Cadeia da construção civil é um dos principais motores da economia de Minas e do país
Um mercado que responde por 7,35% do PIB estadual gera negócios de R$ 25,5 bilhões ao ano e emprega quase 1,4 milhão de pessoas. Índices impressionantes resumem a força do setor
Não é por acaso que a cadeia da construção civil é um dos principais motores da economia brasileira e mineira. Os números que traduzem a grandeza de todos os elos do setor são de impressionar: juntos, eles representam 8,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e 7,35% do de Minas. No estado, os negócios gerados somam R$ 25,5 bilhões ao ano e empregam cerca de 1,4 milhão de pessoas. Isso, por si só, dá a real dimensão de um setor que precisa ser visto com especial atenção.
Os elos que compõem essa cadeia são extensos e envolvem as mais diversas áreas. Vão desde a indústria extrativa ao material de construção, da siderurgia à indústria madeireira, dos equipamentos a serviços, das administradoras às construtoras e incorporadoras, dos escritórios de arquitetura ao design de produtos e decoração.
Em conjunto, essas subáreas são protagonistas na missão de eliminar o déficit habitacional do país, que chega a 5 milhões de moradias. Nem mesmo os receios que pairam sobre o mercado em 2014 alteram as perspectivas de crescimento sólido, baseado em crédito farto, aumento da renda e taxa de desemprego nos menores patamares da história. Afinal, se há demanda reprimida e imóvel é considerado um ativo real e seguro para os brasileiros, é perfeitamente plausível a expansão dos negócios da cadeia da construção civil.
Bons ventos no mercado mineiro
Não há dúvidas quanto à saúde do mercado imobiliário brasileiro. Enquanto em países da Europa e até nos Estados Unidos o crédito habitacional representa mais de 100% do Produto Interno Bruto (PIB), por aqui esse percentual chegou a meros 8% no ano passado. Critérios claros e rigorosos de financiamento habitacional também explicam a expansão calcada em estruturas confiáveis. Existe obviamente um consenso de que a euforia de 2010 já passou, mas daí a dizer que há uma bolha prestes a estourar é, no mínimo, irresponsável. Garantir que os preços dos imóveis vão cair é outro equívoco.
Existe sim uma estabilidade diante da avalanche de unidades que entraram no mercado, a maioria delas lançada no auge do “boom” imobiliário. A velha lei da oferta e demanda fez com que fechar uma venda se tornasse mais demorado e convencer o cliente exigente, mais trabalhoso. Ciente das vantagens que conquistou, o consumidor quer barganhar e pressiona por descontos.
Ainda que em ritmo mais lento, os negócios continuam sendo fechados e não é por acaso que as construtoras mantêm a perspectiva de novos lançamentos e acreditam em retorno certo para os investimentos milionários. A manutenção do dinamismo deve ser novamente a base de crescimento para o país no ano. Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) prevê expansão de 2,8% para a construção civil em 2014, contra o avanço de 2% do Brasil.
Novas obras impulsionam centenas de milhares de outros negócios que se ligam direta ou indiretamente à comercialização da tão sonhada casa própria. Todos querem abocanhar uma fatia desse mercado bilionário. Para conquistar um lugar ao sol, planejam investimentos, treinam funcionários e querem expandir. Combustível para isso é o que não falta. Só na Caixa Econômica Federal, que responde por 69% do financiamento habitacional no país, os contratos somaram 1,9 milhão no ano passado, ante 1,2 milhão em 2012. Para 2014, a expectativa é que essa linha de crédito cresça em 10% ou 20%. Se o ano não inspira muita animação por conta das dúvidas trazidas com a Copa do Mundo e as eleições, a médio e longo prazos o país continua sua empreitada rumo à eliminação do déficit habitacional.
Se há demanda reprimida, baixo índice de desemprego, o crédito continua farto, e imóvel ainda é considerado um ativo real e seguro para os brasileiros. Não há por que não acreditar no bom desempenho do mercado imobiliário.
Efeito dominó Expansão dos elos da cadeia produtiva da construção civil em Minas Gerais comprova a importância do setor para o desenvolvimento do país e do estado
Um mercado que responde por 7,35% do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais gera negócios da ordem de R$ 25,5 bilhões ao ano e emprega quase 1,4 milhão de pessoas. Números impressionantes que resumem a força da cadeia da construção civil, uma das mais importantes engrenagens da economia mineira e nacional. No Brasil, os vários elos que se ligam ao setor são responsáveis por 8,9% do PIB – o equivalente a R$ 315,3 bilhões em valor adicionado – e pela geração de 13 milhões de postos de trabalho.
É no coração da cadeia que está a grande força da economia mineira. Enquanto em todo o Brasil as obras propriamente ditas respondem por 65% de todas as riquezas geradas no setor, em Minas, esse percentual sobe para 80,2%. A indústria de materiais e equipamentos no estado concentra 10,8% dessa fatia e os 9% restantes estão distribuídos entre comércio de materiais, serviços, máquinas e equipamentos e outros fornecedores. As construtoras, grandes protagonistas desse mercado, movimentam R$ 20,4 bilhões ao ano em Minas Gerais e empregam 1,187 milhão de pessoas.
O dinamismo experimentado nos últimos anos impulsionou a economia regional e o efeito dominó foi generalizado. Indústria madeireira, extrativa, de material de construção, siderurgia e metalurgia, comércio e serviços. Todos se beneficiaram do crescimento vertiginoso, que atingiu média de 6% ao ano entre 2006 e 2011, contra taxa de 3,6% da economia do estado.
O menor ritmo de expansão observado a partir de 2012 não parece abalar o mercado que vê no crédito farto, pleno emprego e déficit habitacional de mais de 5 milhões de moradias os principais pilares para manter as apostas e os investimentos. “Parte do crescimento da construção nessa última década se deveu ao financiamento, que foi o grande combustível para a expansão”, reconhece Luiz Fernando Pires, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
Combustível que parece estar longe de acabar. Segundo dados da Caixa Econômica Federal (CEF), em 2013, o crédito imobiliário atingiu R$ 134,9 bilhões, aumento de 26,4% em relação ao ano anterior. Somente na instituição financeira – responsável por 69% do mercado de financiamento habitacional no país – foram 1,9 milhão de contratos em 2013, contra 1,2 milhão em 2012. Para 2014, a expectativa é superar o resultado do ano passado em 10% a 20%.
“Atualmente, o financiamento corresponde a 8% do PIB brasileiro. Em outros países, esse percentual ultrapassa 100%. Portanto, temos muito espaço para crescer”, garante Pires. A expectativa é de que neste ano o setor registre melhor desempenho que a economia nacional, mesmo diante de um período atípico que, além de Copa do Mundo, contará com eleições e possíveis manifestações nas principais cidades brasileiras. A projeção divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) é de avanço de 2,8% na construção civil no caso de o PIB brasileiro cravar os 2%.
AMADURECIDO
Para Ariano Cavalcanti, conselheiro da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi), a fase de acomodação já passou e os indícios são de melhoria. “O mercado deve continuar sua curva de crescimento, não tão exuberante, mas com bons resultados em termos de valorização. Isso porque a demanda continua e há crédito. Se não tiver alta muito significativa da Selic, vamos ter valorização do imóvel acima da inflação”, antecipa.
No ano passado, o preço dos apartamentos subiu, em média, 8% em Belo Horizonte. “Acreditamos em um volume de transações um pouco maior e alta dos valores próxima dos percentuais de 2013”, calcula Ariano. O volume de vendas subiu 3,8% no ano passado frente a 2012, variação que pode chegar a 5% em 2014. “Se o aumento ocorrer nesse patamar, teremos um bom resultado”, avalia Ariano.
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