Oferta de apartamentos de menor porte sofre queda sistemática, principalmente por causa da legislação municipal, que restringe aproveitamento do terreno na hora da construção
Bráulio Franco Garcia, diretor da área imobiliária do Sinduscon, diz que, para valer a pena, investimento em imóveis menores precisa ser em área grande
A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) realiza mensalmente pesquisa abrangendo 141 construtoras e incorporadoras no mercado de construção e comercialização de imóveis novos e 56 imobiliárias no mercado de aluguéis. A última pesquisa divulgada, com dados coletados em setembro, confirmou uma tendência que vem sendo observada nos últimos dois anos: queda na oferta de imóveis de um e dois quartos.
Em 24 meses, a oferta de apartamentos de um quarto apresentou queda constante. Em julho de 2007, a pesquisa apontou a disponibilidade de 154 unidades em Belo Horizonte. O número decresceu até chegar a 35 em julho e se mantém nesse patamar desde então. A situação dos apartamentos de dois quartos é parecida. Embora tenha apresentado alguns momentos de crescimento no número de unidades à venda, computa a menor oferta dos últimos dois anos. Há dois anos, eram 586 opções, que chegaram a 645 em outubro de 2008. Mas hoje, conta com apenas 142 apartamentos.
A explicação pode estar na legislação municipal, segundo o diretor da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon -MG), Bráulio Franco Garcia. "A lei de uso e ocupação do solo de Belo Horizonte não estimula a construção de imóveis com essas caraterísticas. Se construirmos apartamentos com mais de 140 metros quadrados, podemos ter um aproveitamento de até duas vezes o tamanho do terreno. Para apartamentos menores, o aproveitamento cai para 1,5 ou até 1,2 vezes a área do terreno", diz.
Na visão dele, para valer o investimento é preciso ter uma área grande. "Com essa restrição do aproveitamento do terreno, precisamos compensar e fazer entre cinco e seis torres, algo em torno de 200 apartamentos. Assim, a fração ideal para a taxa de condomínio ficaria num patamar aceitável. E espaços com boas dimensões e em áreas residenciais praticamente não existem mais em Belo Horizonte", aponta.
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