cidades que não leve em consideração os conceitos de sustentabilidade presentes nesses novos modelos de condomínios e que se insere na proposta de se viver num mundo mais insustentável.”

Quanto ao custo para construir dentro desse conceito, Flávio diz que varia de 5% a 10% a mais do que os modelos convencionais. “Mas a diferença pode ser recuperada ao longo do processo de ocupação com a economia no consumo de água, energia e na qualidade ambiental implícita nesse modelo de vida”, explica o especialista.
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