Para o setor da construção civil, o 1º de Maio ocorre em um cenário de mão-de-obra escassa, diferente do de muitos outros setores que não foram fomentados com redução de impostos, planos de construção de infra-estrutura e medidas que incentivaram a criação de um verdadeiro canteiro de obras no país.
A Copa do Mundo de 2014, que terá jogos disputados em 12 cidades brasileiras, abre ainda a perspectiva de criação de cerca de 30 mil postos de trabalho. Pessoas que vão atuar na ampliação dos aeroportos, shopping centers, hotéis e reformas de estádios.
Nesse contexto, o objetivo da categoria é principalmente aumento de salários, redução da jornada e qualificação. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP), Antônio de Sousa Ramalho, muitas empresas iniciaram os projetos de qualificação de seus profissionais de olho na Copa.
Leia mais: Financiamentos habitacionais da Caixa têm crescimento recorde no primeiro trimestreUm país em construção"As empresas sabem que o governo ou o Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial] não dará conta de formar todo mundo e já estão bancando os cursos para seus profissionais", destacou Ramalho.
No início da semana, os trabalhadores da construção civil foram às ruas em São Paulo em manifestação para pedir aumento de 5,5% no salário e redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. Sabendo das boas perspectivas para o setor, os trabalhadores também incluíram na lista de reivindicações a participação no lucro das construtoras.
Ramalho informou que, em julho do ano passado, antes da crise financeira mundial repercutir no Brasil, já havia em São Paulo um déficit de 230 mil profissionais. As empresas eram obrigadas a importar mão-de-obra do exterior, principalmente para as áreas que exigem maior qualificação técnica, observou.
"A tendência é de que mais frentes de trabalho sejam abertas. Esperamos que nesse ano sejam abertas mais 100 mil novas e no próximo ano mais 100 mil com as obras do PAC [Plano de Aceleração do Crescimento] e o projeto do governo de
construir 1 milhão de casas", destacou Ramalho.
"Os trabalhadores do setor também propõem uma mudança na Constituição Federal para determinar que 2% da arrecadação da União, 1% da dos estados e 1% da dos municípios sejam destinados a programas de construção de casas. Acreditamos que, com isso, em 18 anos, nosso país tenha resolvido o problema do déficit habitacional e, com isso, gerado empregos", afirmou.
De acordo com Ramalho, a festa do 1º de Maio para os trabalhadores da construção civil servirá para conseguir apoio para a proposta. Já temos assinaturas de 200 deputados e precisamos de mais para que a proposta seja apresentada no Congresso.