Projeto da designer de interiores Maria Lúcia Machado
A pequena oferta de terrenos, a consequente valorização dos lotes e a valorização de um estilo de vida em que estar perto de tudo é o que conta está impulsionando o lançamento de residenciais de um dormitório. Muitas pessoas estão abrindo mão de um apartamento maior em nome de melhor localização. Fenômeno em grandes metrópoles mundiais, a ideia é estar no Centro ou em seu entorno, usufruindo da facilidade de locomoção quando o trânsito nas grandes cidades se torna mais caótico. Levantamento da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), em parceria com a Geoimovel, mostra um salto na venda de imóveis de um quarto em 2013 e em 2014.
De acordo com o levantamento, as unidades com dois quartos foram as que mais permaneceram em estoque em 2014: dos 4.894 apartamentos estocados (considerando o volume desde 2010), 2.175 eram de dois dormitórios: 44,4% do total. No ano passado, foram lançadas 157 unidades de um dormitório, 2.499 de dois, 1.413 de três e 174 de quatro dormitórios. Segundo a arquiteta Cláudia Bocchile, responsável pela pesquisa, os números têm indicado uma redução constante na quantidade lançada, nos últimos anos, de apartamentos de quatro dormitórios. Concomitantemente, o lançamento de apartamentos de um dormitório, sempre irrisório, pode ser uma tendência na cidade, desde que em regiões valorizadas.
Algumas das principais apostas da Patrimar se voltam para o cliente interessado em pequenos apartamentos, porém, com localização privilegiada e ampla oferta de serviços no condomínio. A ideia é levar para fora do apartamento as atividades que demandariam mais espaço, como receber visitas. Já em construção, as opções da construtora são o Manhattan Square, na Savassi, e o Soho Square, no Vila da Serra, com opções de um ou dois quartos, além de duplex (no Manhattan) e loft (no Soho). O Tribeca Square, também no Vila da Serra, tem opções de studio e dois quartos. Entre os lançamentos, a aposta da construtora é o Unio Square, em Lourdes, com opções de studios e dois quartos, além de coberturas de dois e três dormitórios. TENDÊNCIA
"Não faz sentido morar em um apartamento de poucos metros quadrados e longe do Centro" - Flávio Galizzi, vice-presidente da área das corretoras de imóveis da CMI/Secovi-MG
Para Flávio Galizzi, vice-presidente da área das corretoras de imóveis da CMI/Secovi-MG, esse tipo de apartamento está muito atrelado a uma localização na regional Centro-Sul da capital. “Não faz sentido morar em um apartamento de poucos metros quadrados e longe do Centro. Essa busca por apartamentos de um quarto vem de pessoas que estão trocando espaço por localização”, explica. Outro cliente em potencial é o investidor. “É um bom investimento porque, proporcionalmente, quanto menor o imóvel melhor o valor de locação”, explica Galizzi, da Valore Imóveis. Para ele, essa redução de espaço também ocorre nos veículos, com uma valorização também dos carros pequenos, mais fáceis de estacionar. Ou mesmo a adoção de bicicletas. “É uma tendência irreversível.”
Essa redução de dormitórios e na área dos imóveis - o que os torna, além de tudo, mais acessíveis - também vai de encontro às propostas da Lei de Uso e Ocupação do Solo, que a Prefeitura de Belo Horizonte vai submeter à aprovação da Câmara Municipal. Segundo Galizzi, uma das propostas incentiva os empreendimentos de uso misto, uma combinação de unidades residenciais com unidades comerciais. Também vai ao encontro da ideia do executivo de diminuir a área construída em cada terreno. “Os apartamentos serão menores, mas o morador terá supermercados e padarias, por exemplo, no mesmo edifício, diminuindo a necessidade de espaço para armazenar alimentos”, explica.
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