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Mercado imobiliário

Vida de marinheiro

'Viajar é mudar a roupa da alma' lembrando Mário Quintana, ao arrumar as malas, trouxe poucas roupas e deixei espaço de sobra para caber o que eu quero ser na volta

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postado em 26/09/2016 20:13 / atualizado em 26/09/2016 20:14 Adriana Magalhães /Colunista Lugar Certo
Inglaterra, setembro/2016. Estou aqui com objetivo de passar três meses estudando inglês, conhecendo novos lugares, pessoas, culturas e experiências… “Viajar é mudar a roupa da alma”… lembrando Mário Quintana, ao arrumar as malas, trouxe poucas roupas e deixei espaço de sobra para caber o que eu quero ser na volta.

Fiz um pacto com o desconhecido e abri meu coração. Sozinha, casa nova, amigos novos, trabalhando de longe, estudando um pouco e observando muito… por um período deixando tudo e todos que amo. Não me questionei quanto de coragem e de maturidade seria necessário para encarar o desafio de mudar de país, mesmo que por pequeno período. Ou quando estaria preparada para a mudança. Fiz porque senti que podia e porque queria.

Quando mudamos não temos certezas. Trata-se do imponderável… lidar com a impossibilidade de prever. Tomar decisões em cima de incertezas é extremamente complexo, mas há alguns anos mantenho em minha mesa de trabalho uma plaquinha de prata que ganhei com um ditado romano: “Quando não houver vento, reme”. Acredito muito no poder do mantra: fixamos o que vemos ou falamos diversas vezes, daí, consciente ou inconscientemente, percebi que agora era um momento importante para remar… aprender e fazer coisas novas, em outros mares.

Tenho dois motivos para contar aqui minha experiência pessoal já que tenho refletido sobre este meu momento também no contexto profissional. O primeiro porque quem me acompanha sabe que tenho escrito muito sobre a falta de coragem e entusiasmo para empreender, para inovar. Clientes e profissionais esperam por um mar liso, que o vento volte a soprar. Deixam de realizar, ficam aguardando as coisas acontecerem, se envolvem na opinião midiática e chafurdam na lama das notícias ruins, na “crise”. Isso leva à paralisação.

Lembro-me de uma história infantil que lia para meu filho quando pequeno: uma série de sapinhos se reuniram para uma competição com o objetivo de escalar um monte altíssimo. Todos achavam impossível o desafio e a “torcida” gritava e, chocada, dizia a cada conquista dos sapos atletas: isso é muito difícil, aquilo é intransponível… e os sapinhos iam desistindo… mas um chegou ao cume. Descobriram ao final que o campeão era surdo! Ou seja, por que o mercado imobiliário retraiu? Porque a macroeconomia está em crise, porque os juros estão altos e porque há maior dificuldade de crédito. Sim. Mas especialmente porque todos paralisaram, por medo.

Proprietários estão com medo de vender, quem quer ou precisa comprar está com medo de fechar o negócio. Adiam a decisão esperando por tempos melhores… mas em tempos melhores podem não fazer tão bons negócios ou não conseguirão realizar seus sonhos atuais. Afinal, na maioria das vezes, não são questões patrimoniais nem comerciais ou financeiras que estão em jogo na hora de comprar, vender ou trocar de imóvel e sim questões pessoais ou familiares, são sonhos…

O segundo porque tenho experimentado a dificuldade na comunicação e isso tem me feito pensar muito. Interessante porque não se trata do problema do idioma porque mais do nunca tenho a certeza de que todos sorrimos na mesma língua e um gesto de atenção é reconhecido em qualquer lugar do planeta, mas sobre a comunicação interpessoal, no relacionamento entre as pessoas. A questão é extremamente delicada e abrangente. A palavra falada, a não falada e especialmente a escrita são desafiadoras porque ao falar, ao calar ou escrever, nos expomos mais à leitura e interpretação do outro do que ao que verdadeiramente queremos comunicar. Sermos claros e objetivos é exercício para uma vida!

Nas relações sociais e familiares é essencial porque costumamos não nos preocupar tanto imaginando que o outro nos conhece suficientemente bem para fazer interpretações corretas, mas isso é um terrível equívoco já que uma falha aí atinge diretamente a alma e/ou o coração. Já nos relacionamentos profissionais, a questão costuma ser melhor observada e deve realmente receber uma atenção superespecial porque a realização de um negócio pode ocorrer ou deixar de ocorrer devido a um “pequeno” erro na comunicação. Portanto, devemos ouvir o cliente com empatia, entrando no universo pessoal dele, saindo do nosso. Isso é fundamental para que sejamos mais assertivos na condução dos negócios, interpretando suas razões e seus desejos.

Portanto, penso que unir coragem, determinação, bons relacionamentos e comunicação eficaz fará de cada um de nós melhores navegadores, seja remando ou velejando, pois mesmo com bons ventos, precisamos conduzir o barco para onde queremos ir, senão ele nos leva pra qualquer lugar...

Tags: Estado de Minas Lugar Certo Adriana Magalhães vida de marinheiro

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