Mercado da construção sustentável é promissor

Independentemente de modismo, o mercado da construção sustentável é promissor, além de causar impactos menos danosos ao ambiente

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postado em 19/08/2010 07:52 Elian Guimarães /Estado de Minas
O arquiteto Sebastião Lopes observa que código de obras e lei de uso do solo não levam em conta a questão da sustentabilidade - Beto Novaes / EM / DA Press O arquiteto Sebastião Lopes observa que código de obras e lei de uso do solo não levam em conta a questão da sustentabilidade
A ideia, ao trabalhar com material de baixo impacto, é proporcionar arquitetura viva, também conhecida como bioconstrução ou bioarquitetura. A moradia deve proporcionar saúde e sustentabilidade ambiental para o habitante e para o ambiente.

O mercado é promissor e abre vários caminhos, independentemente de modismos. É bom para a terra e para o ser vivo. Sinaliza para mudança no processo construtivo, conforme analisa o arquiteto e geobiólogo Flávio Duarte. Você observa hoje grandes indústrias certificadas no sistema de gestão ambiental. Há grande preocupação com essa questão, para garantir processos menos danosos. É bom para todos. Vale a pena entrar nesse viés, afirma.

Para o arquiteto e ex-professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Sebastião Lopes, não é verdade que a bioconstrução seja mais cara que a convencional. Na realidade, não temos equipamentos, material e elementos construtivos sustentáveis. A indústria está voltada para os meios convencionais. Legislação, código de obras e lei de uso do solo, por exemplo, não levam em conta a questão da sustentabilidade e a indústria se aproveita da pouca demanda para colocar os preços lá em cima.

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Segundo Flávio, a bioconstrução ou bioarquitetura vai atrás de material in loco, material fornecido pelo próprio terreno ou suas imediações. O construtor aproveita o barro, a tabatinga, pede ao vizinho um esterco de boi e, juntando tudo, acaba saindo barato. Mas na cidade tem jeito? Tem, mas o barato ou caro depende da disponibilidade de tempo do empreendedor e de material. A mão de obra se perdeu e precisa ser treinada. As pessoas sábias nesse setor já estão envelhecidas e não dão muito conta do batente. Ao ver um tijolo convencional, de dois quilos, e um de adobe, de 7 quilos, um garoto aprendiz vai querer fazer o mais leve. A situação de imediatismo compromete a saúde e a preservação ambiental. Hoje, há dificuldade de encontrar adobe e, quase sempre, quando se opta por esse material, é preciso fazer o tijolo.

Insumo

O material tradicional adobe, pau a pique e tinta de caiação ainda está em níveis de aproximação da natureza. Nas áreas rurais, as pessoas tinham isso em mãos. Não havia processamento e o impacto ao meio ambiente e para a pessoa era infinitamente inferior ao que é hoje. Nas técnicas modernas e atuais, basta consultar um catálogo de tintas e escolher a cor, conta o geobiólogo. Segundo ele, o cliente encontra um produto totalmente processado, que precisa de insumo para ser fabricado industrialmente. Quase ninguém utiliza a tabatinga para corar. Usa-se o titânio ou o cobalto para o tom alaranjado. São metais pesados. A diluição da tinta, em vez de água, é feita com solvente, composto volátil orgânico com forte cheiro de verniz, que incomoda e é altamente tóxico.

Flávio garante que o sistema é viável em qualquer frente, inclusive em moradias populares. Prestei consultoria a uma empresa com o primeiro projeto de casas populares com conceito de sustentabilidade. O projeto prevê captação de água da chuva, reutilizada em vaso sanitário com duas válvulas, para líquido e para sólido. Tem um teto vivo que é um pouco térmico e acústico. Mas é uma mudança de comportamento em que o usuário precisa ser treinado para cuidar da manutenção desses novos elementos. Mas é um projeto passível de ser produzido em escala industrial, diz.
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