Muito além dos brinquedos

Construtoras investem em infraestrutura completa de lazer para atrair famílias com crianças

Lazer completo agora é muito mais que quadra, piscina e salão de festas. Lan house, cinema e biblioteca são apenas alguns itens dos novos empreendimentos. Com isso, crianças e famílias vizinhas acabam interagindo mais

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postado em 18/07/2013 11:15 Celina Aquino /Estado de Minas
O engenheiro civil Bruno Avellar Rosa Alvarenga, com o filho e a esposa, escolheu o imóvel que tinha área de lazer mais completa para o pequeno: O engenheiro civil Bruno Avellar Rosa Alvarenga, com o filho e a esposa, escolheu o imóvel que tinha área de lazer mais completa para o pequeno: "Conviver com outras crianças é muito importante para ele"

Lazer completo não se resume mais a quadra, piscina e salão de festas. As construtoras que querem atrair famílias para os empreendimentos apostam em uma série de itens voltados para crianças de todas as idades. Vão desde uma simples brinquedoteca até lan house e cinema. Como representam comodidade e segurança para os pais, os espaços infantis passam a ser decisivos na hora da compra.

Quando o filho estava para nascer, o engenheiro civil Bruno Avellar Rosa Alvarenga, de 35 anos, trocou um apartamento só com salão de festas por um verdadeiro resort. “Falo que é igual a uma creche. Meu filho acaba tendo convivência com outras crianças e espaço para dissipar energia, o que é muito importante para ele. Se fosse no prédio antigo, ia ficar preso em casa”, diz. Além de brincar diariamente no espaço kids, o menino usa a piscina infantil para fazer aulas de natação com professor particular, o que facilitou a vida dos pais, que teriam que mudar a rotina para levá-lo até a academia mais próxima. Satisfeito com a escolha, Bruno não se imagina morando em um prédio sem área para o filho se divertir.

O gerente de vendas da Somattos Engenharia, Aurélio Rezende Nogueira, vendeu a cota do clube e se mudou para um prédio com infraestrutura de lazer. Diante da falta de tempo, ele revela que os clientes também seguem a tendência: querem morar em um apartamento que ofereça diversão e promova interação. “Antigamente, criança era vista como problema para o condomínio, hoje elas são elo. Por isso, as pessoas encaram a área de lazer como ponto de encontro. Os filhos fazem com que vizinhos se tornem amigos”, analisa. Nogueira considera os espaços infantis um diferencial, principalmente em empreendimentos no Bairro Buritis, na Região Oeste de Belo Horizonte, e onde não há clubes.

Todos os projetos da Somattos voltados para família têm área de lazer e o gerente de vendas ressalta que a construtora sempre pensa na comodidade dos pais. Em um novo empreendimento, espaço gourmet e academia serão fechados com vidro para que os adultos aproveitem os espaços enquanto ficam de olho nos filhos. “Ao longo dos anos, a cobrança do comprador tem sido cada vez maior. Em função da violência, ele quer que a criança tenha opções de lazer em casa”, pontua o diretor comercial e de marketing da construtora Patrimar, Lucas Guerra. Em um prédio no Buritis, serão oferecidos mais de 30 itens de lazer, incluindo cinema, espaço de jogos (com videogame), praia artificial, casa na árvore e pista de velotrol. Como são 196 unidades, os custos acabam sendo diluídos entre um número maior de condôminos.

ITENS ESSENCIAIS
Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

Pensando na diversão dos pequenos moradores, a Even Construtora e Incorporadora sempre acrescenta espaços infantis nos empreendimentos. “Isso faz parte dos itens que o cliente enxerga como essenciais”, analisa o diretor da empresa em Minas Gerais, Fabiano Delvaux. Entre as novidades está um salão de festas construído especialmente para as crianças, com decoração temática e materiais escolhidos para evitar acidentes, como piso emborrachado e lousas nas paredes.

Há mais de 20 anos no mercado imobiliário, a empresária Mirian Dayrell percebe que a oferta de empreendimentos com espaços infantis tem crescido para atender principalmente a demanda de recém-casados e casais com filhos pequenos. “As crianças hoje ficam muito presas dentro de casa e os pais não conseguem passar o tempo todo com elas. Assim, a vida fica muito mais fácil”, opina. Mas até para investidores os apartamentos com área de lazer podem ser interessantes, pois a valorização cresce de acordo com a quantidade de atrativos para as crianças.

Condomínio resort em alta no mercado
Imóvel com completa área de lazer, que permita contratar profissionais para recreação e aulas particulares, tem grande procura em Belo Horizonte

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
Brincar na rua virou raridade em tempos de violência. Além disso, falta tempo para ir todos os dias ao clube e praia é uma opção de lazer nas férias. Para os mineiros, considerar a área comum do prédio uma extensão do apartamento é uma realidade. O diretor-executivo da Pacto Administradora e vice-presidente do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (Secovi/MG), Leonardo da Mota Costa, observa que os novos hábitos impulsionam o conceito de condomínio resort, que oferece todo tipo de diversão para as crianças. Alguns prédios até contratam recreadores e professores de música, dança ou esporte para entreter os pequenos moradores. Os serviços são pagos de acordo com o uso.

Costa não tem dúvida de que a área de lazer valoriza um imóvel. Por outro, ele alerta que o espaço costuma ser o maior responsável por conflitos entre os vizinhos. Geralmente, as queixas estão relacionadas ao barulho das crianças. Para o vice-presidente do Secovi/MG, à medida que os problemas surgem, os moradores devem elaborar o regulamento de utilização da área comum, mas ele pede cautela, pois teme que o excesso de imposições acabe inviabilizando com o tempo a utilização do espaço, o que já ocorreu em alguns condomínios daqui. “Defendo o mínimo possível de regras. Enquanto existir tolerância e bom senso, a convivência será fantástica”, pontua.

Sempre que possível, a engenheira especialista em projetos Izabel Souki mantém a área de lazer mais distante do prédio. O problema é que nem sempre o terreno é suficientemente grande para proporcionar o afastamento. “Onde tem criança tem barulho. Os moradores do primeiro andar precisam se lembrar disso na hora de escolher o apartamento”, indica. A solução que a especialista aponta para evitar que as brincadeiras incomodem os vizinhos é investir em isolamento acústico. É comum usar projetos de sonorização em espaços conhecidos como garage band, em que as crianças podem tocar instrumentos musicais sem gerar desconforto para os outros moradores.

Leonardo Costa, do Secovi/MG: convivência é boa se houver bom senso entre vizinhos - Eduardo Almeida/RA Studio Leonardo Costa, do Secovi/MG: convivência é boa se houver bom senso entre vizinhos
Como são altos os custos com projeto de acústica, Izabel lembra que as construtoras podem optar por manter as áreas infantis, como brinquedoteca, biblioteca e salão de jogos, em ambientes fechados. Se algum vizinho se sentir incomodado com o barulho, Leonardo Costa acredita que a maneira mais adequada de resolver o problema é conversar diretamente com o responsável. “Quanto menos formal, melhor. Fazer uma notificação pode não ser bem aceito pelo pai da criança”, diz. Mas ele lembra que, em último caso, a responsabilidade de resolver impasses na área comum é do sindico. Para ajudá-lo nessa tarefa, condomínios apostam na eleição de um síndico mirim.

SAIBA MAIS

Síndico mirim

Ainda pouco visto em Minas, o ocupante do cargo geralmente é eleito em uma votação entre as crianças do prédio. Além de garantir que os pequenos vizinhos obedeçam às regras da área comum e não danifiquem o patrimônio do condomínio, o síndico mirim também é responsável por encaminhar aos adultos sugestões para criar novos espaços de diversão ou melhorar os já existentes. A ideia é minimizar conflitos entre os moradores, facilitando a convivência dos mais velhos com as crianças.
Divulgação/EPO

Tags: área

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João - 18 de Julho às 12:14
Área de lazer enorme, mas apto. minúsculo. E pagam 300, 400 mil ou mais num apertamento de 65 m2 num bairro meia boca. Não vejo muita vantagem. Área de lazer só serve para encarecer condomínio.

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