Procura por prédios sem área de lazer está em alta em BH
Condomínio mais barato e ganho na metragem da área interna do apartamento estão entre as razões para a preferência por edifícios com espaço em comum restrito
A área de lazer é um item indispensável para muitos mineiros, mas outros não se importam em morar em um apartamento sem piscina, sauna, quadra ou espaço gourmet. A procura por prédios com espaço em comum restrito está em alta. Pagar um condomínio mais barato, evitar conflitos com vizinhos e ganhar metragem na área interna estão entre as razões da escolha.
O diretor da Resimóveis Netimóveis, Antônio Xavier, tem observado um aumento na procura por prédios sem área de lazer. O principal motivo é o valor do condomínio. “Os clientes querem pagar mais barato, até mesmo aqueles que têm condição, mas preferem economizar. Em um ano, dá para juntar um dinheiro para um passeio com a família”, comenta. Enquanto o morador de um apartamento de três quartos, com área de lazer completa, paga de R$ 700 a R$ 1 mil de condomínio, em um prédio pequeno ele não vai desembolsar mais de R$ 400. Além disso, muitos percebem que pagam caro para usar pouco os atrativos da área comum. Há ainda quem procure mais tranquilidade, fugindo de espaços onde existe muita movimentação de vizinhos, o que costuma gerar barulho e outros inconvenientes.
MAIS ESPAÇOSO
Normalmente, os clientes que dispensam área de lazer fazem questão apenas de salão de festas, item que não gera despesa nem exige manutenção periódica, como piscina e sauna. Apesar de haver demanda, poucos lançamentos na Região Centro-Sul seguem essa linha. A oferta de apartamentos em prédios pequenos está mais presente nos bairros Prado, Santa Efigênia, Floresta e Buritis. “Hoje em dia, tenho notado que as pessoas estão procurando prédios mais antigos por falta de opção de novos com condomínio mais barato, e estão reformando”, destaca Xavier.
Para o diretor da Resimóveis Netimóveis, Antônio Xavier, os clientes querem pagar menos porque acabam usando pouco os atrativos das áreas comuns
Morar em um prédio sem área de lazer também é considerado por quem quer um imóvel maior. Segundo o diretor da Resimóveis Netimóveis, a metragem de um apartamento de três quartos pode aumentar de 85 metros quadrados (m²) para 100m² quando o espaço do condomínio é reduzido, já que a construtora acaba privilegiando as áreas internas.
O empresário Leonardo Gomes Pereira, de 37 anos, escolheu não ter área de lazer para morar em apartamento mais espaçoso. Em dezembro, ele se muda para um imóvel no Bairro Sion, de 190m², com área externa que ocupa quase a metade da área. “Acho estranho o conceito de prédio que parece clube. Os moradores começam a ficar fechados em um espaço privado, convivendo sempre com as mesmas pessoas. Gosto da ideia de circular”, justifica. Nos sete anos em que morou em um prédio com área de lazer, Leonardo, que vive sozinho, usou duas vezes a piscina e nenhuma o salão de festas. Não apenas pelo valor do condomínio, mas ele não acha que vale a pena pagar por algo que não se usa.
Além de a taxa de condomínio ser menor, o valor de um imóvel sem área de lazer também é mais baixo. De acordo com o diretor da Resimóveis Netimóveis, o preço chega a ser de 30% a 40% mais barato. É possível encontrar um apartamento de três quartos, sem área de lazer, no Funcionários, por R$ 600 mil. Em um prédio com piscina, quadra e espaço gourmet, o valor pode passar de R$ 1 milhão, segundo Xavier.
Por isso, o presidente da Pitty Empreendimentos e Participações, Otimar Bicalho, acrescenta na lista de interessados por prédios pequenos clientes que consideram o preço do imóvel. A construtora oferece apartamentos sem área de lazer, na Região de Venda Nova, abaixo de R$ 400 mil. “Atendo um outro público, que está comprando o apartamento que cabe no seu orçamento, e não o que sonha morar. Se tiver área de lazer, o mercado da região não absorve.” Como presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Bicalho observa que os lançamentos ainda são pequenos, porque o construtor prefere contemplar o grande público, que está mais interessado em condomínio-clube.
Comentários
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Antonio
- 18 de Setembro às 12:03
Até que enfim alguma racionalidade no mercado! Esta onda de imóveis com imensas áreas de lazer cobra sua conta na forma de taxas de condomínios impagáveis, manutenção cara e difícil, sub-utilização das instalações e, ao final, dificuldade de comercialização dos imóveis.