O ano de 2013 vai ficar marcado na vida da advogada Stefânia Cançado, de 28 anos: este mês, ela adquiriu o apartamento dos sonhos. “Nunca imaginei que o meu primeiro imóvel seria uma cobertura com tudo o que queria”, comemora a jovem, que há dois anos começou a planejar a compra. O tamanho, as vagas de garagem, a área para churrasco e o valor atenderam as expectativas da compradora, que optou pelo financiamento. A casa ainda fica bem próxima do trabalho. Em horário de pico, a advogada vai gastar 20 minutos de carro no trajeto entre o escritório e o apartamento, no Bairro Havaí, Região Oeste de Belo Horizonte. Assim como Stefânia, muitos mineiros conseguiram comprar a casa própria no ano que chega ao fim. Apesar de ter sido um período estável na economia brasileira, o mercado imobiliário em Minas se manteve aquecido.
Na visão do presidente da Rede Netimóveis, Ariano Cavalcanti de Paula, os números provam que as previsões negativas para 2013 não se concretizaram. “Se considerarmos que o financiamento imobiliário cresceu aproximadamente 30%, com chance de fechar com R$ 100 bilhões e alcançar 8% do Produto Interno Bruto (PIB), o ano surpreendeu. A demanda por imóvel, sobretudo no segmento popular, é muito alta”, pontua. Cavalcanti também destaca o balanço do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que aponta crescimento de 5,8% no volume de transações imobiliárias, levando em conta qualquer tipo de imóvel, inclusive vaga de garagem. Para ele, isso sinaliza uma reação positiva.
Para o consumidor, a boa notícia é que houve aumento na oferta de imóveis. “A produção foi grande nos últimos quatro anos, permitindo que as pessoas tenham hoje um leque maior de opções e possam escolher”, analisa Cavalcanti. O relato de Stefânia comprova. Apesar da limitação de preço e localização, a advogada pesquisou pela internet quase 500 apartamentos e visitou pelo menos 40 deles.
VANTAGEM
O ano se destacou pela disponibilidade dos investidores de comprar imóveis, opina o diretor da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG), Otimar Bicalho. “Na construção civil, o que está começando agora a ser erguido vai ficar pronto, na melhor das hipóteses, daqui a dois anos e meio. Quem absorve isso antes? É o investidor”, comenta. O dono de construtora enxerga duas vantagens em contar com a ajuda de quem está disposto a apostar em um empreendimento ainda na planta: dividir os riscos com o incorporador e manter o mercado aquecido. Para Bicalho, o Vetor Norte recebeu este ano grande parte dos investimentos imobiliários porque se beneficiou de obras de mobilidade urbana. Como isso repercute diretamente nos preços, lá é umas das áreas da cidade que mais se valorizaram.
Segundo o vice-presidente da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Lucas Guerra Martins, em 2013, foram registrados menos lançamentos que no ano anterior. “No meio do ano, o empresário ficou com a impressão de que o mercado não absorveria, o que acabou não ocorrendo. A velocidade de venda, que mostra a capacidade de comercialização das mercadorias, não apresentou muita alteração em relação ao ano passado”, ressalta. Outro motivo para o ritmo lento do setor é o prazo mais longo para a aprovação dos projetos. Martins diz que o processo chega a durar mais de um ano, o que dificulta o trabalho das construtoras, que demoram mais para lançar empreendimentos, mas ele acredita que a realidade deve mudar.
Por outro lado, as empresas da construção civil continuam a empregar um número significativo de mão de obra. São mais de três milhões de trabalhadores no Brasil e em Minas a taxa de desemprego não passa de 3%. “O setor trabalha a pleno emprego, ou seja, se está contratando funcionários, significa que continua crescendo com vigor”, destaca Martins.