Embora o termo desenho universal tenha sido criado pelo arquiteto americano Ron Mace, portador de necessidades especiais, em 1987, foi na década de 1990 que ele reuniu um grupo de profissionais que transformaram esse ideal nos conceitos mundialmente adotados em programas de acessibilidade total, que compreendem os sete princípios do desenho universal.
Esses conceitos estão aplicados em um projeto piloto desenvolvido na cidade de São Paulo. O curioso é a mudança até mesmo no marketing do lançamento, que substitui a tradicional família de jovens casais e seus filhos pequenos pelos avós de seus netinhos.
A imagem da campanha publicitária traduz o primeiro dos sete princípios, definido como igualitário ou do uso de equiparável, cujos espaços, objetos e produtos são concebidos para o uso por pessoas com capacidades diferentes, tornando os ambientes iguais, como a instalação de portas mais largas, banheiros adaptados ou pisos opacos no hall, medidas que beneficiam todas as faixas etárias.
Na mesma linha, temos o segundo princípio, o adaptável, ou de uso flexível, cujo designer dos produtos é voltado para o atendimento às diversas habilidades e preferências, adaptável a qualquer uso, começando pela concepção do empreendimento, compreendendo uma "grande caixa", com fechamento nas bordas e o miolo podendo receber diferentes escolhas, e englobando a instalação de rampas para minimizar o desnível e pisos antiderrapantes nas áreas molháveis.
O óbvio, ou de uso simples e intuitivo é o terceiro princípio, que requer fácil entendimento para que qualquer usuário, independentemente de sua experiência, possa compreender, não exigindo habilidade de linguagem ou nível de concentração. Isso ocorre nos detalhes, como a adequada escolha dos modelos de torneiras e maçanetas, nestas últimas sendo recomendada a do tipo alavanca.
O quarto princípio é o conhecido, ou da informação de fácil percepção, que prega a necessidade de as informações serem transmitidas de forma a atender à demanda dos usuários, sejam eles estrangeiros, pessoas com dificuldade de visão ou de audição, estando diretamente ligado ao designer e à comunicação visual. O exemplo mais comum é a aplicação do piso tátil, ou seja, aquele que sinaliza as rotas e obstáculos para pessoas portadoras de deficiência visual, que já começamos a encontrar com maior frequência, especialmente em empreendimentos comerciais.
Com o intuito de minimizar os riscos e possíveis consequências decorrentes de ações acidentais ou não intencionais, surge o quinto princípio, definido como seguro, ou tolerante ao erro, que tem estreita relação com o imprevisível, onde surge a figura dos pisos antiderrapantes, a correta inclinação das rampas ou a simples colocação de um corrimão.
O princípio do baixo esforço, ou simplesmente sem esforço, surge como sexto item, que prevê o uso eficiente, com conforto e o mínimo de fadiga, que facilitam a vida dos usuários, podem ser exemplificado pela utilização de plataformas, usadas para rever obstáculos onde a rampa não funciona.
O último dos princípios é o da divisão e espaço para aproximação e uso, ou abrangente, cuja ideia é o estabelecimento de dimensões e espaços ao alcance de todos, independentemente do corpo, como obesos e anões, ou com mobilidade reduzida (cadeira de rodas e carrinhos de bebê), onde devem ser consideradas inclusive áreas de manobra.
Assim como no exemplo citado no início, esperamos que esses princípios, de natureza arquitetônica, se transformem em instrumento de marketing, uma vez que a universabilidade do uso é um conceito que atende a todos, independentemente de necessidades especiais.
- Sócio da Precisão Consultoria e autor do Guia de negócios imobiliários - Como comprar, vender ou alugar seu imóvel