Circulação de portadores de deficiência, idosos e pessoas com dificuldade de locomoção é facilitada com a implantação de barras de corrimão fixas e rampas
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a população de idosos no Brasil vem aumentando. Em 2008, havia mais de 21 milhões de pessoas acima dos 60 anos, cerca 2 milhões a mais do que em 2007. De acordo com a pesquisa Retrato da deficiência no Brasil, desenvolvida pela Fundação Getúlio Vargas, o número de portadores de deficiência corresponde a, aproximadamente, 25 milhões de pessoas. Por isso, pensar em acessibilidade na construção civil é uma necessidade.
Segundo a coordenadora do curso de design de interiores da Faculdade de Engenharia e Arquitetura (FEA) da Universidade Fumec, Maria Fernanda Ferreira Loureiro, "acessibilidade é a característica do urbanismo, das edificações, do transporte e dos sistemas e meios de comunicação sensorial, que permite seu uso por qualquer pessoa, independentemente de sua condição física, psíquica ou sensorial". Conforme a professora, quando se fala em adequar ambientes deve-se procurar atender todas as pessoas, respeitando suas características individuais, em busca de suprimir a discriminação e promover a integração.
Para atender essa demanda, surgiu o conceito de design universal, que tem como princípios a acessibilidade, a adaptabilidade, a estética, o conforto e a segurança, como conta Maria Fernanda Loureiro. "O design universal encoraja uma vida independente e tem como características o reconhecimento de que deficiências não se tornam incapacidades, fazer com que o ambiente atenda mais as necessidades comportamentais e físicas e reiterar a satisfação no desempenho das atividades, independentemente do cotidiano", explica.
Mas como atender expectativas e necessidades de pessoas com deficiência, idosos e com dificuldade motora, tanto em casas quanto em apartamentos, que, além de suas limitações, têm características de personalidade diferentes? Segundo Maria Fernanda Ferreira Loureiro, o primeiro passo é fazer uma avaliação do perfil do morador. "É preciso verificar e entender qual é a demanda específica daquela pessoa, o que faz com que ela seja limitada. A partir daí, é pensada a solução".
Esse trabalho, feito seguindo uma metodologia que consiste, entre outros itens, na filmagem e fotografia dos ambientes a serem adaptados, além de entrevistas com os moradores da casa, visa atender não só uma necessidade atual. "Às vezes, não se tem uma demanda naquele momento, mas ela pode ser criada. Um casal com 45 anos, por exemplo, tem de pensar que daqui a 20 anos a saúde não será a mesma", lembra a designer de interiores.
SOLUÇÕES
O arquiteto Mozart Vidigal destaca a importância da avaliação antes de adaptar o projeto
Para tornar a vida dessas pessoas mais fácil, as opções são várias, como conta o arquiteto Mozart Vidigal. "Depois da avaliação do espaço a ser adaptado, observação do usuário e do ambiente e a elaboração de um prognóstico baseado em evidências, podem-se adaptar vãos de portas, largura de circulações, escadas, banheiro, cozinha, quartos, entre outros".
Os designers de interiores da Lapertosa & Figueiredo Arquitetura de Interiores, Dante Lapertosa e João Alberto Figueiredo, ressaltam que, para a escolha mais adequada, tudo se resume no planejamento da residência como um todo. "Barras de apoio, caminhamento livre, pisos apropriados sem desnível e antiderrapantes nos locais molhados são alguns itens que merecem atenção, visando à criação de espaços confortáveis e seguros para pessoas com dificuldade motora ou com alguma deficiência e idosos", enumera Dante Lapertosa.
João Alberto Figueiredo completa dizendo que, no caso de cadeira de rodas, é preciso ficar atento à largura das portas, corredores e áreas de circulação, além de espaço suficiente para manobras do cadeirante. "Mas antes é necessário ver o que é viável modificar no ambiente existente para atender a NBR 9050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que contempla a acessibilidade", conta.
A redundância de informação também é apontada como uma característica a favor da inclusão. Em elevadores, por exemplo, o uso da linguagem braile no painel, além de iluminação e o uso de uma gravação que indicam o andar, são ótimos recursos, de acordo com Maria Fernanda Loureiro.
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