A Caixa Econômica Federal (CEF) promoveu, em janeiro, abril e outubro, três elevações em suas taxas de juros para financiamento imobiliário. As alterações foram para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI). Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), avaliou o comportamento das taxas em todo esse período e desenvolveu algumas simulações sobre seus impactos nos respectivos financiamentos.
Miguel de Oliveira explica que as condições de financiamento pioraram muito. “São três questões básicas: os bancos estão mais seletivos. Na realidade, estão com medo da inadimplência e do desemprego. Resumindo, estão com medo de as pessoas não conseguirem pagar o financiamento. Por outro lado, as taxas de juros subiram três vezes este ano, o que dificulta muito, uma vez que o impacto se torna grande em cima dos financiamentos a longo prazo. Por último, os bancos reduziram o valor dos financiamentos. Para imóveis novos eles estão financiando 90% e, para os usados, o percentual agora é de 50%. Nos imóveis mais caros, acima de R$ 750 mil, o valor financiado é de 40%. Assim, o cliente terá de pagar 60% do valor.”
O diretor da Anefac lembra que muita coisa mudou do ano passado pra cá em virtude da conjuntura econômica que o país está vivendo, com desemprego, inflação, tributos elevados e inadimplência. “Tudo isso afetou a renda das famílias. A crise fez também com que caíssem os depósitos nas cadernetas de poupança. Houve muito saque na poupança e, diante disso, a Caixa teve que tomar outras medidas, subindo as taxas de juros. Ocorre que, por se tratar de um financiamento longo, como é o da casa própria, qualquer alteração na taxa de juros causa um enorme impacto. Como se não bastasse, os bancos reduziram o valor do financiamento e se tornaram mais seletivos.”
Miguel aconselha àqueles que querem financiar um imóvel a esperar um pouco. “Podendo adiar o projeto da casa própria, faça isso, pois é melhor esperar que tudo volte ao normal e que os juros baixem. Além disso, há incerteza com a renda por causa do desemprego, que vem aumentando a cada dia. É importante lembrar que, por se tratar de um financiamento a longo prazo, qualquer alteração para cima na taxa de juros trará problemas para o mutuário. Não é como financiar uma bicicleta, algo assim. Somente faça o financiamento se não puder adiar o projeto. Aconselho, então, a pegar um financiamento menor e diminuir o prazo de pagamento. Se o fizer em 10 anos, terá uma economia boa nos juros. Se puder dar uma entrada maior, também seria mais interessante.”
Veja o que mudou nas taxas de juros praticadas nos financiamentos de imóveis
SFH – Imóveis Residenciais:
» Taxa de balcão: era de 9,15% ao ano e está hoje em 9,90% ao ano
» Relacionamento: era 8,75% ao ano e está hojeem 9,80% ao ano
» Relacionamento (mais salário): era 8,25% ao ano e está hoje em 9,50% ao ano
» Servidor (com relacionamento): era 8,60% ao ano e está hoje em 9,50% ao ano
» Servidor (com relacionamento e salário): era 8% ao ano e está hoje em 9,30%
SFI – Imóveis Residenciais:
» Taxa de balcão: era 9,20% ao ano e está hoje em 11,50% ao ano
» Relacionamento: era 9,10% ao ano e está hoje em 11,20%
» Relacionamento (mais salário): era 9% ao ano e está hoje em 11% ao ano
» Servidor (com relacionamento): era 9% ao ano e está hoje em 11% ao ano
» Servidor (com relacionamento e salário): era 8,80% ao ano e está hoje em 10,50%