José Célio Pereira, bombeiro hidráulico - Fotos: Gladyston Rodrigues/Ao Cubo Filmes" title="Fotos: Gladyston Rodrigues/Ao Cubo Filmes" />
"O sistema difere da simples restauração, que consiste na restituição do imóvel a sua condição original, ou da reforma" - José Célio Pereira, bombeiro hidráulico
Júnia Leticia
Quem nunca teve problemas com vazamento de água em casa? Em tempos de racionalização, além do prejuízo ao bolso, o transtorno tem reflexos no meio ambiente. Segundo dados da consultoria paulista H2C, o consumo médio de água por pessoa em grandes centros urbanos do Brasil varia entre 250 e 400 litros por dia. Esse volume é mais que o dobro do considerado ideal pela Organização das Nações Unidas (ONU), fixado em 110 litros diários. Um dos motivos que pode causar o desperdício de água são instalações hidráulicas antigas. Para sanar o problema, uma alternativa bastante usada atualmente é o retrofit.
Segundo o engenheiro e diretor da Efatá Projetos e Soluções Integradas, Rony Rossi Horta, o termo pode ser sinônimo de reforma. "No sentido de renovação, atualização, usando técnicas modernas de engenharia. Talvez a definição correta seja revitalizar o prédio para prolongar sua vida útil", conta. O retrofit surgiu na Europa, em prédios antigos que precisavam ser recuperados, muitas vezes com a mudança da função do imóvel. "Hoje, no mundo inteiro dá-se preferência para conservar, pois é ecologicamente correto e dentro dos princípios da sustentabilidade", diz o engenheiro.
Rony Rossi explica que o sistema de revitalização dos encanamentos tem várias maneiras de funcionar e diferentes situações em que pode ser empregado. "Prédios residenciais que são transformados em comerciais e vice-versa, edifícios com instalações prediais obsoletas que precisam ser atualizados, entre outros", exemplifica.
O bombeiro hidráulico José Célio Pereira destaca, ainda, a importância do retrofit para a preservação do patrimônio histórico, ao mesmo tempo em que permite a utilização adequada do imóvel. "O sistema difere da simples restauração, que consiste na restituição do imóvel a sua condição original, ou da reforma, que visa à introdução de melhorias, sem compromisso com suas características anteriores", fala.
De acordo com o engenheiro Rony Rossi, o retrofit deve ser usado quando é mais interessante, ou mesmo necessário, recuperar um prédio, em vez de derrubá-lo e construir um novo. "O sistema de revitalização pode ser utilizado de forma global, que seria um retrofit em que o prédio fica no osso, com se diz na linguagem da construção, e passa por uma reforma geral", esclarece. Ele cita como exemplo o que está ocorrendo no edifício conhecido como balança mais não cai, que fica na esquina da Avenida Amazonas com Rua Tupis, no Centro de Belo Horizonte. "O prédio era comercial e vai se tornar residencial", acrescenta.
O retrofit também pode ser realizado de forma parcial, como é feito nas instalações hidráulicas de prédios com mais de 20 anos. "Nesse tipo de edificação, as tubulações de água foram executadas em ferro galvanizado. Muitas vezes esses tubos estão deteriorados, com a cor da água já alterada, manchando as roupas que são lavadas, e com vazamentos que aparecem constantemente", fala Rony Rossi.
Rozâne Maria Oliveira, síndica - " title="" />
"Não vimos outra solução se não isolar a instalação antiga e substituir por uma nova, em PVC" - Rozâne Maria Oliveira, síndica
VAZÃO
Foi o que aconteceu no Edifício Ibis, no Bairro Serra, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. De acordo com a síndica do prédio, Rozâne Maria Oliveira, o imóvel, que tem 49 anos, tinha instalações hidráulicas antigas. "Estávamos tendo problemas com a vazão de água, principalmente nas pias e em vasos sanitários. Além disso, se a torneira ficava fechada por alguns dias, quando aberta, saía um caldo amarelo", conta. Segundo ela, os canos de ferro galvanizado eram antigos e oxidaram com o tempo. "Então não vimos outra solução se não isolar a instalação antiga e substituir por uma nova, em PVC", diz.
Responsável pelo retrofit no Edifício Ibis, entre os problemas detectados pelo bombeiro hidráulico José Célio no prédio estão tubulações de água entupidas e vazamento nas de esgoto. "O maior ganho para os moradores será a economia de água, evitando o desperdício, melhoria na vazão de torneiras e chuveiros, conforto e melhoria da estética do prédio", pontua.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação