De volta à austeridade

Salão Internacional do Móvel de Milão mostra que a crise econômica sensibilizou os criadores. Linhas finas, paleta reduzida de cores e uso de materiais ecologicamente corretos estão em alta

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postado em 04/05/2010 15:49 Redação /Correio Braziliense
Edição do ano passado também contou com mais de 300 mil visitantes - Saverio Lombardi/Divulgação Edição do ano passado também contou com mais de 300 mil visitantes
De 14 a 19 de abril, a pequena cidadezinha de Rho, nos arredores de Milão, parou para receber mais de 300 mil visitantes para o 49º Salão Internacional do Móvel. A megafeira comportou seis eventos simultâneos, mais de 2.500 expositores, e mais de 10 mil novos produtos que representam o que há de melhor no design mundial. O evento foi marcado pelo retorno da estética minimalista, carregada de superfícies finas, planas e fluidas. A tendência clean tende a ser replicada mundo afora durante os próximos anos - difusão que deve ser ainda mais acelerada devido à simplicidade das formas.

A recente crise do sistema financeiro global parece ter exercido influência na criação das peças em exposição. Destacaram-se projetos com materiais inteligentes, acessíveis ao bolso e ecologicamente corretos. "O design nasceu dessa Europa entre guerras, que tinha de usar o material com racionalidade. É lindo de se olhar e exige um grande entendimento do material", explica o arquiteto Henrique Bezerra. O resultado dessa consciência das limitações ambientais e financeiras são móveis de linhas muito finas e com um grande aproveitamento de espaço e de matéria-prima.

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Aqueles sofás amplos de cores neutras que invadiram as lojas nos últimos anos ainda estão em alta - eles só pedem um toque de cor para dar vida aos cômodos, agora com menos móveis. "Até mesmo quem é conhecido por coleções coloridas e sofisticadas investiu em coleções monocromáticas. O máximo de ousadia permitido é variar entre bege, cinza e madeira", avalia a arquiteta Bárbara Paiva. Mas quem prefere um pouco mais de vida no ambiente pode apostar na tendência de choques de texturas ou de resgate de peças étnicas, fortemente marcada por tapeçarias inspiradas na África.

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Orgânico sempre presente

Muitos designers apostaram nas linhas fluidas, carregadas de curvas e com um aspecto de continuidade. Os móveis que seguem o visual orgânico fazem uso de materiais de última geração, marcados por superfícies únicas e moldadas à perfeição.

Uma cor aqui, outra ali

O preto e o branco foram unanimidade entre os designers presentes, que buscaram o visual o mais limpo possível. Mas alguns decidiram dar um pouco mais de vida ao ambiente e brincaram com pontos de cor em meio a tons neutros. "Havia muitos ambientes neutros, com detalhes em cores fortes. E, quando reduzimos a quantidade de cor, arriscando só em uma almofada, por exemplo, ela ganha destaque", exemplifica Flávia Lencastre.

Volta ao mundo

Móveis feitos à mão e tapeçarias se tornam a joia do ambiente e ficam ainda mais interessantes se misturados a itens de diferentes culturas. "O artesanal é valorizado porque a tendência é ficar mais escasso, cada ano mais caro. O europeu dá muito valor a algo feito à mão", esclarece a arquiteta Flávia Lencastre.

Spa dentro de casa

Aquele clima requintado e aconchegante dos spas dominou os banheiros do evento, que exibiram ambientes de encher os olhos. Pontos diferentes de iluminação deram ar intimista a esses cômodos, que combinam conforto e tecnologia.

Multitexturas

A mistura foi muito visível no Salão de Móveis de Milão: acrílico, madeira, metal, pele, resina e todo o tipo de material podia ser visto convivendo em harmonia no mesmo ambiente ou até na mesma peça. Esse efeito também pôde ser notado no choque de estampas de tecidos reunidos em um conjunto de almofadas, por exemplo.

Revival do funcionalismo

Menos peças, com mais qualidade. Cada móvel tem uma personalidade própria e ao menos uma função no ambiente. Chamam a atenção o design simples e o ar atemporal.

Nem parece cozinha

As impecáveis cozinhas brancas dão lugar a ambientes de bancadas grandes, com mais cara de móvel. Essas enormes superfícies - que este ano recuperaram o brilho antes perdido para a moda fosca - escondem lava-louças, fogões e outros utensílios de grande porte embutidos, tirando da cozinha aquela a fama de ambiente sobrecarregado.

Assista a um vídeo que mostra um pouco da edição de 2009

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