Mercado universitário

Demanda por locação e venda de imóveis por estudantes aumenta com a virada do semestre

Procura por moradias tem maior movimento nos primeiros meses do ano, porém, se repete no início do segundo semestre com a volta às aulas

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postado em 13/08/2018 08:00 / atualizado em 13/08/2018 08:14 José Alberto Rodrigues* /Estado de Minas
A Uliving é uma das primeiras empresas a apostar nesse nicho especializado em moradias voltadas para estudantes e tem seis unidades no país  - Uliving/Divulgação A Uliving é uma das primeiras empresas a apostar nesse nicho especializado em moradias voltadas para estudantes e tem seis unidades no país

Início de semestre é sinônimo de volta às aulas. A euforia com a divulgação das listas de aprovados nos vestibulares é um dos motivos que fazem com que a procura por locação e venda de apartamentos para o público universitário aumente nesse período. Ainda mais quando o estudante sai de sua cidade natal para se aventurar em uma outra cidade completamente nova.

Flávia Vieira, vice-presidente das Administradoras de Imóveis da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), destaca que há um público completamente diverso e com necessidades distantes nesse nicho. “Atendemos clientes do interior de Minas para os colégios particulares e que buscam imóveis novos e próximos às escolas ou faculdades, bem como estudantes de outros estados, que têm foco maior no ensino superior. Há também aqueles que buscam imóveis no Centro de BH, onde terão acesso aos serviços. O preço é mais acessível, pois eles têm facilidade com transporte. Há, ainda, os que buscam morar bem perto da escola”, comenta. Para Juliano Antunes, CEO e cofundador da Uliving, com o passar dos anos a demanda em residenciais voltados para esse nicho teve um grande aumento devido aos programas sociais do governo. “O mercado estudantil está em constante crescimento, formado por jovens que saem de sua cidade natal para cursar uma faculdade”, avalia.

O CEO da Uliving conta que, ainda assim, são poucas as empresas especializadas em moradias estudantis e há um aumento significativo na procura por habitações específicas para eles. “Identificamos que o mercado de residências estudantis no país tinha um alto potencial, totalmente inexplorado de forma profissional. Por meio de um extenso benchmarking internacional, reunindo as melhores práticas ao redor do mundo, criamos um modelo próprio de negócio. É um mercado que ainda está em desenvolvimento no Brasil. Fomos os primeiros a apostar nesse mercado no país há sete anos. Atualmente, temos seis unidades em São Paulo, Sorocaba, Ribeirão Preto e Vespasiano.”

Além da localização, o fator segurança é muito importante para a escolha do imóvel. Nessa transição ao sair da casa dos pais, o estudante, ainda com seu intelecto em formação, enfrenta inúmeras dificuldades ao se deparar com problemas do dia a dia. “O objetivo é oferecer todo o suporte aos jovens nessa fase importante de transição, proporcionando uma moradia com segurança, praticidade e conforto. A Uliving também promove o senso de comunidade entre os estudantes, por meio dos espaços comunitários desenvolvidos especialmente para suas necessidades, para que eles se concentrem nos estudos e se sintam em casa, mesmo longe dela”, afirma Juliano Antunes.

Comodidade

A segurança foi o motivo que fez a estudante do segundo semestre de medicina da Faculdade de Saúde e Ecologia Humana (Faseh) Maria Luísa Ciricaco Lima procurar uma moradia estudantil. “O local também oferece comodidade, visto que a residência se assemelha muito ao nosso ambiente familiar. Também podemos contar com o apoio dos amigos que moram ali e os funcionários nos amparam e nos fazem sentir em casa.”

A estudante conta que, no início, tudo era muito diferente e confuso, mas seu sonho sempre foi mais alto que o desconhecido. “Estava com medo da nova rotina e dos desafios. Mas, ao mesmo tempo, sabia que era o meu sonho e ficava animada por ter a oportunidade de conseguir realizá-lo, algo que poucas pessoas têm chance. Hoje, indo para o segundo período, tenho certeza de que estou no caminho certo para ser feliz e para poder levar felicidade a muitas famílias.”

Maria Luísa afirma que uma das vantagens desse tipo de moradia é você nunca estar sozinho. Sempre que precisar, ter alguém para ajudar, levar a um médico e lhe dar apoio. “E por morar a 12 horas de ônibus da minha cidade, meus pais não chegariam a tempo de me socorrer, então, particularmente, já passei por situações em que essa família que me adotou cuidou de mim e me deu o devido apoio. Além disso, é muito bom morar pertinho da faculdade e ter um ambiente com tudo que a gente precisa, desde internet a máquina de secar”, destaca a jovem.

Para ela, a única desvantagem de sua moradia é a distância do Centro da cidade, que se resolve com uma carona ou dividindo um aplicativo.

PRÁTICA COMUM

Essas moradias alugadas por estudantes visam dividir com outras pessoas para economizar nas despesas diárias e aluguel. E é uma prática muito comum em prédios e condomínios. Porém, de acordo com Carlos Adolfo, conselheiro jurídico da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), há um preconceito na locação de imóveis para repúblicas de estudantes.

Uliving/Divulgação
Alguns prédios, inclusive, proíbem essa prática. “Isso decorre de um entendimento equivocado de parte dos síndicos, que são eleitos para cumprir as decisões das assembleias de condôminos e “tomam posse para dono do prédio”. Realmente, é comum convenções de condomínio que tenham em suas disposições a vedação de instalação de repúblicas. Isso é totalmente discutível, o que é, de certa forma, uma restrição ao constitucional direito de propriedade. Muitas vezes, as cláusulas que constam nas convenções são consideradas nulas pelo Poder Judiciário”, comenta.

O conselheiro jurídico conta que os condôminos ou o síndico não podem fazer nada diretamente (como, por exemplo, proibir a entrada de moradores). “Podem, se for o caso, submeter o assunto à assembleia de condôminos, que analisará o caso e decidirá se ele será objeto de ação judicial. Caso os moradores da república tenham comportamento inadequado, a assembleia poderá aplicar, da mesma forma que pode aplicar a qualquer outro condômino, proprietário ou locatário, multa por atitude antissocial”, avalia.

Os interessados na locação não podem fazer nada em relação ao condomínio ou aos condôminos, caso não tenham alugado o imóvel ainda, a não ser, em situações específicas, mover uma ação por danos morais. “Já o proprietário poderá ajuizar uma ação por perdas e danos contra o condomínio caso tenha a sua possibilidade de locar o imóvel frustrada por atitude de condôminos ou do síndico.”

Uliving/Divulgação

Carlos Adolfo ressalta que toda e qualquer atitude a ser tomada contra o locatário, em que se alegue a existência de república, deverá ser via judicial, não podendo ser feita “justiça pelas próprias mãos”. “Na via judicial, o condomínio deverá provar que existe uma república, o que não é uma prova fácil, tendo em vista a dificuldade de conceituação dessa modalidade de moradia”, comenta.

TENDÊNCIA

Primos, amigos e colegas, muitas vezes provenientes da mesma cidade, buscam dividir as despesas em um formato que conhecemos como república, mais comuns no Centro e bem perto das escolas. “Observa-se, ainda, uma tendência ao “coliving”, o compartilhamento de moradias. Podemos compará-lo às repúblicas, mas esse modelo traz um conceito forte de comunidade em harmonia com a individualidade, compartilhamento de espaços comuns, troca de experiências, sustentabilidade (economia de recursos naturais) e divisão de tarefas”, finaliza a vice-presidente.
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