O colorido fashion

Color blocking sai do universo da moda para levar vida aos ambientes

Decoração de imóveis se inspira em tendência que tomou conta das passarelas em todo o mundo e a leva para dentro das residências, escritórios e salas comerciais

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postado em 14/10/2012 07:00 / atualizado em 11/10/2012 14:10 Joana Gontijo /Lugar Certo
Projeto Varanda Maneira Mineira, espaço de Bárbara Campos, Tatiana Valadares e Paulo Leal na Morar Mais por Menos deste ano, em BH, retrata o estilo nas cores uva e vermelho com alegria, criatividade e bom gosto - Eduardo de Almeida/RA Studio Projeto Varanda Maneira Mineira, espaço de Bárbara Campos, Tatiana Valadares e Paulo Leal na Morar Mais por Menos deste ano, em BH, retrata o estilo nas cores uva e vermelho com alegria, criatividade e bom gosto

Na maioria dos projetos de design e decoração, é possível perceber a conexão com o universo da moda. Todos os anos, o que aparece nas passarelas transpõe o caráter inicial e se traduz nos ambientes, residenciais ou comerciais. Depois do monocromatismo e dos tons neutros, das estampas florais e da mistura entre texturas, padronagens e materiais, uma tendência atual e marcante simboliza com elegância e descontração esta interligação. Quebrando a monotonia dos espaços com o uso de cores expressivas e suas combinações, o color blocking chegou para ficar. A cor pode vir em qualquer coisa, e é aí que está a graça. Almofadas vermelhas, um sofá azul, um vaso amarelo, ou uma parede verde, vale tudo. Especialistas explicam, então, como ter harmonia para que a decoração não destoe do estilo da proposta.


A tendência color blocking trabalha a sintonia entre várias cores expressivas e contrastantes, tornando o ambiente mais vivo e espontâneo, através da quebra de combinações óbvias e monocromáticas, explica o arquiteto Reinaldo Saturnino. “Com bom gosto e criatividade, tomando o devido cuidado com excessos, o color blocking cabe em variados tipos de ambiente, tanto corporativos, quanto residenciais”, ressalta. Se bem dosadas, as cores servem, por exemplo, para quebrar a sobriedade de um escritório, conferir personalidade a uma sala de jantar, dar um toque moderno em banheiros e lavabos ou tornar a área da piscina mais atraente.

Reinaldo Saturnino sugere que, se o ambiente for espaçoso, vale pintar uma das paredes de cor intensa. Já para ambientes com menos espaço, o ideal é apostar apenas nos objetos, por serem mais discretos e fáceis de remanejar, continua. “As cores primárias são o ponto de partida, sempre jogando tonalidades que se complementam. Dependendo da proposta, tudo é possível, usando pontuações que podem vir de um móvel de estilo ou até em um adorno contemporâneo. Também é comum ter um projeto com base neutra, e as cores intensas aparecerem nos acessórios para complementar o espaço. Em qualquer opção, verdes intensos, vermelhos vivos, azuis reais e amarelos profundos vêm sendo escolhidos para dar um toque definitivo na decoração”, acrescenta o arquiteto.

Reinaldo Saturnino levou para a Morar Mais por Menos em BH o ambiente Terraço das Heras, um convite aos momentos de descontração em ambientes corporativos - Eduardo de Almeida/RA Studio Reinaldo Saturnino levou para a Morar Mais por Menos em BH o ambiente Terraço das Heras, um convite aos momentos de descontração em ambientes corporativos
A contraposição entre cores quentes e frias pode resultar em propostas que abrangem todos os estilos de decoração. No ambiente assinado por Reinaldo na mostra Morar Mais por Menos deste ano, em BH, o Terraço das Heras, a tendência do color blocking se destaca. Segundo o profissional, a intenção é ser, em um ambiente corporativo, um convite às pessoas para curtir momentos de descontração. “A ideia é usufruir o espaço para uma pausa no trabalho e desfrutar momentos de descanso. Partiu da necessidade de se transformar o espaço estreito e longo, tornando-o atrativo. Somente o color blocking poderia quebrar a monotonia”, assinala.

Misturando cores vibrantes em uma mesma composição, contrastando tons bem diferentes ou parecidos, na opinião da designer de interiores Bárbara Campos o color blocking é uma grande oportunidade de levar vida aos ambientes e retratar a personalidade de cada um. No piso, na parede, no mobiliário e nos adornos, quando usada em ambientes comerciais a tendência é uma oportunidade de não passar despercebido para os clientes e deixar a marca registada, ressalta a designer. “O color blocking cabe em todos os ambientes, independente da proposta. É uma tendência que veio dar liberdade e demonstrar a identidade do morador, é poder usar as cores que a pessoa realmente gosta. Só não indicaria cores quentes para quartos, de crianças ou adultos, que já são muito agitados. Cores frias, mesmo sendo um tom vibrante como, por exemplo, o azul e o verde, são mais indicadas. Então, nesse caso, dá para usar as cores quentes nos adornos”, diz Bárbara.

O color blocking caracteriza-se predominantemente pelo uso das tonalidades mais alegres, mas, segundo Bárbara Campos, as combinações não precisam ficar apenas entre as cores lisas, valendo também aplicar estampas, principalmente minimalistas e listras. “Esta tendência cai bem sempre. É uma boa hora para repaginar aquele sofá antigo ou uma mesinha de canto com uma cor bem alegre, para virarem novamente o destaque da sala. No revestimento, pode-se brincar com as cores no ladrilho e nas pastilhas sem medo. Em relação a adornos e acessórios, a liberdade é total. Só reforço o bom senso”, afirma.

Na tradução ao pé da letra, color blocking seria algo como “a cor que obstruiu a outra” ou “briga de cores”, como se um tom quisesse chamar mais atenção que o outro, explica a designer Tatiana Valadares. “O bloco de cor veio para ficar. Misturando cores da mesma família, fica mais fácil acertar na combinação. Como exemplo, temos verde com azul, roxo com vermelho, vermelho com laranja. Variações do mesmo tema também funciona, interligando diferentes tons da mesma cor. Agora, se a intenção é arriscar em propostas mais ousadas, a dica é misturar tonalidades opostas da roda de cores”, ensina Tatiana.

RENOVAR

Bárbara Campos, Tatiana Valadares e Paulo Leal, na Varanda Maneira Mineira, na Morar Mais por Menos: cores fortes embelezam o ambiente - Eduardo de Almeida/RA Studio Bárbara Campos, Tatiana Valadares e Paulo Leal, na Varanda Maneira Mineira, na Morar Mais por Menos: cores fortes embelezam o ambiente
Para o paisagista Paulo Leal, o bloco de cores serve para colorir os ambientes e dar-lhes alegria e expressão. O color blocking também pode ser usado nos vasos de plantas e para reutilizar o que iria para o lixo nos jardins, lembra Paulo. “Um pneu pode ser pintado de várias cores para virar vasos de plantas ou compor um jardim vertical bem alegre. As latinhas de leites e outros objetos também podem ser pintados e se transformarem em vasos pequenos para serem colocados em janelas, mesas, aparadores, ou se transformarem em um jardim vertical. São muitas as opções”.

No projeto da Varanda Maneira Mineira, espaço de Bárbara Campos, Tatiana Valadares e do paisagista Paulo Leal na Morar Mais por Menos deste ano, na capital, a proposta é mostrar a hospitalidade do mineiro em sua forma de receber bem, com conforto e aconchego. “O mineiro é muito antenado para as tendências e o color blocking está presente nas cores uva e vermelho, retratando alegria, criatividade e bom gosto”, pontua Bárbara. No jardim vertical projetado por Paulo para a varanda, a mistura entre plantas naturais e artificiais, ideal para quem não tem muito tempo para cuidar delas. As cores estão presentes nos cachepôs amarelos, em contraste com o vermelho e o roxo do projeto.

LIBERDADE PARA BRINCAR

Para as designers de interiores Cacilda Menezes e Raquel Lamac, na decoração cores fortes sempre são sinônimo de cautela, mas nem por isso a criatividade deve ser deixada de lado. “Podemos usar o color blocking em qualquer ambiente, sempre com bom senso, pois engana-se quem pensa que o simples fato de usar cores indiscriminadamente provoca o efeito que a tendência propõe”. Uma boa dica para quem não tem muito costume em usar as cores é pegar uma caixa de lápis de cor e ir montando as combinações, orientam as designers.

Na Brinquedoteca, ambiente de Cacilda Menezes e Raquel Lamac na Morar Mais por Menos, a ideia foi usar o color blocking sem esquecer que, em um ambiente infantil, é preciso explorar a percepção visual dos pequenos - Eduardo de Almeida/RA Studio Na Brinquedoteca, ambiente de Cacilda Menezes e Raquel Lamac na Morar Mais por Menos, a ideia foi usar o color blocking sem esquecer que, em um ambiente infantil, é preciso explorar a percepção visual dos pequenos
“Podemos inserir esta tendência em diversos estilos, do clássico ao contemporâneo, nunca esquecendo de observar a harmonia do ambiente. Cuidado para não deixar a casa como se fosse um arco-íris”. Na Brinquedoteca, ambiente de Cacilda e Raquel na Morar Mais, a ideia foi utilizar o color blocking, tendência forte da moda e decoração, sem esquecer que, em um ambiente infantil, é preciso explorar os sentidos, explicam. “Achamos que o color blocking se insere exatamente no sentido da percepção visual, despertando na criança o contato, mesmo que sutil, com formas diversas de expressões artísticas, além de despertar as noções espaciais e o lúdico. Pensamos também em ressaltar que ele veio para ficar, fundindo de uma vez por todas o mundo da moda com o home décor. E, para quem tem receios em investir na tendência, saiba que ela, diferente da moda, deve ficar presente na decoração por até dez anos”, pontuam as profissionais.

MAIS LEVE

Segundo a designer de interiores Ana Paula Gropen, o color blocking deve ser aplicado com muito critério, já que confere uma identidade especial ao ambiente, tornando-o mais descontraído e arrojado. “Quando aplicada corretamente, os resultados desta tendência podem acrescentar inclusive uma sensação energética à concepção. Embora o color blocking esteja sendo mais utilizado atualmente nas versões de cores vibrantes, há diversas opções, entre elas variações de uma mesma cor e distintas combinações de cores suaves, as denominadas candy colors”, acrescenta Ana Paula. Como explica, quando
Cacilda Menezes e Raquel Lamac, na Briquedoteca, na Morar Mais: azul, amarelo, laranja e verde se destacam - Arquivo Pessoal Cacilda Menezes e Raquel Lamac, na Briquedoteca, na Morar Mais: azul, amarelo, laranja e verde se destacam
empregado com parcimônia, o color blocking pode ser utilizado de diversas formas na decoração. Bons resultados podem ser alcançados em revestimentos de parede, mobiliários mais modernos e contemporâneos, tapetes, adornos, almofadas, cobre-leitos e até mesmo na iluminação. “O bom senso aliado ao estilo de quem irá usufruir do ambiente são fatores fundamentais para perseguir a harmonia, que acaba por ocorrer na composição e na forma de dispor as peças coloridas”, diz.

De acordo com as arquitetas Cristina Barbosa e Taciana Ribeiro, sócias da Arquitrix Projetos e Design , em qualquer tipo de ambiente, desde que seja pensado como um todo, pode ser inserida esta tendência, que quebra a sobriedade do espaço, além de lhe conferir personalidade, tornando-o mais interessante. Para elas, não há muita regra para usar as cores, mas eles devem estar harmonizadas para que a proposta não fique enjoativa, e, ao contrário do que muitos pensam, tons opostos jogados juntos podem dar ótimos resultados, ressaltam. As arquitetas dão exemplos de como o color blocking pode ser especificado no projeto de forma menos óbvia. “Móveis de estilo ganham uma aparência inusitada quando laqueados com cores fortes. Uma mesa posta com pratos coloridos, taças com textura e cor, guardanapos e flores multicoloridas, dão um toque sofisticado, alegre e moderno ao conceito. As paredes podem tanto serem pintadas com cores fortes, como serem revestidas com papel de parede em tons coloridos. Papéis usados com estampas diferentes, também num mesmo espaço, sugerem um ambiente descolado, bem ao estilo 'não sigo tendências'”.

INSPIRAÇÃO HOLANDESA

O color blocking teve sua origem com o pintor holandês Piet Mondrian que, direcionado pelo movimento cubista, exerceu profunda influência na pintura, arquitetura e desenho gráfico no século 20, por intermédio de sua abstração geométrica e as cores sem mistura, explica a designer Ana Paula Gropen. Na moda, esta tendência surgiu na Europa, na década de 1960, quando o estilista Yves Saint Laurent usou como inspiração para as suas criações as obras do pintor, e foi reacendida após a crise econômica global de 2008, como uma forma de realçar o otimismo, pregando um estilo de vida mais leve, deixando de lado os tons mais sóbrios impostos até então, continua Ana Paula. A partir de 2010, quando passou a aparecer com mais frequência nas passarelas internacionais, o mercado brasileiro se entusiasmou por esta tendência que, finalmente, chegou à decoração.

Tags: decoração,

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